sexta-feira, 14 de abril de 2017

Não é texto de Sexta-Feira Santa, é sobre "Senhorita" Andreza

Israel Araújo (editor; poemeiro@hotmail.com)


(Diário online)


O dia de quinta-feira Santa, 13 de abril, por volta de 20:30h, marca a execução de Andreza Ariani Castro de Souza, 22 anos, uma moça que se autodenominava “Senhorita Andreza”. Era moradora de Belém (PA), tendo se tornado famosa desde janeiro de 2016, depois que um vídeo por ela estrelado viralizou nas redes socais e nos grupos de zap/zap; no mesmo, a "senhorita" chamava a "galera" para participar de "uma social", em seu "setor", uma festa que seria constituída por drogas, sexo, libertinagens. Na noite de ontem, a "Senhorita" foi executada por dois homens, próximo à Av. Independência, em Belém, com cinco tiros, estando estes em uma moto.

O site "diário oline" divulgou, quase simultaneamente à morte:

  
Bastou um vídeo convidando os amigos para uma “social” regada a álcool e entorpecentes, com a garantia de que não teria a intromissão da polícia, que vazou e ganhou as redes sociais, em janeiro de 2016, para abrir as portas da fama de Andreza Ariani Castro de Souza, 22 anos, que se autodenominava “Senhorita Andreza”. Tão repentino quanto o sucesso do vídeo foi o seu assassinato, a tiros, às 20h30 de ontem, na avenida Independência, bairro da Cabanagem, Grande Belém.
Andreza morava a poucos metros do local onde foi morta. Ela, inclusive, segundo policiais militares, havia saído de casa a pé quando foi abordada por 2 homens numa motocicleta. “Ela ainda tentou correr e se esconder num lava-jato, mas ficou encurralada”, disse o aspirante PM Costalat, da 1ª Companhia do 24º Batalhão.
O local em que a vítima tentou se refugiar estava fechado. A situação favoreceu os assassinos, que a executaram com 5 tiros, a maioria deles na cabeça e nas costas da jovem. No local do crime, um cachorro também foi morto pelos 2 homens, supostamente por ter tentado avançar contra eles.


E vieram as centenas de manifestações, comentários que buscam ligar a execução de Andreza ao fato de a mesma morar na periferia de Belém, muito marcada pela mortandade humana, sobretudo de jovens/moradores(as) das periferias. E chovem os comentários que evidenciam discursos quase fundamentalistas, neonazistas: coisas do tipo "bem feito", por (possivelmente) se envolver com o mundo do crime, do tráfico; "ela procurou e achou"; "É cara, embaçou a social... Que sirva de exemplo, quem é amigo de bandido também acaba como bandido" e outras falas desse perfil.

Lembrando que o companheiro de Andreza já havia sido executado, em belém, com cerca de dez tiros, no final do ano de 2016; nesse mesmo ano, a própria "Senhorita" se filiou à UJS (União Juventude Socialista) do partido PC do B, concorreu a Vereadora de Belém e recebeu menos de 800 votos. Segundo a imprensa local, o PC do B relacionou a execução da ex-candidata à atuação de milícias, em Belém.


(DOL)


Com mais uma execução sumária, envolvendo a população jovem (entre 15 e 29 anos), moradora das periferias urbanas brasileiras, ficam perguntas do tipo:

a) Não há, mesmo, escolhas para esses jovens?
b) O "mundo do Crime" é tão implacável a ponto de tragar quem queira, ou nossas escolhas podem contra essa tragédia humana?
c) Andreza cambou em razão de acerto de contas, em função de dívidas ante os "caras"?
d) Foi uma tatuagem de "palhaço", inscrita em seu braço, o que selou a sua sina?


Sem ligar uma coisa à outra, registra-se aqui que o deputado estadual petista, Bordalo, está ameaçado de Morte; o parlamentar não tem esse perfil, bem destacado acerca da "Senhorita", mas ainda assim (e, no caso dele, por defender a vida e lutar por um mundo mais justo) estaria com os dias contados. Deus permita que não.


Tão Belém. Cidade de desamor por seu Povo.

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