terça-feira, 9 de março de 2021

Crônica: 9 de Março (Post #718)

Israel Araújo

 

Sábado de dia, era tempo de ir visitar meu maior encanto – não maternal – nesta terra; minha avó, Carmozinha, minha tentação-mor. Era bravo inverno amazônico de 1997. Visitá-la era reabastecer-me de vida, visitar meu crescimento e minha infância. Era conversar dia inteiro com ela, saber de tudo do nosso rio Murutipucu. Era perceber como, no presente, andava o meu passado. Era ir, de casco a remo, perfazendo as cinturas do rio Mamangal-Grande, ladeando o Furo do Valério. Assim foi, naquele sábado, 08 de março; assim aconteceu, até perto do fim zinho da tarde.

Logo chegando ao porto então atual, caía a noite e, pouco à frente, vieram sinais de que a vida teria de mudar, desde esse 9 de março até o sempre. Por isso, a apressada viagem de “pô pô pô”, até a cidade igarapemiriense, se fez em torno de 23h e o aviso mágico - revestido pelos saberes médicos, legitimados, saiu perto de 02h15min: aí, sim, depois de ver a vida estendida, externada fora mim (em 3,8kg), foi preciso vivenciar a boa ansiedade e a insônia boa. Por ser tão bem agradado à língua italiana (mas sem baratos colonialismos ou subserviências), seu nome saiu assim: Giovanni.

Como dormir, nessas situações? Como se faz um “governo de si” tal que a pessoa possa, depois desse estalo, fazer a resistência contra a própria incontrolável emoção? As boas insônias... como se esticaram, ou querem se esticar.

Ora, amig@s camaradas, de minha parte, não tenho interesse algum em, nos dias 9 de março, ser bem “governado”, “controlado” ou “comedido”.

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Academia Igarapemiriense de Letras (AIL). Professor, poeta; Cursa Doutorado em Letras (UERN). Mestre em Letras/Linguística (UFPA). Acadêmico-perpétuo da Academia Igarapemiriense de Letras (AIL), Cadeira 07 (Patrono: Manoel Luiz Fonseca).

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