sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Tchau, 2021; vem bem, 22 (post 130/2021)

Em 2022, desejo a tds nós: paz e saúde (física, mental e emocional) a vc e às famílias; sucessos no trabalho e trabalho/emprego a quem não os tem; muitas realizações nos estudos (e pratica de estudar a quem não a tenha); conquistas em tds os aspectos da vida, o que inclui (sim, sim) o Amor e/ou o Sexo (esse e/ou é que complica tudo).

Anime-se; sacuda essa poeira ruim de 2021, terceiro ano da triste era Bolsonaro: em 22, temos chances reais e podemos retirar este país das trevas do ódio e do obscurantismo - que custaram perto de um milhão de mortes evitáveis em 2021.

Pensa bem; se topar conversar, eis-nos aqui.


Há braços, Israel Fonseca Araújo.

Retrospectando 2021: Eis o poeta mestre "Nenel", do Rio Mamangal-Grande (#819)

(Professor Manoel de Jesus (Nenel), recitando seu poema; out. 2021)

Caso você não o conheça, te apresento: é o professor de Matemática Manoel de Jesus Pantoja Quaresma, o nosso querido “Nenel” - gosto de chamá-lo de de Mestre Nenel, um astro da arte de prosear e fazer performances de piadas as mais diversas. "Nenel" é Mestrando na área de Matemática pela Universidade Federal do Pará, onde tbm cursou Graduação – na mesma área. Ele é professor concursado em Igarapé-Miri (PA) e já atua no serviço público há mais de uma década.

Mas, aqui e agora, te apresento esta grata boa nova de 2021 (um terrível ano, o terceiro ano da triste era Bolsonaro): é o poeta “Nenel”, cordelista, declamando sua fé e suas percepções de fé e de religiosidade na Festividade de Nossa Sra. Aparecida, em nosso (dele e meu) rio Mamangal-Grande. Dá uma conferida no poema do mestre “Nenel”; que achou? Gostou da mensagem, da arte de rimar e produzir sentidos? Eu acho que ele tem veia forte.

Os aplausos deste singelo Blog.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Muitas felicidades por ti, Paulo Arthur (nos irmanamos em teus sonhos)

Paulo Arthur : um garoto de ouro (img: reprodução de post em redes sociais); na foto, Paulo está no Estádio "Parque dos Príncipes" (em port.), histórico campo de batalhas do PSG (FRA).


O ano de 2021 é/foi um marco na história de vida e de lutas da família Melo; Paulo Arthur é o motivo dessa façanha. Filho da advogada miriense e servidora pública Joelma Melo, residentes em Belém, o pequeno jovem enfrentava um sério e muito caro tratamento de saúde, passava por seguidas crises e contagiava a todos(as), com seus vídeos, posts, depoimentos nas redes sociais (sobretudo no Insta, no Facebook e nos grupos de "zap-zap"). Acima de tudo, Paulo conclamava as pessoas a lhe ajudarem, ajudarem sua mãe, seus avós e demais integrantes da Campanha do Paulo Arthur - campanha que almejava alcançar dezenas de mil reais para a realização de uma cirurgia, na França, pois assim a gravidade de sua condição de saúde o requeria.

Eu lembro (desculpas pelo tom, aparentemente pessoal), bem me recordo de seus avós indo às casas, visitando casa de minha sogra (Rio Maiauatá, Ilhas de Igarapé-Miri-PA), com uma listagem de nomes, uma singela conclamação a que os membros de uma comunidade cristã ajudassem o Paulo a viver. Parecia uma luta maior do que as tantas forças familiares.

Mas diversos(as) integrantes da Comunidade Católica São Benedito, nesse rio, integrantes da Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, abraçaram a causa e foram organizar sorteios, shows (juntamente com lideranças da referida Paróquia), campanhas de arrecadação, articular as lutas no Instagram (vaquinhas etc.) e nos perfis do Facebook; o WhatsApp bombou em seus status e nas reuniões, chamadas de voz e de vídeo; muitas das atividades da CC São Benedito - e de outras - terminavam com pequenos sorteios em prol da saúde do "Paulinho".

Lideranças políticas, integrantes de outras denominações religiosas e demais pessoas solidárias vieram se somar, ajudar. O resultado? Muitas graças e palavras de fé e esperança: as campanhas deram resultado e recursos foram conseguidos. A imagem seguinte dá provas disso (Paulo e sua mãe foram à "cidade-luz" e a cirurgia aconteceu (ver img seguinte).

De quebra, Paulo foi realizar sonho de visitar o estádio onde Lionel Messi faz suas exibições/shows, Mbappé faz as incríveis jogadas e arrancadas e o ex-meia da Seleção Raí se tornou um quase-rei.


(Divulgação de redes sociais de Paulo Arthur, no Facebook)


Os votos de pleno restabelecimento ao querido "Paulinho", da parte deste Blog.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Igarapé-Miri (PA): COMCIM realizará Conferência de Cultura 2021, neste dia 29/12

Israel Araújo (editor; professor e escritor)


(Divulgação da Conferência: COMCIM, Secult)

O COMCIM é o Conselho de Cultura do Município de Igarapé-Miri, um órgão colegiado, consultivo e deliberativo, formado a partir de determinações de leis nacionais e local, e que conta com representantes do Governo Municipal e da sociedade civil organizada e interessada no andamento da política cultural, de modo geral, e dos projetos culturais e efetivação do Calendário Cultural, de modo mais específico. Neste dia 29, quarta, na Casa da Cultura, o COMCIM realizará mais uma Conferência Municipal de Cultura, contando com a parceria da gestão municipal (Secretaria de Cultura, Desporto e Lazer e outras Secretarias e órgãos de governo) e de agentes culturais, blocos, Academia de Letras, coletivos e outros arranjos ligados ao setor cultural. Na Conferência, o COMCIM homenageará os artistas Dona Onete, Pim (Paulo Gonçalves) e o Grupo Os Populares de Igarapé-Miri.

Com inscrição prévia e avaliação do andamento da política cultural em 2021, o evento terá número limitado de participantes presenciais e obriga os presentes e comprovarem cumprimento de cuidados sanitários de preservação da vida; o início está marcado para às 08:30h.

O Blog perguntou ao Dr. Paulo Sérgio de Almeida Corrêa, atual Presidente do COMCIM, acerca da organização e das expectativas sobre a Conferência; o conteúdo é o que segue:

Blog Poemeiro do Miri - Como está a organização da Conferência Municipal de Cultura de Igarapé-Miri, a se realizar nesta quarta, 29?

Dr. Paulo Sérgio A. Corrêa - Deve-se ressaltar que a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI - 2021, é uma realização que envolve a colaboração institucional da PREFEITURA MUNICIPAL DE IGARAPÉ-MIRI, da SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA, DESPORTO E LAZER e do CONSELHO MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI.

Integram a EQUIPE DE COORDENAÇÃO os agentes culturais: JOSIVAL MORAES QUARESMA (Presidente), Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Lazer. PAULO SÉRGIO DE ALMEIDA CORRÊA (Membro), Presidente do COMCIM, Câmara Setorial de Música. AGNALDO NASCIMENTO FERREIRA (Membro), representante suplente da Secretaria Municipal de Educação no COMCIM.

De acordo com o art. 14 da Lei nº 12.343, de 2 de dezembro de 2010, que instituiu o Plano Nacional de Cultura – PNC, e criou o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC, é de competência do Governo Federal a Conferência Nacional de Cultura, porém, as Unidades Federadas, o Distrito Federal e os Municípios, poderão realizar as Conferências Estaduais e Municipais.

No caso do Município de Igarapé-Miri, tanto a Lei de Diretrizes Orçamentárias 2021, quanto a Lei Orçamentária Anual de 2021, previram despesas com a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI - 2021 dentro da ordenação do Sistema Municipal de Cultura.

