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terça-feira, 22 de julho de 2025

Em Vila Maiauatá, as agressivas falas por um pastor assembleiano (opinião)

Pastor W. ofendeu a fé cristã católica em Sant'Ana, no dia 19 de julho último, em Vila Maiauatá, zona rural de Igarapé-Miri (PA); o título deste post bem que poderia ser esse. Pois o acontecimento discursivo e sociopolítico foi dos mais graves que tivemos, neste ano de 25. Pastores ligados ao bolsonarismo são, nestes últimos anos, dos sujeitos mais engajados na vida política brasileira; e como são. Eu cito bolsonarismo e política, porque os discursos participam de uma luta e essa luta é, eminentemente, uma luta política (cf. Michel Foucault, em A Arqueologia do Saber) e porque tenho memórias do que foi dito no verão passado.

Isso é da natureza dos discursos e o sujeito pastor da Assembleia de Deus (AD), líder do campo em Vila Maiauatá, tbm é um dos líderes políticos mais destacadas nesse campo, nesse território. As eleições de 2024, de 2022 que o digam. Então, este parêntese que mobiliza os campos político e religioso/evangélico já pode ser, por ora, fechado.

As falas do pastor W. podem ser compreendidas sob diversos semas (sentidos, posicionamentos), mas podemos destacar "intolerância" religiosa, "ofensas", desprezo e "discriminação" social (inclusive ao se referir aos(às) idosos(as) que acompanhavam um ato religioso em Vila Maiauatá, nesse dia 19 de julho. A história das relações religiosas e da vivência da fé cristã no Miri já sacramentou essa data enquanto ponto de irrupção, ou de rompimentos, no que concerne a uma boa relação entre assembleianos e católicos (lembremos da louvável e cristã atitude do pastor evangélico Santana, da Igreja CEIA - Comunidade Evangélica Integrada na Amazônia, ao distribuir águas aos peregrinos de Sant'ana, anos atrás. Tal feito entrou, positivamente, para a história das procissões católicas na cidade de Igarapé-Miri).

A relação entre assembleianos e católicos é, diga-se de passagem, bem tensa e silenciosamente rivalizada, nestas bandas do Pará; e assim deve ser Brasil afora. Isso é bem fácil de entender porque as instituições religiosas tecem, materializam, dão corpo e permitem que se constate, empiricamente, que os discursos participam de uma luta e que essa luta é... Além do mais, e para ajudar nas comparações, os discursos religiosos (discurso evangélico, discurso católico, discurso islâmico etc.) poderiam ser entendidos como discursos constituintes (cf. Dominique Maingueneau; excelente "fonte" sobre analisar discursos constituintes está disponível na Revista do GELNE, encontrável AQUI - periódicos da UFRN), mais "fechados" e que não querem aceitar contestações: "discurso primeiros (ou discursos fonte), discursos que supõem produzir os conteúdos  em  sua 'pureza'[...]".

Se é "tranquilo" compreender essa relação polêmica e, nela, situar o embate político do pastor W. contra os católicos (estes católicos não estavam em embates, pois nada tinham feito contra o campo evangélico que W. lidera), ou seja: se teórica e/ou epistemologicamente é fácil de compreender essas nuances, o mesmo não se dirá das ofensas profundas de W. contra seus "irmãos" católicos e católicas. Os sentidos que apontam para "intolerância" religiosa são, em tese, os mais profundos a se destacar, haja vista que as instituições e seus dirigentes, no Brasil, estão sob os ditamos das leis e da Constituição Federal de 1988; nesse ínterim, a Nota de Repúdio de 21/07 da Paróquia de Sant'Ana condena a "intolerância como forma de evangelização" para se referir aos ataques recebidos. Os sentidos de "ofensas" estão abraçando os discursos pastorais veiculados em vídeo, tudo dentro da lógica de disputas entre discursos no campo político (e religioso); vide a parte que ofende a prática de fé católica no dizer "Nós, que temos a Bíblia" (como se uns conhecessem a "Verdade", que seria a Bíblia evangélica; em verdade, católicos são crentes na mesma Bíblia enquanto livro sagrado [discurso impermeável] do cristianismo.

Os discursos ofensivos também trazem as nuances de desprezo [o pastor enuncia: "eles têm um 'deus'" e se refere a Nossa Senhora Sant'Ana. Assim fazendo, a padroeira estaria diminuída em relação a Deus; ele também diz "vi um monte de católicos"]; seus dizeres conotam, igualmente, uma porção de "discriminação" social ["monte de católicos"], ao insinuar uma "superioridade" de uns em face da "inferioridade" de outrem. É o discurso do Nós contra Eles. O pastor diz: "eles acreditam nela, mas não é a nossa fé". Pois bem, ninguém que é católico tem interesse - ou vai deixar de tomar banho, de escovar os dentes, de dormir de conchinha, de pagar contas, de ir às igrejas etc. só porque outrem têm fé diferente.

