Israel Araújo
Sábado de dia, era tempo de ir visitar meu maior
encanto – não maternal – nesta terra; minha avó, Carmozinha, minha tentação-mor. Era bravo inverno amazônico de 1997. Visitá-la era reabastecer-me de vida, visitar meu crescimento e minha infância.
Era conversar dia inteiro com ela, saber de tudo do nosso rio Murutipucu. Era perceber
como, no presente, andava o meu passado. Era ir, de casco a remo, perfazendo as
cinturas do rio Mamangal-Grande, ladeando o Furo do Valério. Assim foi, naquele
sábado, 08 de março; assim aconteceu, até perto do fim zinho da tarde.
Logo chegando ao porto então atual, caía a noite e, pouco
à frente, vieram sinais de que a vida teria de mudar, desde esse 9 de março até
o sempre. Por isso, a apressada viagem de “pô pô pô”, até a cidade igarapemiriense, se fez em torno de 23h e o
aviso mágico - revestido pelos saberes médicos, legitimados, saiu perto de 02h15min: aí, sim, depois de ver a vida estendida,
externada fora mim (em 3,8kg), foi preciso vivenciar a boa ansiedade e a
insônia boa. Por ser tão bem agradado à língua italiana (mas sem baratos colonialismos ou subserviências), seu nome saiu assim: Giovanni.
Como dormir, nessas situações? Como se faz um “governo
de si” tal que a pessoa possa, depois desse estalo, fazer a resistência contra a
própria incontrolável emoção? As boas insônias... como se esticaram, ou querem se esticar.
Ora, amig@s camaradas, de minha parte, não tenho interesse algum em, nos dias
9 de março, ser bem “governado”, “controlado” ou “comedido”.
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