(É desse Brasil que devemos ter medo; é disso)
Esta reflexão, a seguir, me pareceu bem profunda, consistente, merecedora de uma boa reflexão. Circula via mensagens em grupos de "zaps"; assim, julguei produtivo replicar aqui:
Caso Marisa: a ética da Lava
Jato e do PCC
O Jornal de todos Brasis
(Luis Nassif)
QUI, 02/02/2017 - 14:33
Qual
a intenção de Sérgio Moro e dos Procuradores da Lava Jato em denunciar dona
Marisa? Do ponto de vista jurídico, nenhuma. Jamais comprovaram que o tríplex
era de Lula. Mesmo se fosse, não havia nada que pudesse ser impingido a dona
Marisa. Ela não participava de discussões políticas, menos ainda de negócios.
Limitava-se a cuidar dos filhos e netos e dar amparo emocional ao marido.
A
intenção foi puramente política, de bater, bater, bater em Lula, até que
arriasse emocionalmente.
Não
existe ética na guerra. E não existe a figura do inimigo no direito. A Lava
Jato se tornou uma operação de guerra, caçando o inimigo e o direito se tornou
instrumento de vingança.
Não
viam a figura da mãe e da avó, mas apenas a mulher do inimigo a ser abatido.
Divulgaram
como prova de crime os pedalinhos que dona Marisa comprou para os netos.
Invadiram sua casa, entraram em seu quarto, reviraram até o colchão da cama.
Levaram seu marido detido, expuseram incontáveis vezes os filhos no tribunal da
mídia.
Esse
exercício continuado de crueldade, mais do que estilo jurídico, é marca de
caráter.
É
possível encontrá-lo em diversos personagens e diversas situações, cada qual
subordinando-se aos ritos da classe e às prerrogativas da profissão.
No
Judiciário, gera alguns juízes vingadores. No Ministério Público, alguns
projetos de torquemadas. Cada qual busca a jugular do inimigo valendo-se das
armas que lhe foram conferidas institucionalmente. Não lhes exija momentos de
civilidade, respingos de respeito, gotículas de humanidade.
No
PCC, há chefes sanguinários que não se contentam com assassinatos de imagem e
mortes civis: eliminam fisicamente os adversários. Na Polícia Militar os soldados que, com um
revólver na mão, se consideram donos do mundo e das vidas. No crime, o poder
das chefias depende apenas da meritocracia: não há concursos, nem carreiras
pré-definidas, com planos de cargos e salários. E eles correm risco, pois não
contam com a blindagem do Estado. São cruéis e são valentes.
Em
comum, todos os vingadores, os da lei e os fora-da-lei, têm a crueldade de
caráter, o gozo infindável de chutar o adversário de todas as formas, de
tratá-lo como inimigo, os fora-da-lei matando pessoas, os da lei expondo-as ao
direito penal do inimigo, desumanizando-as, transformando donas-de-casa em
cúmplices, presentes de avó para netos em provas de crime, violando seu quarto,
sua penteadeira, suas lembranças.
Hoje,
na Lava Jato, o juiz Moro e cada procurador colocarão uma marca a mais no
coldre virtual de onde empunham suas armas legais. Que pelo menos tranquem a
porta antes de iniciar a comemoração.
(FIM)
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