segunda-feira, 2 de novembro de 2020

"Estrada da Vila": táticas políticas, Hélder Barbalho, o anseio popular e a novela do asfalto

Israel Fonseca Araújo (poemeiro@hotmail.com; Academia Igarapemiriense de Letras-AIL)

Editor-fundador do Blog Poemeiro do Miri  


Será que o governador paraense, Hélder Barbalho (MDB), decidiu pôr os pés na disputa eleitoral 2020, em Igarapé-Miri? Olhem, há elementos a se levantar, no que tange à novela mexicaraense do "asfalto da Estrada da Vila"; senão, vejamos:

1 - O governo Peso Pesado (MDB) está anunciando que Sua Excia, o governador do Pará, vem à terra de Sant'Ana nesta terça, 03, para participar de um evento em um dos sindicatos do Miri (o SIMPRIM) e para "assinar a ordem de serviço" do asfaltamento da "Vicinal do Açaí" (assim o doc. oficial do governo "Por todo o Pará" chama a nossa Rodovia do Açaí, a PA-407). Ótimo; muito bem; queremos essa vicinal, ou estrada, ou PA, ou rodovia - ou o que quer seja - asfaltada: queremos, não, merecemos essa estrada de 17km as-fal-ta-da, isso desde os anos 1960 ou 1970. É direito nosso. Não ter a mesma devidamente pavimentada é uma das maiores vergonhas a que somos submetidos, há décadas. Se deve ou não ser asfaltada, isso está fora de discussão, ora essa. O ordem será assinada em praça pública, em Vila Maiauatá (distante 17km dda sede, cidade de Igarapé-Miri); em campanha, em 2018, nessa Vila, Hélder se comprometeu com o asfalto dessa muito pequena estrada; eram as eleições 2018 para governador do Pará.

2 - Mas tem a tal da "delação do Palocci", imprestável para os fins a que se prestaria e liberada por um juiz(eco), há poucos dias da votação para presidente - o que poderia, e pôde, beneficiar o tal candidato Jair Bolsonaro (o juiz***** veio a ser Ministro do tal Bolsonaro, meses depois). O governador do Pará não é um "juizeco"; ao contrário: tem seus méritos como gestor e está indo mais ou menos bem no contexto da pandemia de Covid-19 (muito melhor do que o gov. Witzel, do RJ) e a "Estrada da Vila" nada tem de imprestável, claro. Sua relevância é gigantesca. Dentre outros, o nosso maior veículo online miriense, o Blog Gazeta Miriense, já se manifestou diversas vezes sobre a relevância dessa PA e sobre os meandros políticos implicados (isto é, por que a mesma não veio a ser asfaltada, até esta data). Segue excerto de uma matéria de 2015, do GM:


RODOVIA DO AÇAÍ ESTÁ ABANDONADA E COM PONTES EM RUÍNAS

(Publicado por gazetamiriense; 23 de setembro 2015)

 

O que deveria ser a Rodovia do Açaí (PA 407) está em situação lastimável e causando transtornos para os moradores da Vila de Maiauatá e prejudicando o escoamento dos produtos da região. A Rodovia Estadual já foi alvo de diversas publicações no GM em nos mais diversos jornais da região. Já foi iniciado asfaltamento e reconstrução de pontes. (...)

O governador [à época, Simão Jatene-PSDB] recentemente inaugurou a Ponte sobre o Rio Igarapé-Miri que custou milhões de reais. Seria o caso de dar uma atenção especial para essa população sofrida. A Prefeitura chegou a jogar carradas de aterro e fazer reparos em pontes em 2015. Mas é um trabalho que não resiste ao tempo. É necessário dar uma solução mais duradoura antes que se inicie o inverno do final do ano. (...) FIM


3 - Em uma espécie de tática eleitoral tucana frustrada, as sete pontes saíram do papel, mas o tal do asfalto, nada. Até licitação teria sido encaminha, ainda pela governador Janete. Mas, entrou Helder (jan. 2019) e chegamos às portas do 15 de novembro de 2020 e, nada; mas, ao que parece, a "ordem" será assinada amanhã, em Vila Maiauatá, forte reduto eleitoral do prefeito/candidato Toninho Peso Pesado.

4 - Será somente uma coincidência ou se trata de uma tática eleitoral bem planejada e visando efeitos bem objetivos na disputa eleitoral de 2020, no Miri? Vamos conversar mais sobre a questão, tá?

5 - Todos sabemos que os candidatos Peso Pesado (MDB), Darinho (PL) e Pina (PT) fazem parte de uma certa "base política" do governador Helder. (i) O petista tem ajudado o filho de Jader Barbalho, ao menos desde 2014; o PT paraense está no governo Helder e fortes aliados de Helder estão com Pina, nas disputas pela prefeitura miriense; (ii) Darinho é do partido do vice-governador, o qual é alma gêmea de Helder no governo "Por todo o Pará" e (iii) Peso Pesado é do partido do governador e é muito querido pela mãe de Helder, a deputada Elcione Barbalho: Pesado seria, em tese, o candidato do governador, neste caso. Nos bastidores, é sabido que apenas Darinho está mais descolado do poder político dos Barbalhos, nesta disputa. Mas isso tudo é conjuntural; ninguém sabe quais táticas, estratégias e até "golpes" podem sair das caixas de ferramentas paraoaras, até o fim do dia 15/11.

6 - A tal da "ordem de serviço" poderia sair em outro dia (p. ex., em 2019) ou até poderia vim por terceiros - nada a ver com as "terceirizações", o que é coisa ainda mais complicada. O conteúdo ideológico e político desse possível ato (a pavimentação, o asfalto) é de muita relevância, o que não significa dizer que os resultados, em possíveis votos, podem vim na mesma proporção da importância dessa pavimentação. Se as leituras pudessem ser feitas assim, Roberto Pina teria sido reeleito prefeito de Igarapé-Miri, em razão de seus feitos, suas obras e do sucesso daquele seu primeiro governo; mas, entendedores(as) sabem: não é assim que a banda toca, em termos de eleições - e/ou em termos da relação entre gestão (governo) e conquista de votos.

7 - Terminando em sete, que é número de causar releituras: o governador paraense vai passar o rodo nos seus aliados mirienses mais "vermelhos" ou as pesquisas internas do mesmo já mostram que essa movimentação social e política do asfalto não teria vigor de causar grandes impactos nas eleições 2020, nesta terra? Será que, a exemplo de Igarapé-Miri, Hélder vai "pra cima" de seus aliados, dos partidos que seguram as pontas na ALEPA (Assembleia Legislativa do Pará), a ponto de deixar os aliados bem enfraquecido para as eleições de 2022? Em 2022, será que o PT e o PCdoB paraenses vão se curvar aos desejos barbalhenses e se limitarão ao papel de ajudantes, para manter Hélder no governo, prejudicando sobremaneira as lutas populares e o chamado campo democrático, o qual não pode esquecer do fascismo e do bolsonarismo (são a mesma coisa?) que reinam no Brasil?

Uma coisa parece mais clara do que as táticas em jogo, no caso da ordem: a depender de como o governador se comportar, neste momento de constituição de novos mandatos, os partidos e os políticos que o ajudam vão precisar examinar muito bem o que fazer: se focam somente em seus umbigos ou se, apesar de terem umbigos, olharão de alguma forma para a população e para as políticas públicas; mesmo porque todos sabemos que Bolsonaro não foi parido em 2018 e nem é "filho de boto".


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