Resposta da Paróquia de Sant'Ana

Em Nota de Repúdio, a citada paróquia refere-se ao vídeo do pastor W. Segundo a Paróquia de Sant'Ana, no vídeo do líder e segundo a paróquia, "expõe-se, sem nenhum sem nenhum consentimento, a imagem de adolescentes e jovens do projeto social EMUPAS, o que sabidamente não é permitido pela legislação brasileira". portanto, a paróquia considera gravíssima a postura do pastor. A Paróquia de Sant'Ana afirma que os "santos e santas" são "modelos de vida cristão" e que, na vivência católica, eles(elas) jamais são tidos "como divindades". Entende-se, desse discurso, que a divindade é, logo, Jesus Cristo, que vem a ser a mesma divindade que os "irmãos" evangélicos seguem.

Até a Ordem dos Advogados do Brasil, pela organização de Abaetetuba-PA, se manifestou contrariamente às falas do pastor W. Diz a Nota da OAB:

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará, Subseção de Abaetetuba, por meio da sua Secretaria-Geral Adjunta, vem a público manifestar preocupação institucional e repúdio diante do vídeo amplamente veiculado nas redes sociais em 20 de julho de 2025, no qual um líder religioso, identificado como pastor de uma igreja evangélica da Vila de Maiauatá, em Igarapé-Miri, teceu comentários depreciativos acerca da tradicional festividade em homenagem a Sant’Ana, padroeira local [...].

De modo objetivo, a OAB:

Conclama as autoridades competentes – em especial o Ministério Público do Estado do Pará e a Delegacia de Polícia Civil – a verificarem a eventual caracterização do delito de intolerância religiosa e outras providências cabíveis;

Solidariza-se com a comunidade católica e todos os devotos de Sant’Ana, reafirmando que toda manifestação de fé merece respeito, seja ela católica, evangélica, de matriz africana ou de qualquer outro segmento religioso [...].


Editor deste Blog Poemeiro do Miri, no mesmo dia do Círio de Sant'Ana, usou as redes sociais para destacar que:

A crença católica não pede opinião, nem validação de outrem, pois a crença (cristã ou não) não diz respeito a outrem, não é da conta de ninguém: crer, ter fé é coisa de foro íntimo. Não é "Rex pública"; vida pública tem a ver com o trabalho de governantes, pastores, lideranças, autoridades, dirigentes de todo tipo. Mas a fé de uma pessoa não diz respeito a ninguém (repita-se). Prof Israel Araújo 

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P.S.: Este post não é uma matéria jornalística; trata-se de um artigo de opinião; muito apressadamente escrito, bom que se diga.

#AD

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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Meio-Dia terá "EDELMIRO SOARES em Concerto", dia 25/07 (#952)

Edelmiro Soares, em apresentação artística (arquivo do projeto)

Edelmiro Soares fará espetáculo musical no Projeto Meio-Dia, no dia 25 de julho. A notícia, vinda de sua produção e assessoria artísticas em primeira mão ao Blog Poemeiro do Miri, põe no centro da cena cultural da terra do Açaí um artista cênico, também Igarapemiriense e de 66 anos, sob a dinâmica de espetáculo de livre acesso ao público que busca o "Meio-Dia". Segundo a produção, trata-se de uma apresentação em formato de Concerto Camerístico.

O ato "Edelmiro em Concerto" volta-se à comemoração dos "180 Anos da Fundação de Igarapé-Miri, os 40 Anos da Revitalização da Casa da Cultura de Igarapé-Miri", segundo a proposta. Igualmente, objetiva-se "manter acesa a memória devida à produção composicional do músico, compositor e professor igarapemiriense RAYMUNDO ARAÚJO PINHEIRO e divulgar ao público de Igarapé-Miri uma das vertentes de seu fazer artístico, o artista cênico EDELMIRO SOARES", conclui-se; na inédita apresentação em solo miriense, Soares interpreta obras originais dos Compositores Raymundo Araújo Pinheiro e Tynnoko Costa.

O artista Edelmiro Soares, em momento de apresentação (arquivo do projeto)

Em tempo.

O Release sintetiza que o espetáculo vem à ribalta trazendo EDELMIRO SOARES, Voz (Canto e Declamação) e TYNNOKO COSTA, Piano e Direção Musical. A produção artística é de MILENE GUEDES, com assistência de produção artística de Richard Nazareno Matos. O Dr. PAULO SÉRGIO DE ALMEIDA CORRÊA assina a produção executiva. É a primeira produção artística do Coletivo Cultural Edelmiro Soares que acaba der ser habilitado e premiado pelo Edital PNAB/SECULT-IGARAPÉ-MIRI, a ser realizada em Igarapé-Miri.

Este projeto se desenvolve, inicialmente, apresentando ao público, em três récitas, o concerto formado por obras músico-literárias compostas em gêneros variados com conteúdo religioso e secular mostrando um leque abrangente dos diversos estilos que caracterizam o fazer musical erudito brasileiro, desde o eurocentrismo colonizador até as modernas influências estéticas universais passando pela harmônica colaboração interativa indígeno-africana que enfatiza e corrobora para a riqueza sonora de nossa música e desemboca na mais variada e rica manifestação musical do Mundo, a Música Popular Brasileira.

