terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Post #708: O caso Diniz no São Paulo FC, o ato de torcer, a (ir)racionalidade, a emoção e as escolhas

Israel Fonseca Araújo

editor-chefe, fundador (poemeiro@hotmail.com)

Academia Igarapemiriense de Letras (AIL)


(Coitada dela, não?)


Este post não é, centralmente, sobre o editor do Blog, e até pode fazer vc se identificar, se encontrar nele - ao menos em algum aspecto dentre os aqui abordados, rapidissimamente. O que diz respeito ao blogueiro signatário é que ele foi torcedor do São Paulo F.C., nos anos 1990, mas, nessa mesma década, decidiu (acreditem) por não torcer mais para clubes de futebol; nem torcer para Clube do Remo ou Paysandu Sport Clube (os maiores do Pará), nem para clubes do Sul do Brasil; paixões desmedidas pela Seleção masculina de futebol da CBF, ihhh, aí mesmo é que a coisa complica (cala-te, boca; depois de saber com quantas conversas sujas se faz uma Copa do Mundo neste mundo, aí, mesmo que...). Pouco depois da adolescência, este editor optou por não ser mais torcedor, aquele torcedor seguidor de clubes (que morre de choros, tem palpitações, curte pesadas ansiedades e pega pesado nas brincadeiras com seus amigos, colegas e rivais - por causa de clubes), e se dedicar a observar mais distanciadamente o futebol nacional e internacional; buscar ser mais observador, analista e comentador do que outras coisas. Praticamente, a decisão foi se afastar desse mundo único dos torcedores(as); a saída foi seguir sendo amante do futebol, a ele dedicar alguns minúsculos espaços de tempo de seu dia-a-dia e vivenciar, em alguma medida, esse mundo de tensões, de altos e baixos; tem dado super certo.

Caso fosse, ainda, torcedor do tricolor paulista, possivelmente teria "morrido" de tanto enlouquecer com(contra) o técnico Fernando Diniz, um profissional que ficou cerca de 16 meses em um dos maiores clubes do futebol (inter)nacional e conseguiu até ser eliminado por pequenos clubes do interior paulista; enquanto Red Bulls Bragantino-SP, Ceará e Atlético Goianiense se destacam no limite de suas forças, o S.P.F.C. de Diniz consegue passar um mês inteiro sem vencer uma só partida na Série A; se torna um "saco de pancadas", como se diz amiúde sobre times pequenos, quando disputam grandes competições. Técnico de uma ideia só, de um só modo de jogar, líder que insiste e persiste em uma só forma de trabalhar em campo: seja contra qualquer um dos 19 clubes do Brasileirão, Diniz sempre decidia jogar do seu mesmo jeito (um jeito louvável, agradável, às vezes chato de se ver), mesmo se pensarmos que os 19 clubes não vão jogar contra o S.P.F.C., sempre, do mesmo jeito; criar situações diversificadas, "rodar elenco", usar ou não determinado esquema de jogo, improvisar ou não jogadores para atender a finalidades A, B ou Z, tudo isso faz parte do jogo.

Atualmente, mais do que nas décadas anteriores (havia maior dificuldade de saber com segurança como os adversários jogavam...), é preciso jogar muito em razão do adversário da hora, sem abrir mão dos pilares da tese do treinador, claro. Como dizem bons jornalistas esportivos especialistas em futebol, é preciso "ter repertório", ter diversidade de opções; e Diniz conseguiu chegar à liderança do Brasileirão 2020, com tropeços de adversários esteve a sete pontos à frente dos demais, mas não foi capaz de ser sagaz a ponto de se defender bem dos demais e preparar boas arapucas a seus rivais, mesmo depois de ficar focado somente no Brasileirão. Ora com tantas pistas de que seu time teria de ser sacudido a partir de suas próprias (do treinador) passadas, ele empacou na tese A e se esquecer do dinamismo inerente às sociedades; conclusão: o S.P.F.C. despencou e se desmoralizou diante de todo mundo.

Diniz caiu, mas quem corre risco de se afundar (enlamear) é a agremiação S.P.F.C.; quem acreditaria na certeza de classificação à fase de grupos da Libertadores? Quem chuta que o S.P.F.C. ganhará o Paulistão 21? Nesse caso, convenhamos, é melhor ser um torcedor(a) que se pauta (sobretudo) na racionalidade, deixando as emoções e irracionalidades bem afastadas; nesse caso das irracionalidades, temos uma pilha de casos que demonstram que "torcedores/as" enlouquecidos, não raro, cometem crimes contra o patrimônio dos clubes - para os quais torcem - e chegam a matar adversários, em circunstâncias como pós-jogos, pós-eliminações.

Ser menos "torcedor" e mais racional, ajudaria os torcedores a verem com maior eficiência determinadas táticas de dirigentes de clubes para (acreditam tais lideranças) manipular massas de torcedores/as (vide contextos de eleições para presidência e conselhos das agremiações). Jamais estaríamos, aqui, pensando em "aconselhar" torcedores, nem pense nisso, mas nossos clubes brasileiros estão longe de merecer tanto amor da parte de suas grandiosas torcidas (o que dizer dos cariocas Botafogo e Vasco, dos paraenses Remo e Paysandu e de tantos grandes clubes do Nordeste?), não é mesmo?

Não é fácil encontrar alguém que faça certas escolhas desse perfil (deixar de torcer...), mas que a visão pode ser bem outra, ah, isso é.

E, sobre o Diniz ou outros, neste futebol 2020, nada de quer argumentar que essas oscilações inexplicáveis são (fossem) culpa da pandemia de Covid-19; ah, aí já é mais. Tenham dó.

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* Professor, poeta; Cursa Doutorado em Letras (UERN). Mestre em Letras/Linguística (UFPA). Acadêmico-perpétuo da Academia Igarapemiriense de Letras (AIL), Cadeira 07 (Patrono: Manoel Luiz Fonseca).

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