Além disso, no que se refere à gestão administrativa, a SECULT e o COMCIM (Lei Municipal nº 5.023, de 04 de novembro de 2011), são órgãos responsáveis pela convocação, organização e realização da CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA, pois consta do Plano Municipal de Cultura (Lei nº 5.097, de 14 de maio de 2015), do Sistema Municipal de Cultura (Lei nº 5.125, de 03 de janeiro de 2018), e do Fundo Municipal de Cultura (Lei nº 5.167, de 12 de novembro de 2021).

Nos limites territoriais da esfera municipal, consta a Lei nº 5.097, de 14 de maio de 2015, a qual instituiu o Plano Municipal de Cultura de Igarapé-Miri, cuja vigência tem como período os anos de 2013 a 2022. Em seu art. 2º, determinou como um de seus objetivos: “Realizar, bienalmente, a Conferência Municipal de Cultura e participar ativamente das Conferências Estadual e Nacional de Cultura”; e estabeleceu como finalidade “Consolidar processos de consulta e participação da sociedade na formulação das políticas culturais”.

Considerando-se os objetivos previstos no art. 2º, XIV, XXVI, da Lei nº 5.097/ 2015, e o disposto no art. 3º, IX, da citada lei, a Conferência Municipal de Cultura, deve ser realizada a cada biênio, pois é elemento essencial integrador do Plano Municipal de Cultura de Igarapé-Miri, devendo os gestores das políticas públicas culturais agir para “Consolidar processos de consulta e participação da sociedade na formulação das políticas culturais”.

Por outro lado, a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI - 2021 também consta do Calendário Cultural do Município para o ano de 2021, assim como do Plano Operacional da Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Lazer - 2021-2024.

A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI - 2021, ocorrerá no dia 29 de dezembro de 2021, sendo antecedida da aplicação do Formulário de Avaliação das Políticas Públicas de Cultura, Desporto e lazer (nos dias 21 a 23 de dezembro) e da inscrição prévia para assegurar a participação presencial (com aplicação nos dias 27 a 28 de dezembro de 2021).

Será exigido de cada cidadão interessado o comprovante de vacinação com aplicação do ciclo completo das doses.

Ressaltamos que a CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI - 2021, tem por finalidade:

OBJETIVO GERAL

Compartilhar informações referentes ao papel dos órgãos de cultura, dos principais instrumentos legais de planejamento das políticas de cultura, desporto e lazer, do Plano Municipal de Cultura, do Sistema Municipal de Cultura, do Fundo Municipal de Cultura, além do Calendário Cultural Municipal, com a intenção de esclarecer ao público em geral e avaliar, presencial e remotamente, os principais resultados alcançados com a implementação das políticas públicas desenvolvidas na área da cultura.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Socializar informações sobre as principais leis em que a cultura, o desporto e o lazer são assegurados enquanto direitos fundamentais e dever do Estado.

Contribuir para democratizar e fortalecer a participação da sociedade civil no controle social dos investimentos públicos no processo de formulação, efetivação e avaliação das políticas públicas de cultura, desporto e lazer.

Estimular junto à população o interesse pela avaliação e apresentação de sugestões de aprimoramento das políticas públicas de cultura, desporto e lazer que integram o Calendário Cultural Municipal.

Conhecer os principais mecanismos de financiamento das políticas públicas culturais vigentes no Município de Igarapé-Miri.

Expor e avaliar as Políticas Públicas de Cultura, Desporto e Lazer integrantes do Calendário Cultural do Município de Igarapé-Miri 2021.

Coletar subsídios visando a construção do Calendário Cultural do Município para o ano de 2022.

Aprimorar a gestão democrática das políticas públicas culturais e melhorar a política de transparência e acesso à informação.

Este projeto da CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA - 2021, envolve todas as Câmaras Setoriais que estruturam o COMCIM, uma vez que se refere a um evento voltado ao entendimento, análise e avaliação das políticas públicas culturais aprovadas pelo COMCIM e executadas pela SECULT e os agentes culturais beneficiários dos recursos concedidos via editais públicos.

Para a sessão presencial, estruturou-se a seguinte programação:

1. SESSÃO DE ABERTURA. Sob a responsabilidade dos integrantes da Banda Swing do Carimbó, que disponibilizará de 25 minutos para sua apresentação, cujo repertório envolverá execuções do Hino Nacional, Hino Municipal de Igarapé-Miri, e músicas compostas pelos músicos e artistas Pim, Dona Onete e os Populares de Igarapé-Miri.

2. MESA 1. Debaterá a importância do Conselho Municipal de Cultura de Igarapé-Miri no processo de elaboração, efetivação e acompanhamento das políticas públicas culturais, representado por Antônio Marcos Quaresma Ferreira (Professor da Educação Básica, representante titular da Câmara Setorial de Literatura do COMCIM).

3. MESA 2. Debaterá o planejamento e gestão das políticas públicas culturais na Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Lazer do Município de Igarapé-Miri, sob a responsabilidade de Josival Moraes Quaresma (Secretário Municipal de Cultura, Desporto e Lazer).

4. MESA 3. Será enfatizada a avaliação das políticas públicas culturais realizadas por meio do Calendário Cultural Municipal de 2021 e análise dos Formulários Eletrônicos, tendo como expoente o Professor Titular Dr. Paulo Sérgio de Almeida Corrêa (UFPA, Presidente do COMCIM e titular da Câmara Setorial de Música nesse órgão de cultura).

Concluídas as exposições, facultar-se-á a participação do público e, posteriormente, as considerações finais aos representantes de cada Mesa. Finalizada a sessão das mesas, será oferecido um almoço de confraternização entre os participantes da programação.

A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI - 2021, terá cobertura de sua transmissão pelas redes sociais, via portal Facebook da Secretaria Municipal de Cultura de Igarapé-Miri, como também serão feitos registros fotográficos dos participantes, a fim de construir um acervo documental da programação realizada. [grifo deste Blog] A programação presencial do evento, terá sua instalação na sede da Casa da Cultura de Igarapé-Miri, e ocorrerá no dia 29 de dezembro do ano de 2021, com início a partir de 8h30, e seu término às 13h30.

Tendo em vista a necessidade de estabelecer o controle de público que participará de forma presencial, assim como o cumprimento do distanciamento social, em razão da pandemia COVID - 19, serão disponibilizadas somente 50 vagas para efeito de inscrição no evento, obedecendo-se a ordem de resposta a este formulário. Uma vez alcançado o total ofertado, ocorrerá a interrupção das inscrições. Os pedidos cujos ciclos de vacinação estejam incompletos ou não realizados, serão negados e desconsiderados para efeito da ordem de inscrição.

 

Blog Poemeiro do Miri - Quais as expectativas do Conselho Municipal de Cultura de Igarapé-Miri quanto à participação da população, de sua fiscalização e reivindicações para esta Conferência Municipal de Cultura de Igarapé-Miri?

Dr. Paulo Sérgio A. Corrêa - Embora a participação seja um princípio que norteia a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em geral, o cidadão ainda não se habituou a exercer o poder da participação nos diferentes órgãos de representação que asseguram à sociedade civil o poder do controle social, particularmente quando se trata dos investimentos em políticas públicas culturais.

 

Na esfera do Conselho Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Lazer, no mês de maio de 2021, houve a realização do Fórum Municipal de Cultura, cujas atividades foram desenvolvidas de forma presencial e remotamente, modalidades essas que também serão aplicadas na CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA DE IGARAPÉ-MIRI 2021.

 

Embora tenha se pensado em formatos tecnológicos para permitir a participação do cidadão no planejamento, acompanhamento, avaliação e proposição de políticas públicas de cultura, desporto e lazer, são raros os membros da sociedade civil que se dedicam a participar ou responder aos instrumentos de formulários disponibilizados.

