terça-feira, 4 de outubro de 2022

Comparando Bolsonaro e Lula (2006, 2018 e 2022): breve análise de forças políticas/eleitorais

O resultado das eleições 2022 deixou muitos brasileiros boquiabertos(as). Por quê? Porque grande parte dos eleitores e cidadãos/cidadãs aguardavam Lula (PT) bem distante de Jair Bolsonaro (PL) em termos percentuais, após as apurações. Mais que isso: esperava-se, em razão de estudos sérios e pesquisas de grande credibilidade, que o atual presidente do Brasil ficasse perto dos 36% ou de uns 38% de votos; já para Lula o esperado estava em torno de 48% e chegando a 50% (em pesquisa de maior credibilidade histórica no Brasil, Lula tinha uma "intenção" de votos válidos de 50% e Bolsonaro chegava a 36%; confira nesta publicação do Correio Braziliense).

Conforme dito, foram estudos, entrevistas feitas há dois ou três dias da hora do voto. Os resultados de apuração finalizada indicaram: Lula (PT) 48,43% e Jair Bolsonaro (PL) com 43,20%. Detalhe mais relevante, ainda: muitos cidadãos bolsonaristas se recusaram a participar de pesquisas e não responderam aos Questionários (isso prejudica a organização dos dados, claro, pois a intenção bolsonarista se torna menos apreendida nas pesquisas); pior: teve pesquisador(a) agredido por bolsonarista, nas ruas.

O que aconteceu? Informações de bastidores dão conta de que muita coisa (impublicável, aqui rsrsrs) aconteceu, sobretudo nos grupos e listas de transmissões de "zap-zap" e outras redes; que muita tempestade de recursos financeiros foi produzida nos últimos momentos, antes do voto (principal fake news e crime virtual produzidos foram, segundo as fontes, posts afirmando que a campanha petista seria apoiada pelo crime organizado; teve outras estratégias mais ligadas a táticas de milhares ou milhões de lideranças religiosas cristãs contra Lula da Silva - vistas a olho nu, em nossas cidades zinhas e em outros territórios, principalmente no sábado e na manhã de domingo). Ou seja, tem as questões ligadas à comunicação política (e fraudes nesse campo, que forma um dos carros-chefe dessa rede de relações políticas), as questões financeiras (próprio governo Bolsonaro mexeu muito nesse campo) e estruturas (políticas, econômicas) de instituições religiosas e suas bilionárias lideranças.

Mas pra quem entende de eleições (e isso se relaciona à política; mas política não se resume às eleições) bem sabe que o abuso de poder econômico é o que determina certas viradas nas intenções dos eleitores, auxiliado por outros fatores (uns citados aqui); as fake news podem, a se estudar a questão, ter mais eficiência maléfica do que o dinheiro (mas talvez seja cedo pra cogitar isso, pois a grana é fenômeno eleitoral de séculos, já notícias falsas nos meios digitais/comunicacionais têm perto de 15 anos).

Outras possibilidades de entender a questão (subida de Bolsonaro, em relação às pesquisas) passam por: a) Bolsonaro já teria recebido, no último dia 2, votos úteis de Ciro Gomes (PDT), de Simone Tebet (MDB) e de Soraya (União), por ex. Voto útil, nesse caso, seria voto antipetista e/ou anti Lula. Isso teria aumentado bem a votação bolsonarista; b) as notícias fraudulentas, das quais já falamos aqui, além do fenômeno popular, econômico e sociológico mais complexo e violento que é essa atuação de instituições religiosas.

LULA SAIU FORTALECIDO. BOLSONARO DEU SINAIS DE "fraquejar". Observe o breve estudo que fizemos, sintetizado abaixo:

Com 100% das urnas do 1º turno apuradas, o ex-presidente Lula da Silva (PT) tem, exatamente, a mesma força das eleições de 2006, quando ele estava presidente. Portanto, sua força eleitoral segue gigantesca, mesmo sem ele estar nas urnas desde esse pleito (e ainda foi preso, respondeu a quase trinta processos, venceu praticamente todos etc.). No entanto, a comunicação petista, psolista, do PC do B (e partidos próximos), dos movimentos sociais, sindicais e populares não consegue furar certas bolhas e isso significa dizer que até Lula enfrenta teto de votos (isso é normal, em termos eleitorais). Comparando Lula e Bolsonaro, e expondo os resultados de 2018 (quando Haddad concorreu), temos a seguinte realidade:


Lula da Silva

Jair Bolsonaro

Geraldo Alckmin

2022 (PT)

(48,43%)

2022 (PL)

43,20%


xx

2018 (PT)

Haddad (29,28%)

2018 (PSL)

(46,03 %)

 

xx

2006 (PT)

(48,60%)


xxx

PSDB

41,63%

O que se mostrou diferente, ou se vc preferir "estranho", entre 2006, 2018 e 2022 é que neste ano Jair Bolsonaro está “presidente”, ou seja, está no cargo e distribuindo milhões de reais para populações em grande vulnerabilidade social (p. ex., Brasil voltou ao Mapa da Fome), em termos de Aux. Brasil e outras estratégias; Jair também tem uma super máquina estatal, midiática e política nas mãos: não se esqueça de mais de metade do Congresso Nacional, nas suas mãos, em seu colo, via o famigerado Centrão.

Mesmo assim, Bolso ficou longe de Lula 5,2 pontos percentuais (mais de 6 milhões e 100 mil votos). Curiosidade: em 2006, Lula estava presidente e, no segundo turno, seu concorrente (Alckmin) obteve bem menos votos do que no primeiro turno (não cremos que isso se daria com Bolsonaro, dia 30 deste).

No cargo em 2022, Jair Bolsonaro conquistou 43,2% dos votos (demonstrou bem menos força eleitoral do que Lula, em 2006, quando este obteve 48,6% das preferências). Pensando um pouco mais tática e profundamente, sugerimos que a comparação mais coerente seria entre as votações de Lula (2022) e de Alckmin (2006), pois Lula é oposição em 2022 e Alckmin era oposição em 2006; assim, os resultados mostram 48,43% (Lula) e 41,63% (Alckmin). Ou seja, a força política/eleitoral de Lula é indiscutível, inegável.

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prof. Israel Araújo (editor, fundador); poemeiro@hotmail.com

Editado em 10.10.22, às 11:10h

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