domingo, 10 de março de 2024

"Pé" de "Boto", a mortadela e a devastação da dignidade humana (Editorial)


Imagem usada para fins de ilustração

O respeito aos botos deve ser sagrado, por tudo o que eles significam para nós - amazônidas; pronto e ponto. Afaste-se isso do que se poderá dizer sobre a exploração das mazelas humanas, sobretudo a exploração da pobreza e extrema-pobreza que assolam parte de nossa população, em Igarapé-Miri e restante do Pará, do Brasil. Pondo os botos ao lado, no sagrado ambiente das águas, saiba-se que a miséria humana (e as violência, a exploração das pobrezas) se faz antagonismo diante da pujança dos brincalhões peixes sexualizados na esteira das violências de gênero e do patriarcado.

As distribuições de pedaços de mortadela de tonalidade vermelha pelas ruas de Vila Maiauatá, e em outras partes de nosso Miri, feitas pelo ex-prefeito Sr. Ailson Santa Maria do Amaral (popularmente chamado de "Pé de Boto"), ganharam espaços inimagináveis na internet e em veículos de notícias. Em busca rápida no Google, foram mostradas muitas dezenas de resultados, em uma média de 28 segundos, para a entrada "pré-candidato distribui mortadela no Pará". Isso inclui veículos reconhecidamente respeitados (reconhecidamente contestados, também, mas isso se discute noutro dia): O Liberal, site Metrópoles e outros divulgaram essa façanha de exploração política/eleitoral, com o respectivo erro sobre a tal "pré-candidatura a Vereador".

Segundo o que se sabe por conta de vídeos divulgados em redes sociais (sobretudo via WhatsApp), Ailson "Pé de Boto" se diz pré-candidato a prefeito, ao mesmo tempo em que (ele) diz que é apoiador do atual prefeito de Igarapé-Miri (Roberto Pina Oliveira, PT). Mas, em áudios espalhados pelas ruas, rios e ramais do Miri, ele também já disse ser "pré" a prefeito. Esqueça-se isso, posto que o ex-prefeito Ailson "Pé de Boto" de 2013-14, que foi cassado e preso (veja em Diário do Pará: TRE cassa mandato de Pé de Botoboto.html?d=1), poderá dizer outras coisas, amanhã, e desdizer o que disse, no terceiro dia.

Importante poderia ser ver dois detalhes destes nossos tempos, relacionados a esse "BO" aí: primeiro, sobre os estragos que as redes sociais podem fazer na vida comunitária no que concerne às fake news (pois o tal ex-prefeito não é um "pré-candidato a Vereador"). Isso se vê neste caso, em que grandes empresas de comunicação cometem um erro desse porte. Lamentavelmente, milhares de pessoas vão replicando, amiúde, e milhares de sujeitos acreditaram em uma informação inverídica.

Segundo "detalhe" é sobre a degradação da vida humana quando a mesma é apreendida (e presa, dragada pelos boeiros da política e da espetacularização desta). Isso poderia ajudar a explicar o porquê de a tortura humana via a fome ser tão privilegiadamente usada por líderes "poderosos" e poderosíssimos, nas finanças e nas relações de poder e de barganha na política partidária e eleitoral; por esse motivo, produzir pobreza é (para eles/as) é tão importante, pois "amanhã" essa violência feita às pessoas (a fome) será usada para que mortadelas, redes, geladeiras, madeiras etc. sejam levadas a pessoas necessitadas - sempre com celulares e assessores ligados, para não perder o "dado" dos vídeos e das fotos. Estes, para postar naquelas (as redes sociais) e, com isso, ganhar o mundo, "fazer política"; divulgar e ganhar comentários em posts, tais como "ele sempre ajudou o povo" , "ela sempre ajudou o povo", "parabéns, Fulano", "esse tem meu respeito", "Deus o abençoe" (na internet, Deus sempre vira "deus", mas isso é outro caso) e por aí vai.

Portanto e finalmente, que ao menos parte da humanidade não perca a condição ser gente, de pensar e fazer reflexão, de juntar dados, versões e fatos e criticar, fazer distanciamento e poder, quem sabe, denunciar o uso político/eleitoral da exploração da degradação da dignidade humana. Se fosse possível dizer algo, diríamos que, ao ajudar alguém necessitado(a), que a mão esquerda não saiba o que fez a direita. Mas quem sabe isso já não esteja interditado, "cancelado" pelas regras das vivências públicas destes tempos.

3 comentários:

  1. A exploração da pobreza em benefício próprio.

    ResponderExcluir
  2. Noventaenov porcento dos poli usam pobreza para alimentarem a custa dos pobres

    ResponderExcluir
  3. Vc meu camarada, falou toda a verdade q muitos não tem coragem d fala, enquanto os pobres não se dedicarem, politicamente serão sempre escravo deles; e d quem tem um pedaço d Mirandela para dar

    ResponderExcluir