domingo, 28 de novembro de 2021

Editorial: Não desista do Enem, amigo(a) Estudante, apesar de Bolsonaro e das intervenções fascistas (806)

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma das mais importantes criações de estado em termos de política pública educacional das últimas décadas (podemos citar, ao lado do Enem, as políticas públicas de Alimentação e de Transporte Escolar, juntamente com a política de distribuição de excelentes materiais didáticos: os Livros Didáticos e CD's etc.). Formulado, concebido para o fim a que se diz no título/enunciado - examinar, diagnosticar, verificar, o Enem extrapolou a si mesmo: passou a ser adotado por universidades, institutos e faculdades Brasil afora como forma de ingresso a cursos de Graduação, Bacharelado. Ao invés de continuarem realizando seus vestibulares (sempre controversos e bastante excludentes), gastando muita grana no processo todo de elaboração de provas, aplicação, "correção" de provas, divulgações, respostas a processos etc., as instituições (sérias e quase nada sérias) passam a pegar os bancos de dados do Enem, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas "Anísio Teixeira" (INEP), fazem tabulações, adotam os critérios de cotas e outros (definidos em leis e outras regulamentações) e divulgam os resultados, fazem as segundas, terceiras... Chamadas. O problema de o Enem ter suas provas elaboradas em se pensando num padrão de educação "ideal", onde as escolas teriam ótimas condições de formar os educandos da educação básica etc., bem, isso pode(deve)ria ser mais discutido em outro momento; mas o Enem é (devemos dizer era?) um sucesso em termos de conquistas para a educação pública brasileira.

Menor número de inscrição da História: Lamentavelmente, a pandemia de Covid-19 interferiu muito na formação presencial de nossa juventude (sobretudo do povo pobre, da nossa gente excluída da oferta de educação com qualidade e do acesso à internet de qualidade); a desmotivação para estudar e para seguir lutando por entrada na educação superior tbm não está livre disso. Mas, sejamos claros: a postura do governo federal, a indicação - feita pelo Presidente - de pessoas nitidamente despreparadas (sem currículo digno, sem carreira que dê respaldo para comandar os rumos da Educação brasileirae ancoradas teórica e ideologicamente em "filósofos" que não se formaram em Filosofia, "professores" que nunca estudaram e nem se prepararam para tal, a postura enlouquecida de um "Presidente" que só fala em se vingar de seus oponentes, que teria feito exigências sobre o conteúdo das Questões do Enem e tema/abordagem da Redação, ah,, isso sim parece ser o ingrediente mais grave (vejamos o número de inscritos no Enem 21, o menor da História: CLIQUE AQUI e confira).

Segredo: que, disque, já interferiu, produzindo retirada de questão sobre A ou B etc. (Desde 2019, início do governo olavista na educação "pública" brasileira, já temos provas sobre essa postura fascista e de regime de exceção a impactar a nossa Educação Pública: Clique aqui e veja sobre censura no Enem 2019). Sabendo disso, estudantes, indubitavelmente, já se sentiram muito preocupados com a segurança e qualidade das provas do Enem e, possivelmente, pensaram em desistir de estudar, de buscar formação profissional técnica e/ou superior, de ingressar à Pós-Graduação, de continuar buscando seu "lugar ao sol": com certeza, a Educação historicamente significa muito para nosso povo pobre; eu disse "nosso". 

Sisu: Articulado ao Enem, o Sistema de Seleção Unificada faz as distribuições de vagas, a partir dos resultados do Exame, para universidades e faculdades por todo o Brasil; ao invés de estudantes e concurseiros brasileiros se deslocarem entre estados, entre cidades distantes para fazer Vestibular, basta fazerem o Enem em suas cidades e escolherem as opções de cursos/vagas durante o período de inscrições no Sisu; aí, é esperar, torcer por seu sucesso e, quem sabem, jogar a maisena, soltar o som e comemorar com os seus. Mas, com um "Presidente" desses... Calma.

Não podemos desistir de lutar e de seguir caminhando por nossos sonhos, independente de idade, condições econômicas ou de outras formas de "obstáculo". O mesmo lhes digo sobre o Enem: mesmo que, depois de Temer e Bolsonaro, a educação pública brasileira (e a Ciência e Tecnologia, a pesquisa, a Inovação etc.) estejam sob constantes ataques (cortes de bilhões no orçamento da Educação, da Ciência e da Pesquisa), demissão de servidores de carreira e (possível existência de) assédio moral contra bons servidores, pesquisadores de carreira), mesmo que o cenário a nós pareça cruel, desanimador, ainda assim não podemos desistir de lutar por ela(s), de lutar por um país menos desigual, mais justo e mais inclusivo.

Em termos de posição, pedida pelo Editorial, lhes faço esta reflexão: considere jogar o lixo na lata do lixo da História, refaça suas reflexões (caso de vc ser tbm ser responsável por esses retrocessos), identifique e delete o obscurantismo de seu (nosso) meio, vá às ruas lutar por educação pública de qualidade, se trabalha na Educação, filie-se ao sindicato da categoria, busque continuar estudante e traçando planos, projetos; delete o "presidente", não exclua os sonhos e planos de sua vida. O Enem tbm faz parte desses planos e desses projetos.


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Israel Fonseca Araújo, Licenciado Pleno, Mestre e Doutorando em Letras; professor, pesquisador e escritor (poemeiro@hotmail.com). Editor, fundador deste Blog

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