domingo, 12 de dezembro de 2021

Editorial: Título da Copa Verde é pequeno curativo em uma ferida gigante

Israel Fonseca Araújo (editor, fundador)

Academia Igarapemiriense de Letras (AIL)


Divulgação e arte: Clube do Remo nas suas redes sociais

Uma pessoa que seja torcedor(a) fanático de um clube de futebol geralmente não gosta e/ou não aceita conversar comigo... sobre futebol. Não as adjetivo de "fanático" em termos de menoração, pejorativos etc.: jamais; é somente um recorte. Quem se põe a discutir de modo fanático, profundamente "apaixonado", não aceita ou não quer analisar a conjuntura de um Clube de futebol profissional do tipo Remo ou Paysandu (agremiações paraenses, de uma história fenomenal, que são balizas de felicidades ou tristezas para milhões de pessoas) a partir do exame de fatos e argumentos.

Por isso, não adianta tantos milhares de remistas se empolgarem e se entorpecerem em virtude da conquista, pelo Clube do Remo, do Título de Campeão da Copa Verde 2021; é até bom, dá uma massageada no ego, funciona como um pequeno curativo em uma ferida gigante. Nada mais do que isso.

Quero me fazer entender um pouco melhor (considerando que vc ainda esteja aqui, na conversa rsrsrs): Diretoria e técnicos do Remo, em 2021, desperdiçaram uma oportunidade de ouro, de permanecer na Série B, com orçamento modesto (alguns milhões por ano), tomando medidas cruciais para que o Remo caísse para a Série C. Se os jogadores contribuíram? Obviamente, pois eles é que jogam, chutam, fazem cabeceios, fazem variações de jogadas - ou instituem ausência delas em campo, operacionalizam táticas, cobram faltas, escanteios e pênaltis, fazem A ou B para serem expulsos (por ex., Victor Andrade, em jogo crucial contra o Vasco da Gama, que daria praticamente a garantia de que o Remo permaneceria na Série B em 2022): sim, para ganhar cartões e serem expulsos, eles é que fazem "corpo mole", quando querem, seja para "derrubar treinador" ou por outras razões.

Jogadores como Andrade, citado, e Felipe Gedoz (grande nome do elenco, neste ano de 21, ao lado do goleiro/vereador Vinícius) dão exemplos de como os atletas podem fazer a diferença, em campo e na mobilização das torcidas. Em jogos típicos, Gedoz foi símbolo de apatia em campo, e falta de raça e determinação - em momentos em que, dadas as 38 rodadas, ele(s) tinha(m) meios de levar o Remo a conquistar mais dois ou três pontos (contra o Vasco, recentemente, em São Januário; contra o Londrina, em jogo doa dia 02/11, decisivo para a solução final de não-rebaixamento e não-humilhação nacional e diante de cada torcedor/a seu: na Rodada 33, o LEC venceu o Remo em pleno Estádio Baenão, casa do Remo - link de matéria, AQUI). Esses são apenas dados, indícios de análises.

Outras partidas foram tbm decisivas (lembremos que o Remo só precisava de mais dois pontos para se manter na B/22). Não esqueçamos de que, na partida final, o Remo poderia ter conquistado uma vitória magra contra o já rebaixado Confiança-SE, em pleno Estádio Baenão, lotadíssimo.

Sobre a Diretoria, nunca podemos esquecer de como os "cartolas" contratam mal, fazem dívidas não-pagáveis e metem os pés pelas mãos (em muitas circunstâncias, visando popularidade para fins políticos/eleitorais), contratam treinador para comandar somente 3 ou 4 partidas etc. Ora, sair da B e ir para a Série C (voltar à mesma), deve significar não ter meios financeiros de manter estruturas de base, de formação de atletas (eu não disse deformação...) para, poucos anos depois, ter os tais "ativos" financeiros (Paysandu teve tal ativo, recentemente, com Yago Picachu, p ex.) e para ter bons jogadores que ajudem o clube a se firmar em uma Série B, quem sabe subir para a A, e ter melhores condições de sustentabilidade; ter alguns jogadores formados na base pode ajudar o clube em um dos pontos mais fracos, historicamente, e que saltou aos olhos nesta campanha na B de 2021: o pertencimento, posto que era comum vermos atletas sulistas "nem tchum pra nada", só fazendo um beabá fuleira em campo. Ao vermos, em certas partidas, o Gedoz dando suor pela camisa 10, percebíamos que determinação e raça fazem baita diferença em campo, até nos pés de jogadores mais técnicos, classudos (caso dele).

Ter um treinador - como o era Felipe Conceição - que fica inerte diante de situações cruciais, adversas, tbm custa caro; e pode custar até a permanência na Série B ou na A. Analisando diversas partidas, pude perceber que Conceição não fazia mexidas em um time que, durante todo o primeiro tempo, parecia "morto em campo", acuado por seu adversário, sem produção ofensiva e/ou de riscos de gol etc.; que voltava dos vestiários com a mesma formação e, somente perto dos 35 minutos do segundo tempo, usava suas "peças do banco"; assim sendo, as chances de sair de um 0 x 0 ou de vencer a partida eram quase nulas. Inês estava praticamente morta. Tanto isso é crível que, em algumas partidas, quando o atual treinador (Eduardo Baptista) fazia alterações com mas tempo de jogo, o Remo dava e deu outros sinais.

Por fim, como se trata de Editorial, nossa posição é clara: que os torcedores do Clube do Remo não deixem de enxergar a realidade que está sob seus pés; chega de "servir de bestas" para muitos cartolas oportunistas e treinadores/jogadores descompromissados com o clube, sua história e, sobretudo, seu maior patrimônio: a torcida. Tudo na vida deve ter limite, até "servir de besta".

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