domingo, 8 de janeiro de 2017

UMA CHACINA DEIXA LIÇÕES? SIM; problema é quais?

Israel Araújo (cansado, exausto, editor)




Nos últimos dias o Brasil tem visto/vivido a exposição midiatizada, espetacularizada ou não, dos casos de chacinas recentes em presídios instalados nos estados, com destaque para Amazonas e Roraima. Situações as mais esdrúxulas, problemáticas e desumanas possíveis têm sido mostradas ao Brasil e ao mundo. Repercussões na internet e na imprensa internacional seguem com afinco. Sempre aparecem os discursos materializados em enunciados do tipo "bandido bom é bandido morto"; "bandido tem de morrer de sede na cadeira"; "são uns santinhos: por que tu não leva pra  tua casa"; "se fosse pra um trabalhador, não tinha dinheiro". São discursos da radicalização, os quais servem bem para dividir mais e mais as classes sociais, para sacralizar a atuação de governadores/as e presidentes corruptos que abandonam o Povo, à míngua, sem políticas públicas de inclusão social, sem ações eficientes de Saúde/Cultura/Educação.

Geralmente financiados por grandes empresas/empresários, inscritos em partidos políticos dos piores que há, no geral, esses gestores/as desfilam como estrelas em seus estados e no Palácio do Planalto; depois de sair de seus respectivos mandatos, conseguem deixar nos governos seus substitutos. E uma roda, repetidamente funcionando, continua a girar em espécie de círculo vicioso.

Sem efetivamente trabalhar para estancar o tráfico de drogas e armas, sem frear o narcotráfico (***confira matéria do Estadão, ao fim desta), sem se desatrelar de políticos com ficha feia, moda de paus de galinheiro, esses governantes deixam o narcotráfico e as facções agirem livremente nos presídios. Diferentemente de narcotraficantes, agiotas que usam colarinho branco, esses criminosos (sentenciados ou não), amontoados em lugares sem as condições que são definidas em leis, mesmo tendo causado problemas à sociedade..., lutam para sobreviver aos seus; eis que, quando umas pessoas não esperam (porque autoridades já conhecem bem esse barril de pólvora), surgem as matanças, realizadas pelos próprios presos (contra a si mesmos) ou por quem deveria, por lei, lhes garantir a integridade física durante o período em que estão sob custódio do estado brasileiro.

Ora, fazer piadinhas contra quem milita em defesa dos direitos humanos (direitos que os serem humanos têm, exatamente por serem humanos, tais como viver e ter a sua integridade física garantida) pode ficar para outro momento, outras análises, mesmo porque quem é contra as ações de organizações não-governamentais de defesa de Direitos Humanos, contra a atuação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outros agentes, quem é contra, quem debocha, discursa odiosamente, geralmente muda de ideia quando agentes A e B executam familiares seus (quando seus filhos ou parentes, por serem negros e favelados, por criticarem a corrupção policiais etc., são executados em simulações de "legítima defesa". Se a ação de grupos de extermínio, de chefes que escolhem quem deve morrer e quando, se essas ações atingem aquelas pessoas do início do parágrafo, aí suas compreensões sobre o mundo podem mudar. E sem falar quando uma família tem um ente seu ameaçado de morte, torturado etc.

Ora, quando dezenas de pessoas são executadas, de formas as mais cruéis em presídios, muita gente comemora, achando que são "uns a menos"; seja o caso do Carandiru (SP), seja com pessoas no abandonado Norte do país (Rio Branco/RR, Manaus/AM), quem sabe em Belém (PA) e, mais abandono ainda, casos de regiões no Nordeste. Para auxiliares de Michel Temer (PMDB/SP) ou de José Serra (PSDB/SP) e de outros representantes de um pensamento reacionário e retrógrado a castigar  o desenvolvimento humano deste país, o que importa seria ter "uma chacina a cada semana", como disse o ex-auxiliar de Temer, que estava cuidando de dirigir/coordenador Políticas públicas para a Juventude neste Brasil. Ora só, e se ele fosse da área de "segurança", de gestão de presídios... Iria querer uma por dia, não?

Quantas lições? O que elas demandam? O que deixam de bom? Chacinas são lições?


***Confira matéria do Estadão, sobre essa temática:


27 facções disputam controle do crime organizado em todos os Estados do País

Fernandes Barbosa, o ‘Zé Roberto da Compensa’, é o líder da FDN, a facção que domina as prisões do Amazonas. As facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) disputam o domínio do tráfico de drogas nas fronteiras do País. Por isso, estão em guerra e buscam aliados do crime em todos os Estados. Na última semana, mais de 90 presos foram brutalmente assassinados em massacres ocorridos em penitenciárias do Amazonas e de Roraima. No total, segundo autoridades que investigam o crime organizado, pelo menos mais 25 facções criminosas participam dessa disputa, apoiando o PCC ou o CV.

