sábado, 8 de outubro de 2022

Mal-vindo ao Círio de Nazaré, seu...!

A notícia de que o Círio de Nazaré 2022 estaria em vias de ser usado eleitoralmente pelo candidato Jair Bolsonaro (PL) causou profunda revolta, repulsa no meio católico/cristão, paraense; entre lideranças políticas, tbm. A tática política/eleitoreira de Jair seria a já famosa "farra" da motociata, regada a muitos gastos em dinheiro e estrutura pública de segurança (que custa outros tantos milhares de reais do povo do Pará.

Isso, enquanto a população fica a mercê da insegurança, sobretudo em áreas de periferia); enquanto morriam milhares na pandemia e enquanto Manaus (AM) morria sem ar, eram a motociata, a jegueata e o jet ski suas principais diversões e veículos de gozos compartilhados (com militares, sobretudo, sempre um às costas). Nesse cenário de indignações, o povo católico e militantes antibolsonaristas saíram às redes sociais para denunciar esse possível abuso contra o povo católico paraense.

Autoridades civis e religiosas também saíram a público. Governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), disse que o "Círio é intocável e nenhum político pode se apropriar dele", em referência velada ao pai do Carluxo. Prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), falou em suas redes sociais que, como "autoridade máxima" na cidade de Belém (PA), estava "indignado" com a possibilidade de "uso político", eleitoreiro de uma festa religiosa, popular que tem bem mais de dois séculos de existência (são 230 anos) - e que nunca tinha sido palco de eventos políticos, eleitoreiros dentro de suas romarias, acrescente-se.

Já o arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, se pronunciou em Nota oficial da Arquidiocese, defendendo a liberdade de "qualquer cidadão ou cidadã" participar dos Eventos do Círio de Nazaré; mas destacou que "não desejamos e nem permitimos qualquer utilização de caráter político ou partidário" nas atividades do Círio, o que inclui centralmente as procissões (para quem não sabe: as procissões são dos momentos de maior intensidade da vivência de fé pelas pessoas, no meio católico, ao lado das missas e celebrações).

Ex-Presidente Lula (PT). Também candidato em período eleitoral (campanha), Lula não veio a Belém e explicou, via redes sociais, o motivo. Lula da Silva disse, há cerca de 4 dias, que o governador do Pará o convidou para vim a Belém e participar deste Círio de Nazaré, afirmou que um de seus "maiores sonhos" é participar do Círio, mas que não viria porque "iriam dizer" que ele estaria usando o momento, o ambiente para "fazer política" (aspas por conta de expressões usadas por Lula). Católico de uma vida toda e muito querido pela maioria do povo do Pará (Lula obteve 2.443.730 votos, contra 1.884.673 de Jair Bolsonaro; ou seja, 559.057 votos a mais, em favor de Lula), Lula da Silva se priva dessa experiência de fé, ao que tudo indica, por respeito à fé desse povo ou a esse povo, em linhas gerais; ao contrário de...

Com a palavra, filósofos(as) que estudam ética e política. Mas, que o Brasil tá muito dividido e que as posturas podem parecer muito conflitantes, ah, isso está.

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Israel Fonseca Araújo, professor e escritor. Academia Igarapemiriense de Letras (AIL); poemeiro@hotmail.com

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