domingo, 5 de março de 2017

Por que tantas mortes, assassinatos, em Igarapé-Miri?; nota sobre a angústia de um Povo

Israel F. Araújo (editor; poemeiro@hotmail.com)


Este Blog não tem sua atuação focada nas notícias sobre a criminalidade, sobre a desenfreada matança que toma conta desta Cidade e de seus interiores, ao menos desde 2005. Nossa preferência é por POLÍTICA, Cultura, Projetos sociais, pontos de vista sobre fatos; não pela exposição do "sangue derramado". Não somos, enfim, sensacionalistas. Nossa história e formação não nos permitem isso.

Mas, em razão do profundo desespero que tem se abatido sobre todos nós, temos falado bastante sobre isso. É caso bem sabido entre todos nós do quanto era repetido, por uma ex-Vereadora da cidade(*), entre 2009 e 2012, que "Igarapé-Miri parecia um Big Brother", já que a cada semana uma pessoa estaria sendo (lá nesse momento) assassinada. E a ex-parlamentar recebia a confirmação de toda uma cidade. Esse era um tempo em que as pessoas já davam a entender que, aquela realidade, já seria um limite, de onde não se podia mais passar, que a criminalidade não poderia mais aumentar. Acontece que a criminalidade se fortalece, se renova a cada tempo, fortalece seus métodos de ação. Muda de endereço, faz rodízios de lugares críticos, segue para nossos rios, ramais. Enfim, o crime organizado (ainda que não tenha reconhecidas assessorias) possui estrutura que lhe permite se manter, e conta com a omissão do Estado-Nação, com a omissão das autoridades (ver matéria anterior, deste Blog: http://poemeirodomiri.blogspot.com.br/2017/02/violencia-matando-nosso-povo-e-simao.html).

Por que será que a criminalidade cresce tanto?; por que tantas armas, tanta munição à solta nos rios, nos rios, nos ramais?; não existe investigação, serviços de inteligências das polícias, sobretudo da Polícia Civil do Pará?; como entram, circulam, como são comercializadas as armas? Quem ainda não sabe que armas são, apenas, as ferramentas, que o que permite que elas existam é uma estrutura muito maior?; por que o Governo do Pará, e os deputados (sobretudo eles e elas) que são votados em Igarapé-Miri parecem simplesmente virar as costas a este Povo?; será que a população vai esquecer disso, em outubro do ano que vem? (pois, aparentemente, vem se esquecendo a cada um, dois ou quatro anos). Desculpas pela franqueza.

Nosso Povo, pelas falas de tanta gente, vem repetindo a uma só voz: hoje as vítimas são essas, já conhecidas, já sepultadas, as famílias já estão arrasadas (talvez permanentemente arrasadas), e amanhã, quem será atingido?; quantas famílias já perderam os seus, seja no confronto entre rivais (que mata alvos certeiros), seja pelas "balas perdidas"?

O que é o limite disso? até onde irá essa tragédia?; as famílias, em sua maioria, já recuaram do direito de estar nas ruas e nas praças, nas festas, nos espaços públicos de lar. Uma espécie de "debandada", de entregar a cidade à própria sorte, pois é isso que a citada omissão sugere. Que as autoridades abriram mão. Correr atrás dos prováveis assassinos é preciso, pelas questões legais, para elucidar crimes, denunciar, processar, julgar, punir, mas nada disso previne; nada disso traz as crianças de volta (nem Beliton, nem Rodolfo, nem Cauê, nem tantos e tantos). Pedir a ROTAM (polícia que assusta pela "brabeza") é uma saída, ter a Rotam, Canil e outros, uns dias por mês nesta cidade, dá um sinal de presença do estado (aí, por uns dias, há migração de ações criminosas para áreas distantes da cidade...), mas tentar resolver problemas cortando as folhas - ao invés de atacar a raiz apodrecendo -, podando galhos altos, parece que não resolverá de jeito nenhum essa trágica situação.

Por que não "botar essas autoridades contra a parede"?; será que "ameaça" de não-votar já não seria um bom sinal?; essas famílias, já profundamente marcadas, não podem esquecer de tantas perdas. A ação na prevenção desses problemas, nos projetos sociais prefeito, vice, vereadores, secretarias de governos, senadores...), na investigação sigilosa (sem ações dadas) poderia ser uma saída casada?

Ninguém aguenta mais isso.


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Pela Revolta com morte de uma criança (a tiros), na manhã de 04/03/2017, no Bairro Boa Esperança, em Igarapé-Miri, Pará.



(*) Ex-Vereadora Constância Almeida, ex-DEM.

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