Opinião: Prof. Israel Fonseca Araújo (editor)
(O Senador Jader Barbalho, líder de uma família que tem super-estrutura de jornais, RBA TV, sites, retransmite a TV Bandeirantes, entre outros meios de se fazer política)
PRIMEIRO, O CAOS...
1.
As eleições de 2018, no Pará, deram uma prova do atraso, do processo de “se
afundar” no sentido da vida pública e da re-conquista da Democracia (a partir
do processo de escolha de representantes do Povo, por meio do voto, das eleições; estas (essas disputas, esse
processo de guerras entre pessoas e lideranças, às vezes por meio muita trapaça
e muitas traições) acontecem a cada dois anos (Prefeito e Vereador, numa, Presidente, Senador, Governador, deputados
federal e estadual/distrital, na outra).
2.
A título de exemplo desse atraso e desse “afundar-se” para porões de uma vida
nada democrática, que já deveria ter sido sepultada pelos idos de 1985,
destaque-se que os representantes
maiores do Fascismo, no Brasil, elegeram
mais de 50 (cinquenta) deputados federais no dia de ontem (07.10.2018).
Serão mais de 50 deputados atuando em Brasília, com direito a votos e muito
poder de barganha (cargos, muitos
assessores, jantares com governantes, “diálogos” com empreiteiras etc.). É
prudente supor que eles e elas estarão no
centro do ataque às minorias, ao diferente, às políticas públicas com forte
mão do Estado (Saúde, Seguridade Social, Aposentadorias, Cultura, Esporte e
Lazer, citados uns somente), que serão líderes do ataque focado na educação
básica pública e, especialmente, pra cima das universidades públicas: tais
deputados(as) do PSL, partido “de
Bolsonaro”, terão apoio incondicional dos seus aliados do DEM (de Rodrigo Maia, reeleito no Rio), de Hélio Leite no Pará; do PP (inesquecível de Paulo Maluf); do PRB (quem se esquece de Igreja “não sei
o que lá” do Reino de Deus [Gabriel, o Pensador], do PSD (de Éder Mauro, no Pará) e de coisas mais inomináveis, como o
Podemos (PODE).
3.
Nas Assembleias Legislativas (os parlamentos estaduais), também foram
escolhidos muitos líderes políticos que devem trabalhar contra o povo mais
pobre deste País. Caso do estado do Pará (uma imensa listagem de golpistas,
aliados de Simão Jatene e Jader, foi definida; trata-se de um horizonte
perturbador para a classe trabalhadora; será que a Hydro tá “bem na foto”?), de
São Paulo (a Janaína Paschoal [advogada que escreveu a Peça usada pelo PSDB
para retirar uma Presidenta honesta do cargo, com apoio decisivo de Eduardo
Cunha, Aécio Neves, de Temer e grande elenco], do PSL, foi eleita com a
maior votação da história desse parlamento: mais dois milhões de votos...),
sangramento esse que segue Brasil afora. Um cenário de horror.
4.
O caso do Senado Federal (Senadores podem destituir Presidente...
basta um acordo lá por cima, “com o Supremo [Tribunal Federal], com tudo”) é
muito mais grave (ver o item seguinte,
sobre a tragédia paraense): no Rio de Janeiro, um filho de Bolsonaro (Flávio
Bolsonaro), visto pela crítica como exatamente racista fascista, homofóbico e violento como o pai
(dele, Jair), se elegeu, com imensa votação (foram: 4.380.418 votos ou 31,36% dos votos
válidos); no Distrito Federal, o pai da Lei da Mordaça (o “Escola
sem partido”), dep. Izalci (PSDB) se elegeu Senador, juntamente com a Leila “do
vôlei”; em São Paulo, Paraná e Minas Gerais as perdas são de parir lágrimas
democráticas: Eduardo Suplicy foi jogado para quarto lugar, assim como Roberto
Requião (menor Senador do PMDB de todo o Brasil) também perdeu e Dilma Rousseff
levou um golpe (em termos de táticas) dos golpistas do PSDB e PMDB [eles dizem
MDB kkk): por honestidade, Dilma não
permitiu alianças com os golpistas do MDB (opas, é PMDB!), mas estes deram o
troco: Aécio Neves e Michel Temer construíram táticas para inviabilizar o governo
petista mineiro de Fernando Pimentel; isso abriu meios para a não-vitória de
Dilma. É, sem dúvida, a maior perda democrática destas Eleições. Mas, vejamos o
caso do estado do Pará...