 

Portanto, a expectativa é que haja representantes dos agentes culturais, dos trabalhadores da cultura e de membros da sociedade civil com interesse em conhecer as políticas públicas de cultura, desporto e lazer, entender os mecanismos de financiamento existentes na esfera municipal, e contribuir com críticas e proposições de aprimoramento das políticas públicas colocadas em ação.

 

Que a quantidade das pessoas frequentadoras do evento, seja traduzida em análises e reflexões de qualidade, capazes de aprimorar os atuais instrumentos de planejamento e gestão das políticas públicas de cultura, desporto e lazer, atualmente em efetivação no município de Igarapé-Miri.

 

PAULO SÉRGIO DE ALMEIDA CORRÊA

Professor Titular na UFPA

Presidente do COMCIM

Representante Titular da Câmara Setorial de Música 


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

É Natal (poema)

 



Te desejamos o melhor possível, na Santa Paz. Obgd pelos "papos" tidos até aqui.
Blog Poemeiro do Miri

"Genocida" é a palavra mais buscada no dicio, em 2021 (reflexões de Natal)

Israel Fonseca Araújo (editor/fundador)

Academia Igarapemiriense de Letras (AIL)

Ao professor abaetetubense João Andrade (Sintepp), in memorian; ao amigo professor José Moraes Quaresma (José Jr.), por este Natal...

Quem já esqueceu dos flagelos contra nossos irmãos(ãs) de Manaus (AM) - no começo deste ano - e dos demais flagelos contra humanos, no Brasil e no Mundo, ou tá com amnésia política, emocional e sentimental ou sofre de canalhice descarada; mais do que isso, e isto é o que me interessa, hj: ninguém é obrigado a ter um coração de gente, nem obrigado a seguir os ensinamentos, as memórias e as mesmas causas de Jesus Cristo (amar o próximo, assim como nos amamos, a nós mesmos; acolher, em primeiro lugar, os pequeninos, os(as) que sofrem, ter fome e sede de justiça). Ou seja, uma pessoa pode não dar a mínima às muitas mais de 600 mil mortes causadas pela Covid-19 (determinantemente motivadas pelas ações de autoridades de saúde, nacionais e estaduais, sobretudo), mas que não nos venha a querer se mostrar como gente (ser humano).

Neste ano, e pensando isso em articulação com os flagelos da Covid-19 no ano de 2020 e com as experiências nazistas de Hitler (na Alemanha), das atrocidades dos ditadores(as) do Brasil de 1964 em diante, dentre outras atrocidades, temos um continuum de sofrimentos coletivos, populares (vc esqueceu da tortura, em SP, com policiais arrastando um homem negro a reboque de uma moto oficial?; vídeo pode ser visto clicando aqui); isso somente para destacar uns dados e subi-los às análises.

Por conta de toda a liderança que o atual chefe de Estado-Nação brasileiro exerce na população, em termos de falas (ideologia, alinhamento cultural etc.), de possibilidades de mobilizar seus adeptos (em cercadinhos políticos, nas estruturas e nas bases das igrejas cristãs, sobretudo (neo)pentecostais e por aí vai) e de, se quiser, produzir desgraças no seio da população. Este "Chefe", mas outros, tbm, se assim o quiserem fazer.

Por isso, neste Natal - quando "termina" um dia, mas o dia "nasce outra vez" - nada mais justo e necessário do que lembrar de uma espécie de anti Jesus Cristo (um adversário, um algoz, aquele que vem para negar e destruir, inimigo do projeto de um Deus que se fez homem = ser humano), daquele que - conforme eu tanto gosto de lembrar - nos mata a cada dia. Por tudo o que esse ser fez (e faz?) possivelmente de modo intencional contra a saúde pública de nossa gente, insistindo dia após dia para que não houvesse vacinas, aprovadas e compradas celeremente, debochando de quem ofega(va) sem ar pra poder respirar antes da morte causada pela Covid-19, e atuando pessoalmente contra a vida de populações altamente vulneráveis (caso de indígenas, de ribeirinhos e quilombolas, de populações largadas à própria sorte nas favelas e nos rincões da Amazônia e do Norte), ... por tudo isso, ele foi a máquina que moveu a internet em 2021, no sentido de garantir que a palavra "genocida" foi a mais buscada do ano (mais de 4,5 milhões de buscas).

O que o "Chefe" tem a dizer sobre isso? "E daí?, eu não sou coveiro". É isso.

"A palavra 'genocida' foi a mais buscada no ano de 2021 no site Dicio, que se apresenta como 'o mais consultado do Brasil' e é a primeira referência do Google quando se busca por um site desse tipo. As informações são do UOL". Diz a matéria:


De acordo com a definição do site [Dicio], genocida é: (link para acessar a discussão: IstoÉ)

 

Substantivo masculino e feminino

Pessoa que ordena ou é responsável pelo extermínio de muitas pessoas em pouco tempo.

Pessoa que cometeu genocídio, quem deliberadamente ordenou o extermínio de um grande número de pessoas, de todo um grupo étnico ou religioso, de um povo, de uma cultura ou de uma civilização".

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E-mail: poemeiro@hotmail.com (Doutorando, Mestre e Graduado em Letras)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Helder Barbalho no Miri, sem querer "driblou" possíveis protestos de profissionais da educação (814)

O prefeito de Igarapé-Miri, Nordeste do Pará, era o petista Roberto Pina Oliveira, corria o ano de 2010 ou 2011 (só falta esta certeza), e a então governadora do Pará Ana Júlia de Vasconcelos Carepa (então, no PT) estava em agenda oficial na terra do Açaí. Este editor estava no Largo de Sant'Ana e foi observar e anotar os dados que julgava interessante. Lá se instalou um grupo de mirienses, mais ligados a agentes políticos do PSDB (era um forte partido, no Pará; nestes dias, quase morto está) - que era mega oposição política ao Partido dos Trabalhadores, naquele momento. Assim que a então governadora começou a falar, nossos protestativos lançaram mão de seus cartazes e se manifestaram, para constranger Ana Júlia; perto dela, mega líder político miriense disse: "que é? eles  não querem a água da Cosanpa?, são contra?" (o protesto tinha a ver com um grande projeto de melhorias na distribuição de água pública no Miri; projeto que durou bem mais de dez anos pra ser finalizado, possivelmente não foi terminado, arruinou ruas recém-asfaltadas e o governo paraense saiu desmoralizado).

Mas, o que quis dizer sobre isso? Que, em vindas de governadores a municípios (por todo o Brasil), é comum haver protestos, resistências, pois sempre há camadas populares e/ou segmentos insatisfeitos por "enes" motivos; nós, trabalhadores(as) da educação pública no Pará, historicamente temos levado golpes dos governadores - e de muitos prefeitos, tbm. Ou seja, motivos para protestos, não faltam. E...

No dia de ontem (21), saiu às redes sociais a informação de que o governo petista de Roberto Pina não irá fazer "Abonos" a profissionais da educação atuantes na rede de ensino igarapemiriense, nem Abonos e nem "rateios" de sobras dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização do Magistério: do montante de recursos recebidos pelo ente (estados, Distrito Federal e municípios), no mínimo 70% devem ser aplicados em folha de pagamento dos profissionais da educação; caso não se atinja esse percentual, o valor equivalente a essa diferença deve ser distribuído em forma de rateio (a maior Confederação atuante na área educacional trata disso: infs. da CNTE, acesse aqui)... A Secretaria de Educação, sob comando do professor Janilson Oliveira, informou ao sindicato da categoria que os gastos passaram de 71% (setenta e um por cento); assim, estaria praticamente definido que as chances de Abono seriam nulas; nos demais municípios da região do Baixo Tocantins, quase a totalidade dos municípios já anunciou que farão rateios de sobras.

