segunda-feira, 8 de outubro de 2018

ELEIÇÃO DO ATRASO? JADER BARBALHO ([P]MDB) E ZEQUINHA MARINHO (PSC) FAZEM DOBRADINHA DA DESESPERANÇA, NO PARÁ DE 2018


Opinião: Prof. Israel Fonseca Araújo (editor) 


(O Senador Jader Barbalho, líder de uma família que tem super-estrutura de jornais, RBA TV, sites, retransmite a TV Bandeirantes, entre outros meios de se fazer política)


PRIMEIRO, O CAOS...

1. As eleições de 2018, no Pará, deram uma prova do atraso, do processo de “se afundar” no sentido da vida pública e da re-conquista da Democracia (a partir do processo de escolha de representantes do Povo, por meio do voto, das eleições; estas (essas disputas, esse processo de guerras entre pessoas e lideranças, às vezes por meio muita trapaça e muitas traições) acontecem a cada dois anos (Prefeito e Vereador, numa, Presidente, Senador, Governador, deputados federal e estadual/distrital, na outra).

2. A título de exemplo desse atraso e desse “afundar-se” para porões de uma vida nada democrática, que já deveria ter sido sepultada pelos idos de 1985, destaque-se que os representantes maiores do Fascismo, no Brasil, elegeram mais de 50 (cinquenta) deputados federais no dia de ontem (07.10.2018). Serão mais de 50 deputados atuando em Brasília, com direito a votos e muito poder de barganha (cargos, muitos assessores, jantares com governantes, “diálogos” com empreiteiras etc.). É prudente supor que eles e elas estarão no centro do ataque às minorias, ao diferente, às políticas públicas com forte mão do Estado (Saúde, Seguridade Social, Aposentadorias, Cultura, Esporte e Lazer, citados uns somente), que serão líderes do ataque focado na educação básica pública e, especialmente, pra cima das universidades públicas: tais deputados(as) do PSL, partido “de Bolsonaro”, terão apoio incondicional dos seus aliados do DEM (de Rodrigo Maia, reeleito no Rio), de Hélio Leite no Pará; do PP (inesquecível de Paulo Maluf); do PRB (quem se esquece de Igreja “não sei o que lá” do Reino de Deus [Gabriel, o Pensador], do PSD (de Éder Mauro, no Pará) e de coisas mais inomináveis, como o Podemos (PODE).

3. Nas Assembleias Legislativas (os parlamentos estaduais), também foram escolhidos muitos líderes políticos que devem trabalhar contra o povo mais pobre deste País. Caso do estado do Pará (uma imensa listagem de golpistas, aliados de Simão Jatene e Jader, foi definida; trata-se de um horizonte perturbador para a classe trabalhadora; será que a Hydro tá “bem na foto”?), de São Paulo (a Janaína Paschoal [advogada que escreveu a Peça usada pelo PSDB para retirar uma Presidenta honesta do cargo, com apoio decisivo de Eduardo Cunha, Aécio Neves, de Temer e grande elenco], do PSL, foi eleita com a maior votação da história desse parlamento: mais dois milhões de votos...), sangramento esse que segue Brasil afora. Um cenário de horror.

4. O caso do Senado Federal (Senadores podem destituir Presidente... basta um acordo lá por cima, “com o Supremo [Tribunal Federal], com tudo”) é muito mais grave (ver o item seguinte, sobre a tragédia paraense): no Rio de Janeiro, um filho de Bolsonaro (Flávio Bolsonaro), visto pela crítica como exatamente racista fascista, homofóbico e violento como o pai (dele, Jair), se elegeu, com imensa votação (foram: 4.380.418 votos ou 31,36% dos votos válidos); no Distrito Federal, o pai da Lei da Mordaça (o “Escola sem partido”), dep. Izalci (PSDB) se elegeu Senador, juntamente com a Leila “do vôlei”; em São Paulo, Paraná e Minas Gerais as perdas são de parir lágrimas democráticas: Eduardo Suplicy foi jogado para quarto lugar, assim como Roberto Requião (menor Senador do PMDB de todo o Brasil) também perdeu e Dilma Rousseff levou um golpe (em termos de táticas) dos golpistas do PSDB e PMDB [eles dizem MDB kkk): por honestidade, Dilma não permitiu alianças com os golpistas do MDB (opas, é PMDB!), mas estes deram o troco: Aécio Neves e Michel Temer construíram táticas para inviabilizar o governo petista mineiro de Fernando Pimentel; isso abriu meios para a não-vitória de Dilma. É, sem dúvida, a maior perda democrática destas Eleições. Mas, vejamos o caso do estado do Pará...