DEPOIS, MAIS CAOS: JADER E ZEQUINHO
NO PARÁ
5.
Jader Barbalho (que só usa o nome “Jader”, pois Barbalho espanta votos) já foi governador do Pará por duas vezes
(perdeu uma disputa, em 1994, para o coronel Almir Gabriel), foi Ministro de
Estado em governos contrários aos interesses dos pobres, deputado federal e
está como Senador da República. E, sendo um dos piores homens públicos do Pará,
pasmem: se reelegeu Senador da República, ontem (mais de um milhão e trezentos
mil votos; exatos: 1.383.306). Em 2010, ele ficou em segundo lugar (atrás de
Flexa Ribeiro/PSDB) e, agora, ficou em primeiríssimo, com Zequinha (PSC) logo
atrás. Depois, trazemos Zequinha. Voltemos ao Jader.
6.
Considerado disparadamente um dos piores políticos do Pará e um dos piores
senadores do Brasil, Jader fez uma campanha perfeita, tática perfeita. Barbalhão
(chamemos assim, pois é um mega patriarca, coronel velho, dono de terras,
gentes, emissoras e devotos) construiu uma tática de guerra perfeita: se juntou
a uma grande liderança evangélica (cacique dos grandes, dono de milhares de
votos de cabresto), o Sr. Zequinha Marinho (que era deputado federal,
saiu, pôs a esposa Júlia Marinho para receber seus votos e se tornou
Vice-Governador junto de, hum, quem?,
quem mesmo??? R: Simão Jatene, a mais perfeita cria de Jader Barbalho; em 2014,
Zequinha ajudou Jatene a derrotar Helder Barbalho (para o governo estadual),
somente chamado de Helder; você já entendeu o motivo!)). Mar, amores vem e
amores se vão: Zequinha, agora, deu rasteira em Jatene e se juntou ao
considerado Jader/Helder Barbalho, se lançou casadamente com Barbalhão candidato
ao Senado e (deixe de ser incrédulo)
se elegeu em segundo lugar (à frente do Golpista Flexa Ribeiro, candidato de
Jatene, que pegou rasteira...) para o Senado (a esposa de Zequinha, desta vez, não se elegeu; conseguiu somente 75.334 votos): foram mais de um milhão e trezentos mil votos (exatos: 1.374.956 votos) no atual Vice-Governador.
7.
Ou seja, a cartada de Barbalhão foi certeira. Sua ex-mulher, que usa o nome
Elcione (você já entendeu o motivo!), foi reeleita, Priante (espécie de
agregado político) também foi eleito (Mas
a Simone Morgado não se reelegeu, uma baixa no time, mesmo tendo 57.640 votos: teria o cargo que quisesse
num eventual governo de Helder/) e seu filho (de Jader/Jader/Zequinha/Lúcia
Vale), Helder, está favorito para conquistar o governo do Pará, na disputa
de segundo turno (não ganhou em 2014, você se lembra) diante do escolhido de
Jatene, o atual deputado Márcio Miranda, do DEM (o DEM, você já conhece), de
Rodrigo Maia e Cia. Votos casados para o Senado e Flexa carregando o peso que é
Jatene nas costas levaram Jader e Zequinha à vitória. O Jader que, vocês bem
conhecem, é o considerado da política
do Pará, chamado de “político velho”, homem que tem uma carga histórica muito
feia (durante seus governos, abundam as mortes no campo, perdas de vidas de
trabalhadores e trabalhadoras rurais, sobretudo). Jader tem se dado ao luxo de
nem trabalhar em Brasília, de custar tão caro quanto Bolsonaro (no sentido de
receber toda aquela grana parlamentar, mas não trazerem resultados para o povo
de seus estados, nem para a Nação), de ser um dos campeões de ausências ao Plenário (lugar legítimo
de atuação, de trabalho parlamentar!): Barbalhão sabe que (a maioria de) nosso
povo não tá nem aí para político que trabalhe, que seja íntegro, honesto e que
defenda os interesses da classe trabalhadora, do povo mais pobre.
8.