De nossa parte (nós, profissionais da educação), acreditamos que não devemos nos arredar das lutas, ainda mais neste fim de ano de pandemia (matéria deste Blog sobre essa luta: Entrevista exclusiva; matéria 2: cortes, acesse aqui nestes Cortes). Outras reuniões e outras  estratégias poderão ser adotadas, nos próximos dias - sob comando do Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará) e ajuda de muitos(as) profissionais atuantes na área.

Motivadamente, muitos trabalhadores(as) da educação pública de Igarapé-Miri saíram às redes sociais e levantaram ideias de protestos (sobretudo e veementemente no grupo de "zap zap" Sintepp Igarapé-Miri), aproveitando a visita do governador medebista Helder Barbalho a Igarapé-Miri, visita marcada para 13/12 e remarcada para hoje (post abaixo); havia táticas de protestar dentro das formas possíveis, mas, com ou sem ânimo para dos profissionais para protestos, Helder não veio às 09h, passou o horário para 12h e chegou, de fato, perto de 15:30h, ou seja, houve - sem querer? - um drible barbalhista; sobre os protestos, ainda não temos dados a mostrar, mas sabemos que as reivindicações são justas.


Disse a página oficial da Prefeitura de Igarapé-Miri, via Facebook:

"Na tarde de hoje (22), na presença do Governador do Estado do Pará, o Prefeito Roberto Pina, do Vice Marcelo Corrêa, o Senador Paulo Rocha, Deputados Federais, Estaduais, Secretários de Estado, Secretários Municipais e Vereadores do Município inauguramos a primeira fase da Praça Açaí e assinamos convênios para outros serviços que serão oferecidos ao povo miriense através de contrapartidas de recursos próprios, emendas parlamentares e orçamento do Governo do Pará" (Facebook Prefeitura de Igarapé-Miri).

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Jantar pró-Lula x Alckmin: Coalizão Negra por Direitos e Grupo Prerrogativas se juntam contra a fome

Israel Araújo (editor/fundador; poemeiro@hotmail.com)

Na noite de ontem (19.dez), o Grupo Prerrogativas e a Coalizão Negra por Direitos realizaram um badaladíssimo jantar, em SP, para efetivar sua Confraternização de fim de ano e, quem sabe sobretudo para isso, juntar (eu não disse "jantar") o ex-Presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (ex-PSDB). Acontece que o Prerro é vanguarda na luta pelas garantias constitucionais, o que pressupõe que os(as) advogados tenham garantidas as suas prerrogativas funcionais (sacou o motivo do nome Prerro?) - tais como: ter acesso a seus clientes, ter acesso igualitário (defensores x Ministério Público, p. ex.) dentro de um mesmo processo, ter as provas lícitas aceitas no processo e por aí vai.

"O Grupo Prerrogativas é um coletivo formado principalmente por advogados brasileiros, mas também composto por artistas, professores e juristas, ativo desde 2015 e que ganhou projeção nacional principalmente a partir de 2020" (Wiki).

MAIS DE 22 MILHÕES DE REAIS. Responsável pela Campanha solidária “Tem gente com fome”, a Coalizão Negra já arrecadou, até a noite de ontem, mais de R$ 22 milhões; são mais de 1.510 doadores(as), segundo fala de lideranças da Coalizão. Somente no jantar de ontem, em um caríssimo restaurante de Sampa, mais de R$ 300 mil foram arrecadados - para serem destinados a pessoas que passam fome, neste país. Lula recebeu diversos afagos durante o evento, dentre eles o Prêmio Perseverança (que Lula dedicou ao povo brasileiro, lembrando Dona Lindu, são mãe). O Jantar foi concluído com um mega pronunciamento do ex-presidente. 

Repercussões do Jantar, seguem abaixo:


Poder 360

Grupo Prerrogativas realiza jantar com Lula e Alckmin Evento terá a presença de diversos políticos de diferentes partidos...


O Grupo Prerrogativas realiza neste domingo (19.dez.2021) jantar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido), no restaurante Figueira Rubayat, em São Paulo.

Fonte: site Poder 360 

 

Site Migalhas:

Lula e Alckmin participam de jantar de advogados em São Paulo

Evento realizado pelo Grupo Prerrogativas reuniu grandes nomes do Direito e da política. Foi a primeira aparição pública do petista e do tucano juntos após articulações políticas para uma possível chapa em 2022

(segunda-feira, 20 de dezembro de 2021)

Mais de 500 convidados reuniram-se neste domingo, 19, no restaurante A Figueira Rubaiyat, em São Paulo, em evento realizado pelo grupo de advogados Prerrogativas. Entre os convidados estavam Lula e Alckmin. Foi a primeira aparição pública dos dois juntos após articulações políticas para uma possível chapa entre o petista e o tucano em 2022. Embora não tenham confirmado a aliança, entusiastas veem no encontro um grande passo para a consolidação da candidatuta. O ex-governador falou ao Migalhas sobre as expectativas para o futuro do país. Para o ex-governador, que acaba se desfiliar do PSDB, a palavra de ordem para o futuro é esperança.

Fonte: Acesse aqui 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

#Cortes do Poemeiro do Miri (Educação x Valorização profissional)

I - Ao perguntar ao Professor José Jr. sobre como conquistar os professionais da educação de Igarapé-Miri (PA) para lutar por valorização profissional, obtivemos esta resposta:


Essa é uma tarefa que torna-se mais difícil a cada dia, os ataques têm sido cada vez mais direcionados. Tem fatos que acontecem que parecem absurdo, mas eles acontecem, como por exemplo, deputados votarem contra o recebimento por parte dos professores de recursos advindos dos precatórios do FUNDEF, sendo que estes recursos deveriam ter sido repassados lá atrás. Então as nossas lutas têm sido apenas defensivas, com a intenção de manter o que tem; vejamos: o orçamento para a educação em 2015 foi de 133,6 bilhões, e para 2022 será de 70,5 bilhões. A nossa tarefa é aproximar cada vez mais nossos/as companheiros/as dos debates sobre financiamento e valorização, previdência. Este último elemento tem sido um castigo para os trabalhadores, muitos dos quais tem adoecido devido à alta carga de trabalho, e quando ao final da carreira, é decepcionado com o que recebe como devolução. Infelizmente, enquanto os trabalhadores em Educação lutavam para manter-se vivo, os governos nos atacavam. Plano de carreira tem que ser palavra de ordem; e 2022 será de muita luta neste país.

 

II  -  De minha parte,  este editor do Blog Poemeiro do Miri endossa a luta dos profissionais da educação municipal na Terra do Açaí; já afirmamos, em tom de apelo aos governistas, que, somente neste caso específico de fim de ano de pandemia de COVID-19 e de mudança na legislação, a gestão faça uma bonificação de fim de ano, em forma de Abono FUNDEB, e que seja distribuído a todos os servidores(as) municipais - não somente aos do grupo Magistério, que inclua os não-docentes; que essa eventualidade, deste momento, não faça nossos camaradas servidores a desistirem de valorização na carreira, o que implica ter PCCR para todos os servidores(as), que inclua, dentre outras garantias:

-- Espaços e incentivos na carreira para que o Servidor(a) possa continuar estudando, fazer cursos técnicos, de Nível Superior, de aprimoramento e de pós-Graduação (casos de Mestrado e/ou Doutorado);

-- Tempo reservado à efetivação de Hora-atividade ao Servidor Professor(a), nos termos da legislação nacional;

-- Esforços de valorização e instituição de política de educação do campo, respeitadas as suas  locais e regionais;

-- Reavaliação e reformulação periódica do PCCR existente (Magistério) e inclusão de servidores não-docentes em Plano(s) de carreira;

-- Valorização financeira, mediante progressão na carreira;

-- Fortalecimento da política de Educação Especial, com criação de novos cargos, acompanhamento da legislação nacional e lotação de pessoal profissionalmente qualificado nas estruturas da rede de ensino;

-- Estratégias de fomento permanente ao diálogo com os sujeitos servidores(as) da educação municipal, em todos os seus segmentos;

-- Realização de Conferências Municipais e Plenárias Distritais de Educação, periodicamente;

-- Efetivação do Conselho Municipal de Educação (conforme legislação nacional e municipal), com garantia de estruturas técnica, logística e financeira ao seu pleno funcionamento.