O repertório selecionado para este Concerto tem seu foco principal na Obra de Raymundo Araújo Pinheiro em sua estreita relação com os ofícios religiosos tradicionais à cultura de Igarapé-Miri à época em que o compositor viveu na cidade e/ou se relacionou com esta quando já desenvolvia sua profissão nas Escolas de Música oficiais na Capital paraense; são Missas, Ladaínhas e Hinos, incluindo o Hino Oficial de Igarapé-Miri, pois Raymundo foi fiel devoto de Maria Santíssima e da Senhora Sant’Anna; também da lavra de Raymundo Pinheiro há canções e peças instrumentais dedicadas a pessoas de sua relação pessoal e social. Completando o eclético conteúdo do repertório deste espetáculo, EDELMIRO SOARES traz obras de um dos mais produtivos compositores e arranjadores do Pará, na atualidade, Antônio Carlos Vieira Costa (Tynnoko Costa); são canções vocais e instrumentais de cunho religioso e secular com profundo esmero melódico, harmônico e literário; Tynnoko Costa tem o alicerce de seu trabalho composicional fincado nas raízes da cultura popular paraense e brasileira[...].

Data e Local. A apresentação de Edelmiro Soares no coração do Projeto Meio-Dia acontece no dia 25/07 (sexta), no turno da tarde. A Praça Sarges Barges, no Centro, é extensão do palco artístico.


#cultura

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quarta-feira, 9 de julho de 2025

O cemitério público 2 nas barbas do Governo Pina 4 (#951)

Roberto Pina (PT) precisa construir novo cemitério na cidade de Igarapé-Miri (PA). O caos porque passa o Cemitério Bom Jesus (na Rua Pe. Vitório, centro) é caso de justiça, é uma humilhação à população e é uma calamidade pública; é um horror para pessoas que precisam sepultar seus entes e, com especial destaque, é o "fim do mundo" no Dia de Finados. Por sorte da população menos assistida economicamente, e muito desassistida pelas autoridades da vereança municipal, a Promotoria de Justiça do Ministério Público do Estado do Pará (PJ-MPPA) está atenta e cobrando solução; está, digamos assim, emparedando o governo Roberto Pina e Marcelo Corrêa; assim, podemos até insinuar que tais governantes estão em espécie de corda barba, nessa tema. Por quê?

Porque um cemitério não é desejo de ninguém, porque não há espaços para construir outro "Bom Jesus" no Centro da cidade, porque há rígidas normas/leis nacionais delimitando essa demanda, porque seus oponentes/sua oposição política não teria vontade alguma de ajudar o Gov.4 a bem dialogar com a população acerca dessas necessidades e fundamentação técnica e porque ele, o prefeito Pina, gosta de construir e deixar boas "marcas" na terra igarapemiriense.

Um cemitério é uma boa marca? A resposta nem é interessante, haja vista o que já destacamos acima acerca das necessidades da população (interesse coletivo), posto que é preciso dar mínimas condições de bem-estar e dignidade a quem, em horas tão cruéis, leva os seus às sepulturas; e, também, a quem precisa levar seus afetos e chorar um pouco diante das lápides de quem já não está mais entre nós.

Então, o governo da "Fé e Unidade" já está, praticamente, com sua decisão tomada; será (ou seria) construído o Cemitério "Bom Jesus 2" em área próxima ao Polo Universitário de Igarapé-Miri. Trata-se de uma área própria, ou seja, que pertence ao patrimônio municipal - isso dispensa gastos com "compra" ou desapropriações, espaço nas adjacências da Rod. PA-151. É uma área de expansão, na qual uma unidade de conservação ambiental está em projeto, já tem fábricas nas proximidades, há estádio de futebol (Campo do 7 de Setembro), tem o citado Polo Universitário, casas residenciais e está relativamente próxima aos condomínios Ticiano Miranda e Açaí Lar 1 e 2. Estudos já foram feitos etc. (no Instagram, busque infs através do @prefeituradomiri)

Trata-se, repitamos, de indiscutível necessidade; mas a localização está distante do centro urbano. Isso é verdade. Mas os governantes não podem, mais, "protelar" e ver as pessoas recém-falecidas pisoteando as já sepultadas, há tempos. Não há mais como seguir com essa guerra de buscas por espaços para sepultar pessoas; as questões ambientais urgem e os planejamentos, os estudos se demoram. Mas (há outras adversativas, mas quero insistir neste mas), depois que a ex-prefeita Dilza Pantoja (mandato 2005-08) decidiu pela construção de novo cemitério próximo à entrada da cidade (onde está para ser inaugurada uma Usina da Paz), sendo essa decisão revogada politicamente, está o Pina.4 com a dureza da realidade às suas barbas; já há lei municipal recente, de 2023, trazendo definições e possibilidades e ele terá que sacramentar mais essa "marca" de seus mandatos.

Mãos à obra, ok. Mas (ou porém, contudo...) a população e as autoridades não podem seguir dormindo no ponto quanto à fiscalização dessa construção, pois, ao depois, restam quase só as lamentações em face das péssimas escolhas feitas; quando isso é o caso.

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Redes Sociais e outros espaços "líquidos" de Israel Fonseca Araújo, editor/fundador do Blog Poemeiro do Miri:

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