terça-feira, 28 de julho de 2015

[Festividade de Santana 2015: a uma olhada]

Por: Ericson Aires

(Foto: Dany Maciel)

  
Eram 23h30 do dia 26 de julho de 2015, um Domingo, dia da Santa Padroeira da Cidade de Igarapé – Miri: Nossa Senhora Santana. Na praça da matriz uma multidão aguardava ansiosa pelos tradicionais fogos de artifícios – da roda gigante se via gente por todos os lugares, o largo estava colorido, as pessoas se esbarravam, se puxavam, se cumprimentavam e até tinham uns que arriscavam um aperto de mão ou um abraço. Até parecia que era Natal. A bandinha agitava.

No trapiche o garçom atendia mais um pedido, já cansado, parecia querer dormir, ele, não estava se importando com os fogos - foram 10 dias intensos de trabalho, a família inteira estava na empreitada, vendendo, cobrando, abrindo e fechando prosdócimo, empilhando grades, ufa, quanto serviço. Sua família é só gratidão, a empreitada teve bons lucros. Um tal de ‘Projeto Meio – Dia” veio reavivar a festa e, principalmente, a tradição.

Festa que nos olhos de muito estava esvaziada, sem gente, sem os conterrâneos que moram longe e não vieram. A desculpa, o medo. Houve até boatos que a cidade se chamaria a capital mundial do medo ao invés de se chamar a capital mundial do açaí. O medo. Um medo que aprisiona, faz as pessoas reféns delas mesmas, sem perceber, a cidade que se alembra, também é a cidade que se esquece.

Numa parte estão as pessoas que se alembram, confrades, sabem das suas vidas e até compartilham delas, são irmão e padecem do mesmo medo. A outra não, aqui ninguém conhece, ninguém quer conhecer, não são confrades, muito menos irmãos – eles brigam e se matam entre si, aqui já nascem inimigos, inimigos deles, inimigos da parte da cidade que se alembra. De repente o céu começa a ficar colorido, é os fogos, a multidão extasiada grita e comemora, ao som da bandinha todos se despedem rapidamente da Santa. Num piscar de olhos a praça se esvazia.

Um mar de gente caminha pela Generalíssimo Deodoro, saem dos "guetos", são os inimigos da cidade, as pessoas que ninguém quer ver, os lixos da cidade esquecida e que não existe, a cidade que só existe em época de campanha eleitoral e que por motivo algum poderiam participar da festa. Nem mesmo de um Super Pop.


Foto de Danny Maciel.

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