terça-feira, 2 de novembro de 2021

Vergonha. Paysandu está seguindo os passados passos do Clube do Remo? (799)

Já contei a vcs que, ainda adolescente, decidi não ser torcedor "cego" de clubes de futebol - nem de outros esportes altamente populares. Não há nada de "oh, mas que inteligente e top foi isso!!"; não há nada de formidável nisso, nada de quanta inteligência! em mim naquele momento, nos idos de 1994, 95. Nada, nada; foi uma posição minha. Coisa de gente que "não teve infância", digamos assim, que não aprendeu a brincar com ou contra as dificuldades desta vida. Atualmente, gosto muito de não ser um "fanático torcedor". Mas, por incrível que pareça, eu sou um grande, constante, torcedor do futebol paraense. Nunca consegui deixar de fazer figa, de torcer por Remo, Paysandu, Tuna Luso, Paragominas, Cametá, Ananindeua, Bragantino, Abaeté, Vênus, Castanhal e outros times - quando estes enfrentam determinadas situações (vide o caso do Castanhal deste ano, que quase dá mina de orgulhos pra nós; ou o caso do Bragantino, uns anos atrás; tem tbm a façanha da Tuna Luso no Parazão deste ano, coisa de dar arrepios na gente; subida do Remo, ano passado, à Série B - e eu estava na torcida para que o Paysandu tbm subisse).

Eles lá na Série D ou na C, eventualmente na B, e eu na torcida pelo engrandecimento do futebol paraense; torço, igualmente, pelo futebol feminino. Nosso auge mais recente foi, em 2002, o Paysandu Sport Clube; Campeão dos Clubes Campeões e classificado à Libertadores 2003; neste certame, fez sucesso, campanha formidável, detonou os grandes do Brasil e venceu o poderoso Boca Júniors, na Argentina. Tempos áureos - para citar somente os mais atuais, pois antes dos anos 2000, teve o Título da Série B (pelo Paysandu, de Cacaio); teve a era de ouro da Tuna Luso, a "Bi Campeã do Norte", assim por diante.

O Clube do Remo de Landu e Cia, em 2005, conquistou o Brasileiro da Série C e, depois, bem..., o depois do Remo é que é a "chave" desta conversa; e não por motivos nobres. Depois da batalha de 2005, da incrível e robusta postura, vieram as decepções.

Da Série B, eis que vêm as quedas e o Leão Azul de Antônio Baena desceu à Série D e, pior, ficou um tempo sem Divisão: isto é, nem na Série D, o pior dos piores, nem lá a disputa do Brasileirão estava garantida. Foi tempo de guerras políticas na Diretoria do Remo, os rachas entre grupos liderados por A, B ou C, e, como um pulo de gato, o Remo passou a ter calendário somente até aprx. maio de cada ano; depois disso, era treinar, desmontar elenco, pegar estradas de ônibus e ir jogar amistosos no interior do Pará; coisa de time amador. O time, de fato, não era amador; mas a sua Direção, essa certamente o era.

Aí está uma preocupação de "torcedor analista", que quer ver o Paysandu SC subindo, galgando seus devidos lugares. Sim, devidos, pois os dois principais grandes do Pará são tbm bem maiores do que vários clubes/agremiações de muitos estados do Norte e do Nordeste deste país; que o digam os silêncios sobre os estados do Acre, Amapá, Amazonas ou Tocantins e outros mais. Sabemos que o glorioso Santa Cruz (de Pernambuco) desceu profundamente, neste ano, mas o futebol pernambucano está bem maior do que pensamos. O mesmo podemos dizer sobre as performances de tantos times profissionais do futebol brasileiro.

Nesse sentido, nosso medo é que que o Paysandu esteja seguindo os péssimos passados passos do Clube do Remo, seu maior rival. Não estamos em nada preocupados com as tais "zoeiras" de remistas contra bicolores ou vice-versa; se um chama o outro de "mucura pirenta" e se este chama seu outro de "leoa pirenta" (aqui, a coisa piora, pois o sexismo, a homofobia está gritando...), isso em nada nos afeta (ou seja, em nada me afeta). Não estamos interessados nessa zoeira, repitamos (ela é fundamental, em termos culturais, para o descarregamento das tensões diárias da vida, para as diversões no trabalho, no lazer etc., mas não temos...).

Mas o Paysandu, o clube, a agremiação, a história do Clube... não merece passar por isso. Analistas do futebol paraense - estes, bem mais preparados do que este blogueiro para analisar a complexidade desta realidade - já vislumbram um processo de quedas, de Divisão, de receitas e de dilapidação do maior bem do Papão (seus patrimônios)... Ora, esse tipo de "inveja" nada tem de inteligente, nada nada. Se quer imitar seu outro (o Remo), veja o que ele tem a ensinar sobre os anos de esforços coletivos, de união, para que o estádio Baenão pudesse se reerguer das cinzas, voltar a ter gramado e até iluminação.

O Papão da Curuzu tem estrutura, organização e história suficientes para sair das posições de "lanterna" da (fase final da) Série C, tanto em 2020, quanto no 21; isso é inaceitável. Nem clubes pequenos, tais como Castanhal ou Bragantino merecem passar por isso.

Possivelmente, as causas do insucesso passam pelo fato de que os elencos são fracos, mal comandados e descomprometidos com a instituição Paysandu SC; as causas centrais dessa montagem de elenco (elenco péssimo, ruim, fraco, que não veste a camisa" do Bicola) podem estar no eterno amadorismo de nossas Diretorias. Dessas montagens ruins, atabalhoadas, se chega às dívidas colossais, impagáveis; vêm o endividamento e as seguidas buscas de empréstimos, surgem os bloqueios judiciais de recursos etc.

Podemos citar, bem rapidinho, mais dez fórmulas de insucesso - para que o Papão chegue aos infernos onde o Remo já viveu em tempos outros. Quem quer aprender essas lições? Nós, não, nem pensar; melhor nem citar as fórmulas: deixa quieto.

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Israel Fonseca Araújo; editor, fundador (poemeiro@hotmail.com)

Um comentário:

  1. É isso, professor, times profissionais, comandados por amadores. Quem sofre são os torcedores.

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