Assim, Barbalhão segue sua saga de vitórias contra o povo. Mas, para não ser
injusto com ninguém, tenho de mostrar como Jader trabalha (táticas): o pai de
Helder Barbalho pertence ao PMD, sem o “P”. Faz parte de um partido
fisiológico, integra um grupo de lideranças estaduais que fecham acordos com o
Presidente que esteja no Plantão. Assim, gozam de entrada franca em
Ministérios, Secretarias, Diretorias, nomeiam políticos de sua confiança
(técnicos, também, mais raramente), participam de jantares, andam com
prefeitos, deputados e assessores às pencas (andam por esses Ministérios, Secretarias, Diretorias...) à caça de
liberações para municípios, conseguem farta votação de eleitores como os do
Pará (e do Maranhão, Alagoas, Rio...), elegem número grande de Prefeituras, o
que lhes dá forças junto aos candidatos à Presidência, se tornando integrantes
do Governo Federal que assumir (de José Sarnei até Dilma/Temer), depois
disputam prefeituras e câmaras municipais (viu?,
um círculo, não é?) e, depois, tentam suas vagas para o Senado, Câmara
Federal, parlamentos estaduais e governos de estado (viu?, um círculo, não é?).
9. No meio disso tudo (não tem relação
com o poema da “pedra”, de Drummond), fazem amores eleitorais e religiosos com
lideranças de igrejas de toda sorte (ditas
cristãs, entendamos); com apoio de falsos pastores, de empresários da Fé,
de não-cristão vestidos em roupas atraentes, de outras coisas (pessoas,
entendamos) para, finalmente, fazerem-se deputados, senadores e governadores
(prefeitos e vereadores vem depois).
10.
No meio disso tudo, fica o povo de cada estado, mas, isso (estes, entendamos),
é outra coisa, é meio, não é fim. Zequinha Marinho passa bem.
MAS, ALÉM DISSO, A ESPERANÇA...
11.
Estamos dizendo que o Povo é soberano, isso você já entendeu. Se o Pará tem ao
menos 14 deputados(as) federais golpistas, que ajudaram Michel Temer, Eduardo
Cunha e Aécio Neves a afastar uma Presidente honesta, que não cometeu Crime de
Responsabilidade (seria a possibilidade democrática de cassar o mandato de
Presidente, nos termos da Constituição Federal vigente), se Edmilson Rodrigues (PSOL),
Zé Geraldo (PT) e Beto Faro (PT) são exceções, isso significa que este Povo tinha, ontem,
a oportunidade de retirar esses(as) 14 (catorze) e buscar outros 14. De um
lado, milhares de eleitores mantiveram Edmilson Rodrigues e Beto Faro por mais
4 anos (2019 até 2021), substituíram Zé Geraldo por Airton Faleiro (PT), mas,
acreditem, não trocaram os catorze (quando
substituíram uns foi por outros de mesma linha). Zé Geraldo concorreu ao Senado, não sendo eleito, você já sabe.
12.
Parece uma situação insustentável, não? Como imaginar, em um país que se quer
forte, que uma parte da população votaria contra os interesses da classe
trabalhadora e que daria mandatos para lideranças políticas que prejudicarão os
serviços de Educação, Saúde, Segurança, Cultura, Esporte e Lazer (p. ex.)? No
caso de Belém do Pará, p. ex., a maioria dos eleitores(as), que é formada por
pessoas pobres e que já viram um mandato popular (de Edmilson Rodrigues,
1997-2004), votou (ontem) contra os interesses do povo mais pobre: deu voto de
confiança para um Projeto de país de base nazi-fascista, de incentivo à
violência e de pregação/disseminação do ódio contra mulheres, negros, população
LGBT e outros. Esse é um perfil de eleitor(a) que, possivelmente, é peculiar do
Brasil, o que bem ajuda a entender por que Jader Barbalho está há tantos anos
fazendo o dele na nossa vida pública.
Era preciso mais e mais dizer, mas já tá bom por hoje.
* ISRAEL FONSECA ARAÚJO, Mestre em Letras pela UFPA, é professor, blogueiro, poeta, cronista e responsável pela "TV" no You Tube PALAVRA ABERTA (Link: https://www.youtube.com/channel/UCNqeiei6B7v79A1s8WsaDuA?view_as=subscriber)
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