DEPOIS, MAIS CAOS: JADER E ZEQUINHO NO PARÁ

5. Jader Barbalho (que só usa o nome “Jader”, pois Barbalho espanta votos) já foi governador do Pará por duas vezes (perdeu uma disputa, em 1994, para o coronel Almir Gabriel), foi Ministro de Estado em governos contrários aos interesses dos pobres, deputado federal e está como Senador da República. E, sendo um dos piores homens públicos do Pará, pasmem: se reelegeu Senador da República, ontem (mais de um milhão e trezentos mil votos; exatos: 1.383.306). Em 2010, ele ficou em segundo lugar (atrás de Flexa Ribeiro/PSDB) e, agora, ficou em primeiríssimo, com Zequinha (PSC) logo atrás. Depois, trazemos Zequinha. Voltemos ao Jader.

6. Considerado disparadamente um dos piores políticos do Pará e um dos piores senadores do Brasil, Jader fez uma campanha perfeita, tática perfeita. Barbalhão (chamemos assim, pois é um mega patriarca, coronel velho, dono de terras, gentes, emissoras e devotos) construiu uma tática de guerra perfeita: se juntou a uma grande liderança evangélica (cacique dos grandes, dono de milhares de votos de cabresto), o Sr. Zequinha Marinho (que era deputado federal, saiu, pôs a esposa Júlia Marinho para receber seus votos e se tornou Vice-Governador junto de, hum, quem?, quem mesmo??? R: Simão Jatene, a mais perfeita cria de Jader Barbalho; em 2014, Zequinha ajudou Jatene a derrotar Helder Barbalho (para o governo estadual), somente chamado de Helder; você já entendeu o motivo!)). Mar, amores vem e amores se vão: Zequinha, agora, deu rasteira em Jatene e se juntou ao considerado Jader/Helder Barbalho, se lançou casadamente com Barbalhão candidato ao Senado e (deixe de ser incrédulo) se elegeu em segundo lugar (à frente do Golpista Flexa Ribeiro, candidato de Jatene, que pegou rasteira...) para o Senado (a esposa de Zequinha, desta vez, não se elegeu; conseguiu somente 75.334 votos): foram mais de um milhão e trezentos mil votos (exatos: 1.374.956 votos) no atual Vice-Governador.

7. Ou seja, a cartada de Barbalhão foi certeira. Sua ex-mulher, que usa o nome Elcione (você já entendeu o motivo!), foi reeleita, Priante (espécie de agregado político) também foi eleito (Mas a Simone Morgado não se reelegeu, uma baixa no time, mesmo tendo 57.640 votos: teria o cargo que quisesse num eventual governo de Helder/) e seu filho (de Jader/Jader/Zequinha/Lúcia Vale), Helder, está favorito para conquistar o governo do Pará, na disputa de segundo turno (não ganhou em 2014, você se lembra) diante do escolhido de Jatene, o atual deputado Márcio Miranda, do DEM (o DEM, você já conhece), de Rodrigo Maia e Cia. Votos casados para o Senado e Flexa carregando o peso que é Jatene nas costas levaram Jader e Zequinha à vitória. O Jader que, vocês bem conhecem, é o considerado da política do Pará, chamado de “político velho”, homem que tem uma carga histórica muito feia (durante seus governos, abundam as mortes no campo, perdas de vidas de trabalhadores e trabalhadoras rurais, sobretudo). Jader tem se dado ao luxo de nem trabalhar em Brasília, de custar tão caro quanto Bolsonaro (no sentido de receber toda aquela grana parlamentar, mas não trazerem resultados para o povo de seus estados, nem para a Nação), de ser um dos campeões de ausências ao Plenário (lugar legítimo de atuação, de trabalho parlamentar!): Barbalhão sabe que (a maioria de) nosso povo não tá nem aí para político que trabalhe, que seja íntegro, honesto e que defenda os interesses da classe trabalhadora, do povo mais pobre.