(...) Israel Fonseca Araújo (poemeiro@hotmail.com)

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Exclusivo: Coordenador do Sintepp em Igarapé-Miri fala sobre Abono FUNDEB x Valorização dos profissionais da educação

Professor José Moraes (José Jr.), atual Coordenador do Sintepp (arquivo pessoal)

Nesta entrevista especial, o Prof. José Moraes Quaresma (José Jr.) fala ao Poemeiro do Miri sobre a "febre" das conversas e cobranças, entre professores(as) de escolas públicas, sobre "abono" FUNDEB ou "rateio" Fundeb, décimo-terceiro ou décimo-quarto salário e outras expressões semelhantes. Acontece que, nesta ano de 2021, com as mudanças na legislação sobre o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica - o tal de "Novo FUNDEB" (Lei 14.113, de 25/12/2020; acesse a lei, Clicando AQUI), houve mudanças de perspectivas nas entradas de recursos para a educação básica pública, com acréscimo nos gastos mínimos com pagamento de pessoal de 60% para 70%; isso em certas condições e atendendo às finalidades previstas em lei.

Com isso, a ideia de que muitas Secretarias de Educação gastariam menos de que 70% nas Folhas ganhou destaque (com certa razão, indiscutivelmente, essa lógica não é absurda) e, de fato, diversos municípios brasileiros passaram a anunciar (a plenos pulmões virtuais) que vão "dar" Abono Fundeb (isso era muito comum, nos tempos do finado FUNDEF); no Pará, Ananindeua e Belém, p. ex., já estão agitados, nesse sentido. Pensando nessa realidade nova, instituída para 2021, pedimos Entrevista ao Coordenador-Geral do Sindicato dos Trabalhadores(as) em Educação Pública no Pará (Sintepp) em Igarapé-Miri (PA) e na Regional Baixo Tocantins, o Prof. José Júnior; o mesmo é Pedagogo, formado pela Universidade do Estado do Pará, Administrador Público (pela UFPA), Especialista em Direito Educacional e pregoeiro; trabalha nas redes de ensino do Pará (Seduc) e de Igarapé-Miri. Também é ex-Coordenador do Conselho do FUNDEB e de Alimentação Escolar, no Miri. (os grifos nas suas falas são deste Blog):


Blog Poemeiro do Miri: Professor José Júnior, os profissionais da educação, neste momento, “só falam” em Abono Fundeb, sobras ou rateio, no sentido de cobrar dos governos que sejam pagas bonificações aos mesmos; gostaríamos que o sr. explicasse esse contexto, o por quê; nos esclareça sobre essa conjuntura e a relação da mesma com a entrada em vigor da lei do "Novo Fundeb".

Professor José Júnior (Coordenador do Sintepp): Inicialmente, é importante dizer que a Educação nunca foi tão atacada quanto é hoje, as lutas das Trabalhadoras e dos Trabalhadores em Educação, tem sido diárias e nem assim, tem conseguido fazer frente a estes ataques. Falando do abono, nós temos a entrada da nova Lei do FUNDEB, que aumentou percentualmente os recursos a serem aplicados no pagamento dos profissionais da Educação, saindo de 60% para 70%, embora esse aumento tenha se dado em função da inclusão dos psicólogos e assistentes sociais, conforme determina a Lei 13.935/2019, sendo que os entes ainda não tenham feito tal inclusão.

Além disso, no final de 2020, o governo federal fez uma manobra, e alterou o valor aluno, isso fez com que os municípios tivessem grandes perdas, Igarapé-Miri, por exemplo, foram mais de 4 milhões. Aí neste ano teve que ser reajustado, e isso significou um aumento alto, revisando as previsões para cima, com Igarapé-Miri saindo de uma previsão de 72 para 82 milhões.

Aliado ao ano pandêmico, construiu esse cenário favorável ao pagamento de abonos.

 

Blog Poemeiro do Miri: Com a mudança da lei do principal financiamento da educação básica, o “Novo Fundeb” trouxe a mesma tese da valorização, inclusive a lei citando necessidades de os entes atualizarem ou criarem planos de carreira. O Sintepp, na sua instância estadual, reiterou que é favorável, acima de tudo, à política de valorização, que é permanente e contribui para uma melhor aposentadoria; como explicar a relação entre abonos de fim de ano (seja Fundeb ou não) e uma política de valorização dos profissionais da educação?

Professor José Júnior: Abono e valorização, não são a mesma coisaOcorrer um abono, esporadicamente, acontece; mas ele não contribui com a carreira do servidor; a grosso modo, poderíamos dizer que o Abono é ilusório, pois este valor deveria estar distribuído na carreira do servidor, deveria ser pago mensalmente.

Então, exemplificando, se em um município “sobrou” 5 milhões, isso quer dizer, que este município possui uma capacidade financeira de 5 milhões, mais o reajuste anual no valor aluno, para complementar o seu plano de carreira, para aumentar seu vencimento-base.

Com uma remuneração melhor, o servidor pode planejar-se, não contar com a “sorte” de ter ou não um abono no final do ano. A Luta dos Trabalhadores tem que ser por carreira, por jornada.

 

Sindicalistas atuantes no Sintepp, em Igarapé-Miri, durante Reunião com a gestão municipal (Secretário de Educação, prof. Janilson Oliveira, à cabeceira da mesa; foto: arquivo do Sintepp)

Blog Poemeiro do Miri: Vamos fazer uma análise, com base na informação divulgada pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que informou que uma parte dos professores da rede estadual irá receber R$ 5.000,00 de abono, neste fim de ano; dividindo esse valor por 12 salários mensais, daria R$ 416,66 mensais aos mesmos: ou seja, a renda média mensal seria um pouquinho maior e o servidor(a) poderia escolher como investir esse valor, ao longo do ano. Como o sr. vê essas estratégias dos governantes/políticos? Mais como “solidariedade”, tática política pessoal, descompromisso com a valorização dos professores(as) ou de outra maneira? Como entendermos essa complexidade toda?

Professor José Júnior: Nós, enquanto Trabalhadores da Educação, temos que ter autoridade para debater os orçamentos (indiretamente, já que não somos nós quem gerimos os recursos) e decidirmos, através da luta, como iremos receber recursos que são nossos.

Na Rede Estadual, os trabalhadores estavam sem reajuste desde 2015, e próximo do final do ano – outubro, o governo mudou a forma de pagamento, alterou o PCCR, “colocou uma pedra” em cima dos retroativos, e agora fala em valorização, pagando esse abono e deixando grande parte dos trabalhadores fora de serem beneficiados. Então esse abono representa uma péssima carreira que os servidores estaduais tem.

 

Blog Poemeiro do Miri: Em Igarapé-Miri, o Sintepp está empenhado na luta sobre acompanhar a evolução dos gastos com pessoal da educação e dialogando sobre rateio, abono etc.; sabemos que já teve reunião com o Secretário de Educação, professor Janilson Oliveira, inclusive. Como está essa conjuntura e a perspectiva de ter (ou não) abonos na terra do Açaí? Como o Sintepp está encarando mais essa luta?

