quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Artigo: O hit "Cabeça Branca" (Tierry): notas sobre machismo e velhofobia (803)

1. SITUANDO A CONVERSA...

 

Depois da experiência bombástica da façanha da personagem “Rita”, uma espécie de namorada ou namorida que, em circunstâncias não muito esclarecidas, deu uma facada em seu companheiro (aqui, pensado sob o prisma de eu-lírico, eu-poético), o largou (possivelmente, fugiu, depois de ser denunciada à polícia) e foi perdoada pelo mesmo, que clama por sua volta... depois de todas essas peripécias, desta vez o artista Tierry sacode as paradas de sucesso com o hit “Cabeça Branca”, a experiência de fim de semana de um idoso endinheirado, o “dono da lancha”.

Neste texto de perfil um tanto opinativo, examinamos, a partir de uma espécie de imbricação entre a perspectiva da Análise de Conteúdo (Bardin) e a da Análise do Discurso (Maingueneau, 1997, 2008 e 2011; e Foucault, 2012, 2019[1]), a letra da canção “Cabeça Branca” (o artigo é o arquivo em pdf, que vc pode encontrar, clicando AQUI); mesmo que de modo superficial, podemos dizer que examinamos a produção conteudística, discursiva dessa produção artística, de modo a articular ambas as perspectivas – sob olhares discursivos e sociológicos. Antes da breve análise que fazemos, contextualizamos um pouco o sujeito artista Tierry, sua trajetória, seu momento atual.

 

2. O COMPOSITOR E CANTOR TIERRY

No texto intitulado “A TRAJETÓRIA DE TIERRY ANTES DO SUCESSO METEÓRICO” (Rev. Cifras, 2021), lemos: “Não é dúvida para ninguém que Tierry é um verdadeiro fenômeno nacional, que ganhou fama como cantor apenas em 2020”. Porém, como costuma acontecer com a imensa maioria dos artistas brasileiros, o cara do momento tem um percurso de muita luta e busca pela superação de obstáculos, o que inclui discriminação e descréditos. Diz o texto que

 

[...] na Bahia, ele é um artista conhecido há mais de 10 anos. Como compositor, por outro lado, sua carreira já é bem-sucedida há bastante tempo, mas o caminho até chegar ao auge foi longo e cheio de desafios. Você pode não saber, mas Tierry é autor de hits gravados nas vozes de inúmeros intérpretes como: Gusttavo Lima, Wesley Safadão, Bruno e Marrone, Daniel, Simone e Simaria, Lucas Lucco, Ivete Sangalo, Claudia Leitte e até Maria Bethânia (entre muitos outros) (grifos nossos).

 

Antes da fama no percurso solo, como está amplamente conhecido e aplaudido, Tierry trabalhou no grupo baiano Fantasmão: “em 2010, Tierry conheceu a galera do Fantasmão, banda de suingueira de sucesso na Bahia. Ele foi chamado para o backing vocal do grupo, mas em pouco tempo já estava à frente dos palcos e trios, fazendo shows para milhares de pessoas” (BRENO BOECHAT, via UOL). Ou seja, o artista já demonstrava sua vocação, seu talento para liderar, assumindo a posição primordial no palco: a de cantor principal.

(...)



[1] Reportamo-nos a Dominique Maingueneau, nas obras Novas Tendências em Análise do Discurso (1997), Gênese dos Discursos (2008) e Análise de Textos de Comunicação (2011); sobre Michel Foucault, nos reportamos a A Arqueologia do Saber (2012) e Microfísica do Poder (2019), neste caso em seus vários ensaios.

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