Se tu viesses ver-me...
(Florbela Espanca)
Se tu viesses ver-me
hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos
cansaços,
Quando a noite de manso
se avizinha,
E me prendesses toda nos
teus braços...
Quando me lembra: esse
sabor que tinha
A tua boca... o eco dos
teus passos...
O teu riso de fonte...
os teus abraços...
Os teus beijos... a tua
mão na minha...
Se tu viesses quando,
linda e louca,
Traça as linhas
dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e
canta e ri
E é como um cravo ao sol
a minha boca...
Quando os olhos se me
cerram de desejo...
E os meus braços se
estendem para ti...
Nostalgia
(Florbela Espanca)
Nesse País de lenda, que me encanta,
Ficaram meus brocados, que despi,
E as jóias que plas aias reparti
Como outras rosas de Rainha Santa!
Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta!
Foi por lá que as semeei e que as perdi...
Mostrem-se esse País onde eu nasci!
Mostrem-me o Reino de que eu sou Infanta!
Ó meu País de sonho e de ansiedade,
Não sei se esta quimera que me assombra,
É feita de mentira ou de verdade!
Quero voltar! Não sei por onde vim...
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!
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Belos sonetos...
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