Professor José Júnior: Nós fizemos uma reunião com o Secretário; nesta, ele nos disse que tinha recursos em caixa, o suficiente para fazer os pagamentos do décimo-terceiro e [mês de] dezembro. Sendo que o município ainda vai receber recursos, até o dia 30 deste mês; porém é importante ressaltar que, segundo o secretário, o mínimo de 70% que a lei obriga já foi cumprido. Neste caso, o abono, se houver, seria feito com recursos do fundeb, mas não especificamente da subvinculação de 70% : por conta disso, a nossa defesa é que todos/as os/as trabalhadores/as em Educação recebam um pouco do valor que tiver.

 

Blog Poemeiro do Miri: Senhor é Especialista em Direito Educacional e estuda o financiamento da educação básica pública, há muitos anos; como trabalhador da educação, estudioso e militante sindicalista, quais são seus ideais ou focos sobre esse tema, neste fim de ano 2021??

Professor José Júnior: É como dizemos, nosso foco precisa ser a valorização das trabalhadoras e dos trabalhadores, e o fato de receber um abono não necessariamente representa valorização. É bom que fique bem claro que quando digo que um abono, isoladamente, não representa valorização, não quer dizer que não queremos ou que não iremos lutar por ele. Nós lutaremos para que tenhamos abono em Igarapé-Miri, até para chegarmos em janeiro de 2022, podendo dizer que houve um abono, e, diante disso, que precisamos avançar na valorização.

E valorização precisa ser entendida como remuneração digna, como ter tempo para estudo e planejamento, como ter reconhecimento por titulação conquistada; em linhas gerais, é ter um plano de carreira que garanta esses e outros elementos a todos os trabalhadores. Em nível de Igarapé-Miri, vejo como pontos principais para a valorização em 2022: Plano de Carreira para os profissionais não-docentes e implementação da hora-atividade. Obviamente que as lutas não são apenas essas duas, porém alcançando esses dois itens, seriam passos grandiosos.

 

Blog Poemeiro do Miri: Em outras palavras, o sr. defende que sejam dados abonos, neste fim de ano? Se sim, seria para todos os trabalhadores(as), ou como o sr. pensa que deveria ser feita essa definição?

Professor José Júnior: Vejo esse ano com uma particularidade e, desta feita, defendo que seja dado abono, e que seja distribuído de modo uniforme a todos/as trabalhadores/as em Educação.

Abono é excepcionalidade, então enquanto trabalhador da Educação e sindicalista, não vejo elementos para entrarmos no mérito de quem tem maior ou menor jornada, ou de quem ocupa cargo de diretor ou vigia. Sabendo, é claro, que existe uma legislação que precisa ser cumprida, e como no caso de Igarapé-Miri, as informações dão conta de que o mínimo de 70% destinado aos profissionais da Educação, foram alcançados, nos resta debater uma distribuição dos recursos que tiverem, igualmente, entre todos.

 

Blog Poemeiro do Miri: Como conquistar os professionais da educação de nosso município e da Regional Baixo Tocantins (onde o sr. também é Coordenador-Geral) para a luta por valorização em todos os meses, e não somente pleitear um eventual abono de fim de ano? Como conquistar a todos para a luta por valorização via plano de cargos, carreira e remuneração (PCCR), com perspectivas de crescimento que não se vincula a “boas vontades” de governantes?

Professor José Júnior: Essa é uma tarefa que torna-se mais difícil a cada dia, os ataques têm sido cada vez mais direcionados. Tem fatos que acontecem que parecem absurdo, mas eles acontecem, como por exemplo, deputados votarem contra o recebimento por parte dos professores de recursos advindos dos precatórios do FUNDEF, sendo que estes recursos deveriam ter sido repassados lá atrás.

Então as nossas lutas têm sido apenas defensivas, com a intenção de manter o que tem; vejamos: o orçamento para a educação em 2015 foi de 133,6 bilhões, e para 2022 será de 70,5 bilhões.

A nossa tarefa é aproximar cada vez mais nossos/as companheiros/as dos debates sobre financiamento e valorização, previdência. Este último elemento tem sido um castigo para os trabalhadores, muitos dos quais tem adoecido devido à alta carga de trabalho, e quando ao final da carreira, é decepcionado com o que recebe como devolução.

Infelizmente, enquanto os trabalhadores em Educação lutavam para manter-se vivo, os governos nos atacavam. Plano de carreira tem que ser palavra de ordem; e 2022 será de muita luta neste país.

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O Blog Poemeiro do Miri agradece a sua atenção e contribuição para este importante debate.

Perguntas: Israel Fonseca Araújo, editor do Blog (poemeiro@hotmail.com)

P.S.Na pessoa de seu editor/fundador, Prof. Israel Fonseca Araújo (servidor público atuante na educação pública miriense), este Blog endossa a luta dos profissionais da educação municipal na Terra do Açaí; em recente Reunião com o Secretário de Educação de Igarapé-Miri (Janilson Oliveira), Araújo afirmou, em tom de apelo aos governistas, que, somente neste caso específico de fim de ano de pandemia de COVID-19 e de mudança na legislação, a gestão faça uma bonificação de fim de ano, em forma de Abono, e que seja distribuído a todos os servidores(as) municipais - não somente aos do grupo Magistério, que inclua os não-docentes; que essa eventualidade, deste momento, não faça nossos camaradas servidores a desistirem de valorização na carreira, o que implica ter PCCR para todos os servidores(as), que inclua, dentre outras garantias:

-- Espaço e incentivos na carreira para que o Servidor(a) possa continuar estudando, fazer cursos técnicos, de aprimoramento e de pós-Graduação (casos de Mestrado e/ou Doutorado);

-- Tempo reservado à efetivação de Hora-atividade ao Servidor Professor(a), nos termos da legislação nacional;

-- Esforços de valorização e instituição de política de educação do campo, respeitadas as suas especificidades

Na pessoa de seu editor/fundador, Prof. Israel Fonseca Araújo (servidor público atuante na educação pública miriense), este Blog endossa a luta dos profissionais da educação municipal na Terra do Açaí; em recente Reunião com o Secretário de Educação de Igarapé-Miri (Janilson Oliveira), Araújo afirmou, em tom de apelo aos governistas, que, somente neste caso específico de fim de ano e de mudança na legislação, a gestão faça uma bonificação de fim de ano, em forma de Abono, e que seja distribuído a todos os servidores(as) municipais - não somente aos do grupo Magistério, que inclua os não-docentes; que essa eventualidade, deste momento, não seja um estímulo aos camaradas servidores a desistirem de (lutar por) valorização na carreira, o que implica ter PCCR para todos os servidores(as), que inclua, dentre outras garantias:

-- Espaços e incentivos na carreira para que o Servidor(a) possa continuar estudando, fazer cursos técnicos, de Nível Superior, de aprimoramento e de pós-Graduação (casos de Mestrado e/ou Doutorado);

-- Tempo reservado à efetivação de Hora-atividade ao Servidor Professor(a), nos termos da legislação nacional;

-- Esforços de valorização e instituição de política de educação do campo, respeitadas as suas  locais e regionais;

-- Reavaliação e reformulação periódica do PCCR existente (Magistério) e inclusão de servidores não-docentes em Plano(s) de carreira;

-- Valorização financeira, mediante progressão na carreira;

-- Fortalecimento da política de Educação Especial, com criação de novos cargos, acompanhamento da legislação nacional e lotação de pessoal profissionalmente qualificado nas estruturas da rede de ensino;

-- Estratégias de fomento permanente ao diálogo com os sujeitos servidores(as) da educação municipal, em todos os seus segmentos;

-- Realização de Conferências Municipais e Plenárias Distritais de Educação, periodicamente;

-- Efetivação do Conselho Municipal de Educação (conforme legislação nacional e municipal), com garantia de estruturas técnica, logística e financeira ao seu pleno funcionamento.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Editorial: Título da Copa Verde é pequeno curativo em uma ferida gigante

Israel Fonseca Araújo (editor, fundador)

Academia Igarapemiriense de Letras (AIL)


Divulgação e arte: Clube do Remo nas suas redes sociais

Uma pessoa que seja torcedor(a) fanático de um clube de futebol geralmente não gosta e/ou não aceita conversar comigo... sobre futebol. Não as adjetivo de "fanático" em termos de menoração, pejorativos etc.: jamais; é somente um recorte. Quem se põe a discutir de modo fanático, profundamente "apaixonado", não aceita ou não quer analisar a conjuntura de um Clube de futebol profissional do tipo Remo ou Paysandu (agremiações paraenses, de uma história fenomenal, que são balizas de felicidades ou tristezas para milhões de pessoas) a partir do exame de fatos e argumentos.

