domingo, 9 de julho de 2017

O que esperar de (ou o que seria um) Governo de Peso? (falas populares)

Prof. Israel Araújo
Editor; poemeiro@hotmail.com


“Eles acabaram com tudo, em apenas seis meses”
(De um lúcido Cidadão igarapemiriense, em uma das agências de banco da cidade)


(O que seria um governo "de peso"?; fonte: www.al.sp.gov.br)



Uma resposta à pergunta, não-pergunta, que dá nome ao título desta brevíssima reflexão, pode estar na charge-síntese, acima transcrita. Tratar-se-ia de uma boa barcada de "parceiros", todos bem agasalhados pelo Chefe de Governo, e que não parecem ajudar em nada: enquanto o chefe maior está "trabalhando", seus aliados tornariam ainda mais pesada a cruz carregada pelo governante. Simbologias com a Semana Santa e ligações de sentido com a estada de Jesus Cisto nesta Terra, sua missão etc., tudo isso, claro, tirem as conexões para um campo do "nada a ver".

Ora, estamos tratando de Igarapé-Miri, onde o povo pobre, quem sabe "os pequeninos" de Jesus (alguém poderia dizer) estão bem castigados com uma cidade precarizada, às escuras, seriamente esburacada em suas ruas centrais, com as periferias quase intrafegáveis, onde parte do povo igarapemiriense não vê a tão esperada "luz" no fim de túnel - ou ao virar a esquina. Jovens pobres e negros morrendo todo dia, vitimados pela sempre crescente violência urbana, assim como o povo dos meios ribeirinhos/rurais, as nossas ilhas;pura  extensão dos conceitos de "urbano", de "cidade".

Espécie de o "mito que é tudo" e não é nada. Em uma transposição caricata de que não dá para passar pelo Bojador. Que a dor está sendo cada vez mais crescente. Atravessar esse "mar" miriense, rumo a um tempo de esperanças? Eita situação a nos circunscrever tanto... Já sabemos de décadas: a vida deste Povo em muito depende das governanças que se instalam aqui. E "aqui" significa nesta terra "de Sant'Ana".

Seis meses de governança de Ronélio Quaresma (o Toninho Peso Pesado, PMDB) já podem, sim, dizer muita coisa sobre o que esperar dos meses mais difíceis, ou seja, os quem estão por vim, pois o segundo semestre pode ser menos bondoso no que tange às remessas de recursos do Governo federal (e, isso, em uma país de crises). A fala-epígrafe disposta acima foi capturada ao acaso, sem que a fonte do Poemeiro do Miri precisasse indagar o que fosse, e pode mesmo ser o termômetro de um sentimento, deprimido, da autoestima miriense às portas da época em que essa "estima" mais alto se mostra: o começo da Festividade de Nossa Senhora Sant'Ana; festividade essa que não é termômetro da experiência administrativa, de governo nesta querida cidade, mas que dela recebe, sem dúvida, sérios reflexos.

Além das muitas centenas de igarapemiriense que tendem a se sentir usados/as, ao se tornarem servidores contratados/as por um ano, começarem a trabalhar entre março e abril (talvez não cheguem a receber de modo correto) e, depois, são desligados abruptamente do Quadro de Pessoal, além disso tudo (o que já é muita coisa), tem a Praça Padre Henrique, símbolo desta cidade e dessa festividade, caindo aos pedaços (sentido denotativo); tem parcela considerável do funcionalismo municipal que chega à metade do mês talvez sem receber seus salários (o mais básico de tudo); tem-se (distanciamento, para não adotar o "temos", pela dialogicidade deste), tem-se um governo marcado por lideranças políticas que defendem Michel Temer (PSDB-SP), que atacam mirienses nas redes sociais e que, por isso mesmo, DEFENDEM AS "REFORMAS" DA PREVIDÊNCIA e trabalhista.

Isto é, defendem a destruição de direitos do Povo pobre, que é, exatamente, o Povo pobre do Norte/Nordeste do Brasil (acima de tudo, claro). Vejamos: este nosso Povo, vocês e eu, neste mês mágico para a nossa Terra, estamos bem apertados em termos de esperanças.

E ainda tem as mobilizações de bastidores, as sugestões de nossas fontes, as quais apontam para os primeiros rachas entre Prefeito e Vice-Prefeito de Igarapé-Miri de hoje, modelo bem traçado em passados não tão distantes (governos de Miguel Pantoja/Aladim; Mário Leão/Joca; Dilza Pantoja/Carmem Pantoja; Pé de Boto/Edir...), em cujas arquiteturas, já sabemos, havia grande parte das bases que hoje são vistas em torno da Praça Sarges Barros.

Se as famílias de João de Sarges Barros e do "Senador Garcia" pudessem vim à praça pública, nestes dias, teriam muito o que reclamar, não?

Ah, um pouco de poesia:



ULISSES
(Fernando Pessoa)

O mito é um nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É o mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade.
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada morre.
 (Fim)


MAR PORTUGUÊS
(Fernando Pessoa)

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(Fim)







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