8. Assim, Barbalhão segue sua saga de vitórias contra o povo. Mas, para não ser injusto com ninguém, tenho de mostrar como Jader trabalha (táticas): o pai de Helder Barbalho pertence ao PMD, sem o “P”. Faz parte de um partido fisiológico, integra um grupo de lideranças estaduais que fecham acordos com o Presidente que esteja no Plantão. Assim, gozam de entrada franca em Ministérios, Secretarias, Diretorias, nomeiam políticos de sua confiança (técnicos, também, mais raramente), participam de jantares, andam com prefeitos, deputados e assessores às pencas (andam por esses Ministérios, Secretarias, Diretorias...) à caça de liberações para municípios, conseguem farta votação de eleitores como os do Pará (e do Maranhão, Alagoas, Rio...), elegem número grande de Prefeituras, o que lhes dá forças junto aos candidatos à Presidência, se tornando integrantes do Governo Federal que assumir (de José Sarnei até Dilma/Temer), depois disputam prefeituras e câmaras municipais (viu?, um círculo, não é?) e, depois, tentam suas vagas para o Senado, Câmara Federal, parlamentos estaduais e governos de estado (viu?, um círculo, não é?).

9. No meio disso tudo (não tem relação com o poema da “pedra”, de Drummond), fazem amores eleitorais e religiosos com lideranças de igrejas de toda sorte (ditas cristãs, entendamos); com apoio de falsos pastores, de empresários da Fé, de não-cristão vestidos em roupas atraentes, de outras coisas (pessoas, entendamos) para, finalmente, fazerem-se deputados, senadores e governadores (prefeitos e vereadores vem depois).

10. No meio disso tudo, fica o povo de cada estado, mas, isso (estes, entendamos), é outra coisa, é meio, não é fim. Zequinha Marinho passa bem.


MAS, ALÉM DISSO, A ESPERANÇA...

11. Estamos dizendo que o Povo é soberano, isso você já entendeu. Se o Pará tem ao menos 14 deputados(as) federais golpistas, que ajudaram Michel Temer, Eduardo Cunha e Aécio Neves a afastar uma Presidente honesta, que não cometeu Crime de Responsabilidade (seria a possibilidade democrática de cassar o mandato de Presidente, nos termos da Constituição Federal vigente), se Edmilson Rodrigues (PSOL), Zé Geraldo (PT) e Beto Faro (PT) são exceções, isso significa que este Povo tinha, ontem, a oportunidade de retirar esses(as) 14 (catorze) e buscar outros 14. De um lado, milhares de eleitores mantiveram Edmilson Rodrigues e Beto Faro por mais 4 anos (2019 até 2021), substituíram Zé Geraldo por Airton Faleiro (PT), mas, acreditem, não trocaram os catorze (quando substituíram uns foi por outros de mesma linha). Zé Geraldo concorreu ao Senado, não sendo eleito, você já sabe.

12. Parece uma situação insustentável, não? Como imaginar, em um país que se quer forte, que uma parte da população votaria contra os interesses da classe trabalhadora e que daria mandatos para lideranças políticas que prejudicarão os serviços de Educação, Saúde, Segurança, Cultura, Esporte e Lazer (p. ex.)? No caso de Belém do Pará, p. ex., a maioria dos eleitores(as), que é formada por pessoas pobres e que já viram um mandato popular (de Edmilson Rodrigues, 1997-2004), votou (ontem) contra os interesses do povo mais pobre: deu voto de confiança para um Projeto de país de base nazi-fascista, de incentivo à violência e de pregação/disseminação do ódio contra mulheres, negros, população LGBT e outros. Esse é um perfil de eleitor(a) que, possivelmente, é peculiar do Brasil, o que bem ajuda a entender por que Jader Barbalho está há tantos anos fazendo o dele na nossa vida pública.

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Era preciso mais e mais dizer, mas já tá bom por hoje.



* ISRAEL FONSECA ARAÚJO, Mestre em Letras pela UFPA, é professor, blogueiro, poeta, cronista e responsável pela "TV" no You Tube PALAVRA ABERTA (Link: https://www.youtube.com/channel/UCNqeiei6B7v79A1s8WsaDuA?view_as=subscriber)

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