Por isso, não adianta tantos milhares de remistas se empolgarem e se entorpecerem em virtude da conquista, pelo Clube do Remo, do Título de Campeão da Copa Verde 2021; é até bom, dá uma massageada no ego, funciona como um pequeno curativo em uma ferida gigante. Nada mais do que isso.

Quero me fazer entender um pouco melhor (considerando que vc ainda esteja aqui, na conversa rsrsrs): Diretoria e técnicos do Remo, em 2021, desperdiçaram uma oportunidade de ouro, de permanecer na Série B, com orçamento modesto (alguns milhões por ano), tomando medidas cruciais para que o Remo caísse para a Série C. Se os jogadores contribuíram? Obviamente, pois eles é que jogam, chutam, fazem cabeceios, fazem variações de jogadas - ou instituem ausência delas em campo, operacionalizam táticas, cobram faltas, escanteios e pênaltis, fazem A ou B para serem expulsos (por ex., Victor Andrade, em jogo crucial contra o Vasco da Gama, que daria praticamente a garantia de que o Remo permaneceria na Série B em 2022): sim, para ganhar cartões e serem expulsos, eles é que fazem "corpo mole", quando querem, seja para "derrubar treinador" ou por outras razões.

Jogadores como Andrade, citado, e Felipe Gedoz (grande nome do elenco, neste ano de 21, ao lado do goleiro/vereador Vinícius) dão exemplos de como os atletas podem fazer a diferença, em campo e na mobilização das torcidas. Em jogos típicos, Gedoz foi símbolo de apatia em campo, e falta de raça e determinação - em momentos em que, dadas as 38 rodadas, ele(s) tinha(m) meios de levar o Remo a conquistar mais dois ou três pontos (contra o Vasco, recentemente, em São Januário; contra o Londrina, em jogo doa dia 02/11, decisivo para a solução final de não-rebaixamento e não-humilhação nacional e diante de cada torcedor/a seu: na Rodada 33, o LEC venceu o Remo em pleno Estádio Baenão, casa do Remo - link de matéria, AQUI). Esses são apenas dados, indícios de análises.

Outras partidas foram tbm decisivas (lembremos que o Remo só precisava de mais dois pontos para se manter na B/22). Não esqueçamos de que, na partida final, o Remo poderia ter conquistado uma vitória magra contra o já rebaixado Confiança-SE, em pleno Estádio Baenão, lotadíssimo.

Sobre a Diretoria, nunca podemos esquecer de como os "cartolas" contratam mal, fazem dívidas não-pagáveis e metem os pés pelas mãos (em muitas circunstâncias, visando popularidade para fins políticos/eleitorais), contratam treinador para comandar somente 3 ou 4 partidas etc. Ora, sair da B e ir para a Série C (voltar à mesma), deve significar não ter meios financeiros de manter estruturas de base, de formação de atletas (eu não disse deformação...) para, poucos anos depois, ter os tais "ativos" financeiros (Paysandu teve tal ativo, recentemente, com Yago Picachu, p ex.) e para ter bons jogadores que ajudem o clube a se firmar em uma Série B, quem sabe subir para a A, e ter melhores condições de sustentabilidade; ter alguns jogadores formados na base pode ajudar o clube em um dos pontos mais fracos, historicamente, e que saltou aos olhos nesta campanha na B de 2021: o pertencimento, posto que era comum vermos atletas sulistas "nem tchum pra nada", só fazendo um beabá fuleira em campo. Ao vermos, em certas partidas, o Gedoz dando suor pela camisa 10, percebíamos que determinação e raça fazem baita diferença em campo, até nos pés de jogadores mais técnicos, classudos (caso dele).

Ter um treinador - como o era Felipe Conceição - que fica inerte diante de situações cruciais, adversas, tbm custa caro; e pode custar até a permanência na Série B ou na A. Analisando diversas partidas, pude perceber que Conceição não fazia mexidas em um time que, durante todo o primeiro tempo, parecia "morto em campo", acuado por seu adversário, sem produção ofensiva e/ou de riscos de gol etc.; que voltava dos vestiários com a mesma formação e, somente perto dos 35 minutos do segundo tempo, usava suas "peças do banco"; assim sendo, as chances de sair de um 0 x 0 ou de vencer a partida eram quase nulas. Inês estava praticamente morta. Tanto isso é crível que, em algumas partidas, quando o atual treinador (Eduardo Baptista) fazia alterações com mas tempo de jogo, o Remo dava e deu outros sinais.

Por fim, como se trata de Editorial, nossa posição é clara: que os torcedores do Clube do Remo não deixem de enxergar a realidade que está sob seus pés; chega de "servir de bestas" para muitos cartolas oportunistas e treinadores/jogadores descompromissados com o clube, sua história e, sobretudo, seu maior patrimônio: a torcida. Tudo na vida deve ter limite, até "servir de besta".

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Entrevista Exclusiva: Rapper Sumano fala sobre carreira, "26" e resistência às mazelas sociais (809)

Capa. Divulgação de "26" (Capa: Gerson Rocha, fotografia: Jerê Santos)

Nada como um novo sol é uma canção-símbolo na carreira do happer Sumano - nome artístico de Euller Santos, jovem de 26 anos, nascido na vila Menino Deus (Rio Anapu, interior de Igarapé-Miri/PA). A música é um manifesto sonoro e consolidou de vez seu nome na cena do Rap paraense (link pra acessar "Novo Sol", no You Tube: Clique AQUI); nela, o artista canta e declama a "população camponesa que resiste" a uma sociedade racista, opressora e desigual. Nesse momento, Sumano dá ao público as boas-vindas oficiais de um artista que leva suas origens por onde passa, ciente de onde vem e de onde almeja chegar com sua arte. Ponto mais forte de suas canções, que já são muitas, é a (re)afirmação, com muito orgulho e criticidade, de sua identidade enquanto jovem negro do interior. Nelas, Sumano retrata sua realidade, trazendo mensagens de resistência, autoafirmação e, principalmente, esperança por acreditar que a sua musicalidade pode ser poderoso instrumento de partilha de sonhos e sentimentos, capaz de mudar a vida de quem lhe ouve.

Neste momento, desde às vésperas do último dia 02 Sumano está bombando - nas redes sociais, nas rádios, You Tube e demais plataformas - com a sua nova canção de trabalho, intitulada "Sumano - 26". Nesse clima festivo e de resistência contra o racismo estrutural e as exclusões sociais, iniciamos a Entrevista Exclusiva que Sumano concedeu a nosso Blog Poemeiro do Miri, pelo que lhe somos muito grato(s).

 

Poemeiro do Miri - Sumano, desde seu começo (cantando nos movimentos sociais de base, escolas e outros espaços), a resistência e o engajamento são marcas de sua carreira; suas músicas enunciam letras muito críticas e altamente densas em termos teóricos e de denúncia das mazelas sociais (com destaque para o racismo e o extermínio da população pobre, preta e periférica). O que temos de novo e/ou de continuidades na sua mais nova canção, intitulada "Sumano - 26"?