Enquanto a facção paulista, após matar o narcotraficante Jorge Rafaat – que era o grande intermediário entre traficantes paraguaios e brasileiros –, em junho de 2016, passou a dominar o tráfico de drogas e de armas na fronteira com o Paraguai, o CV, via Família do Norte (FDN), controla o tráfico na fronteira com o Peru, no caminho conhecido como Rota Solimões. Disputa pelo controle do tráfico de drogas nas fronteiras têm provocado massacres em presídios.

Segundo delegados e promotores ouvidos pelo jornal Estadão, os grupos criminosos querem o controle das duas fronteiras. De acordo com o procurador de Justiça Marcio Sérgio Christino, especialista em investigações sobre o crime organizado, PCC e CV firmaram aliança no fim dos anos 1990. Naquela época, a facção paulista começou a vender drogas no Rio por “atacado” e, ao mesmo tempo, passou a investir o dinheiro do crime na expansão de atividades em outros Estados, formando parcerias com grupos locais.

Percebemos que o PCC dava aos bandidos locais a estrutura e noção de organização que eles não tinham. Por isso, acabou ganhando inúmeros simpatizantes em vários Estados. Isso fez a facção crescer e se expandir. Enquanto o CV consolidou o domínio na maioria dos morros do Rio, principais mercados de consumo de drogas no País”, diz Christino.

Com um exército de 10 mil homens (7 mil nos presídios e 3 mil nas ruas), o PCC se tornou a principal facção criminosa do Brasil e movimenta, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), 40 toneladas de cocaína e R$ 200 milhões por ano. Esse comportamento, porém, trouxe inimigos dentro do crime, que são facções menores concentradas principalmente no Norte e Nordeste. “Os bandidos rivais de São Paulo estão em facções menores que não fazem diferença no cenário da criminalidade do Estado”, afirma Christino. Para o procurador, com a morte de Rafaat, que foi assassinado com tiros de metralhadora calibre .50 (capaz de derrubar um helicóptero), o Comando Vermelho acabou virando dependente do PCC no tráfico na fronteira com o Paraguai. “A partir desse momento, a aliança foi rompida. E as consequências estão aparecendo, que são os massacres nos presídios”, afirma o procurador.

Para o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), o CV percebeu a necessidade de fazer alianças com outros grupos criminosos para enfrentar o PCC. O grupo do Rio então se aliou à FDN, facção que comanda o crime no Amazonas e domina a cobiçada Rota Solimões, e determinou a morte de membros do PCC em cadeias do Norte. O CV também fez aliados em outros Estados do Norte e Nordeste. Em contrapartida, a facção paulista ganhou mais força nas Regiões Sul e Sudeste do País, principalmente no Paraná e Mato Grosso, o que consolidou o domínio na fronteira com o Paraguai.

Selvageria. A guerra entre PCC e CV começou em outubro, com 18 presos mortos em Roraima e Rondônia (16 do PCC e dois do CV). Depois, houve o massacre de Manaus, em 1.º de janeiro, com a morte de 60 detentos do PCC. Em seguida, 31 presos foram assassinados em Roraima por integrantes da facção paulista. Todas as rebeliões foram filmadas e fotografadas pelos próprios presos, que compartilharam as imagens em grupos de WhatsApp. São dezenas de decapitações e demonstrações de crueldade.

Segundo a desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) Ivana David, nos massacres os detentos deixam claro que não temem represálias do Estado. “Eles matam e filmam como se ninguém, nenhuma autoridade, estivesse ali. Eles mostram para a sociedade que não têm medo de retaliações.” Para a magistrada, uma das soluções é cada Estado isolar os presos de facções rivais em presídios diferentes. “Seria o primeiro passo. Admitir que duas grandes facções estão em guerra e enfrentar a questão.”

(Estadão; destacados são nossos)

Obs.: Fonte: redes sociais, via WhatsApp (há publicação, assinada por Alexandre Hisayasu, em O Estado de S.Paulo; 07 Janeiro 2017 | 22h00; fonte: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,27-faccoes-disputam-controle-do-crime-organizado-em-todos-os-estados-do-pais,10000098770)

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Ficam, a vc, leitor(a), as indagações.

Tenho dito e digo mais ainda!





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