Sumano: Em 26, eu trouxe o paradoxo que é ser um artista preto. A constante proximidade da morte e do sucesso é uma situação que me prende na ideia do "será?". Obviamente aqui eu não falo apenas da morte dos nossos corpos, porém, da morte de sonhos também. O novo dessa vez tá na linguagem mais direta, precisei ser mais objetivo porque não se trata de algo unicamente meu, sei que tem muitos sumanos por aí querendo ver a mãe feliz, numa casa legal, com comida todo dia...sabe, sem se preocupar tanto com o dia seguinte.


Poemeiro do Miri  - Você canta Eu sou prata da casa, brilhando / Tipo aquele prato sem rango; / Tipo cachorro sem dono; / Sem marca dessa coleira. / Só marco gol pro meu bando; / Sou divisor de oceanos": qual a mensagem que "Sumano - 26" vem apresentar aos nossos debates, com essa descrição?

Sumano: Em um jogo de futebol, quando o técnico resolve meter no jogo um jogador que foi formado no próprio time e que está jogando em casa, o locutor diz "vem aí uma prata da casa", que seria uma revelação, um atleta com potencial. Bem, eu sou bom, eu tenho um brilho, mas não me sinto reconhecido como um artista bom por grande parte das pessoas de onde sou (falo em nível de estado); então, eu brilho, mas não como um jogador "prata da casa", mas como um prato sem comida. Que, em outras palavras, é só um prato, não mata minha fome, não alimenta meu sonho. Isso faz eu me fechar, desanima, não desisto porque meus amigos e familiares dão forças (esse é meu bando).

 

Poemeiro do Miri - Você já vem colocando Anapu e Igarapé-Miri no mapa musical do estado, está presente em sites renomados (G1, O Liberal, Genius Brasil) e tem obras disponíveis nas principais plataformas digitais (Youtube, Spotify, Deezer). Em seus 6 anos de estrada, percebemos "carimbos” estaduais e interestaduais, mas, como você analisa sua legitimação em terras mirienses, no cenário artístico/cultural da "terra do Açaí"? Em que podemos avançar, ou como avançar nesse sentido e no fortalecimento dessa musicalidade?

Sumano: Pra ser bem sincero, eu considero minha arte uma viagem, no sentido de que quando estou fora de casa, eu vivo ela intensamente, e quando volto, ela fica na lembrança. Em Igarapé-Miri é onde eu me sinto menos Sumano e mais Euller. Porém eu entendo que sou de uma cultura que não é originalmente nossa (miriense) e entendo também que na nossa terra as informações chegam de forma mais lenta (principalmente por conta do nosso processo histórico). Então, acredito que os sujeitos que promovem eventos culturais no município poderiam mapear e, na medida do possível, tecer relações com os artistas das diferentes culturas afim de entender o nosso rolê e, quem sabe, aproximar a gente da massa fazendo convites pra esses eventos.

 

Poemeiro do Miri - Você vê a pauta moral ou o moralismo barato enquanto um dos principais obstáculos para nosso povo entender e cantar, a plenos pulmões, letras como: "Se essa p**** virar eles vêm pra falar / que deixei de ser eu, que dinheiro corrompe?"

Sumano: Esse mesmo povo canta palavras tão fortes quanto essa em versos de cantores e cantoras da música sertaneja, forró, etc... ao meu ver, nesse caso especificamente, é porque é um sujeito preto, periférico e sem dinheiro que tá  falando e em um gênero marginalizado.

 

Poemeiro do Miri - Na sua letra de "Sumano - 26", você afirma: "Nunca pensaram no que sou capaz / Quando as coisas apertam, inclusive a fome". Qual o tamanho dessa denúncia ou desse desabafo para uma juventude economicamente ativa e que tá "morrendo" de fome nestes tempos de (neo)fascismo e de destruição das redes dignas de trabalho?

Sumano: É comum falar que os artistas, quando passam a viver da arte, ganhar dinheiro mesmo, deixam de ser o mesmo, que se corrompe ou "se vende" pra esse estilo de vida que não é de todos os semelhantes. Percebe? O medo de eu me corromper quando e se eu ganhar grana com isso é menor que o medo do que eu possa fazer hoje por falta de dinheiro. Ouço muito "quando chegar no topo não esquece de onde veio", mas, e agora? O que têm pra me dizer/oferecer agora? Você compartilha minha música? Me chama pro seu evento? Põe minha música no seu som? É disso que eu quero viver sim, mas a realidade não me permite, e muitos iguais a mim optaram por outros caminhos: muitos, o crime, outros o trabalho irregular...isso é sistemático, entende?

 

Poemeiro do Miri - Sumano, de que forma a gestão de políticas públicas locais e regionais pode ser melhor, mais eficiente e mais igualitária, considerando que você transita muito bem por palcos e ajuda a liderar projetos em Abaetetuba, Cametá e Belém? (Sabemos que você esteve ausente do palco do Festival do Açaí 2021, diga-se de passagem)

Sumano: Principalmente Cametá e Abaetetuba têm um povo que se identifica muito com o que é deles e com quem é deles. Existe nesses municípios um constante diálogo entre os coletivos que, por várias vias, aproximam artistas, movimentos sociais, instituições e a sociedade civil no geral. Penso que a raiz esteja no senso de coletividade, e eu não estou dizendo que nesses municípios tudo é 100% bom, mas que estão avançados em algumas coisas em relação a Igarapé-Miri. Eu confesso que queria, sim, que aqui no meu município houvesse mais diálogo nesse sentido. Pessoas dizem "tu que tem quer ir atrás": eu não vou, porque nesses outros municípios eu sou chamado, eu não me ofereço, entende?

 

Poemeiro do Miri - "São 6 canos, 3 manos/ várias mortes nesses 10 anos / 5 mães e 25 planos / 26, se eu viver esse ano" (trecho de Sumano - 26). Cara, te digo que sua letra é um protesto; como você já bem disse antes, suas letras são "manifestos sonoros". De onde vem essa inspiração ou esses gatilhos para problematizar o extermínio jovem/preto em nosso país?

Sumano: Vem do fato de ser um jovem preto. E repito: essas mortes não são apenas físicas. Elas também são a negação do nosso saber, da nossa arte, dos nossos sonhos, da nossa autoestima.

 

Poemeiro do Miri - Quais são os planos para os próximos meses, anos no que diz respeito ao crescimento da visibilidade de seu trabalho na nossa terra e fora, para além dela? Como você espera (juntamente com os "parças" Giovanni Kempes, Jerê Santos, Jacy Santos e tantos outros) sacudir nossos palcos e nossas mentes diante de um cenário de carência de políticas públicas mais plurais e inclusivas?

Sumano: Eu dei início à produção do meu álbum que vai ser lançando em 2022. Será o maior projeto que já produzi, e grande parte dessa turma vai tá comigo na construção. Me encho de esperança ao ver esses sujeitos em destaque, não apenas por serem do meu município, mas por terem a noção de mutirão. No projeto da música 26 envolvemos 5 pessoas de Igarapé-Miri e todas desenvolveram um excelente trabalho. Tomara que nossa gente valorize isso.

 

Poemeiro do Miri - Muito obrigado por esta conversa, pelas respostas e pistas que nos deu. Qual sua mensagem de até logo, para nosso público?

Divulgação de "Sumano - 26" (foto: Jerê Santos)


Sumano
: Um forte abraço em cada um e cada uma que tiver contato com esse material, espero que todos estejam bem e que assim continuem. Obrigado por dedicar um pouco do seu tempo para conhecer um pouco do nosso trabalho. A gente se ver!

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P. S.: Colaborou: Giovanni Kempes, Assessoria-Geral do Projeto "Sumano - 26".


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