(Israel
Fonseca Araújo*)
(Bandeira do Município de Igarapé-Miri)
Uma
rápida espiadinha na conjuntura política e eleitoral do Brasil nos permite
pensar com maior segurança, e fundamentação, a realidade instalada em
Igarapé-Miri depois de 2009. Dessas constatações, é possível visualizar um, ao
menos um, cenário para o Igarapé-Miri de 2015 e, pior que isso, para o Miri de 2016.
Em
que medida uma postura nacional odienta dirigida ao Partido dos Trabalhadores,
se comprovada, pode impactar a realidade de Igarapé-Miri? Em outras palavras,
significa perguntar: a atual conjuntura de mobilizações contra o PT e o governo
de Dilma Rousseff pode impactar o cenário miriense, em que medida? Considerando
a entrada do trabalho noticioso das mídias nas casas brasileiras, quais as artimanhas
mais comuns em uso por essa instituição quando se trata de atacar/defender
grupos sociais/políticos: segmentos sociais, partidos, crenas, ocupações?
Mini
Contextualização da problemática
Depois de vinte e um anos de Ditadura
oficial no Brasil, eis que em 1985 essa realidade é significativamente
alterada, o que leva o povo brasileiro, traído pelos congressistas que não
aceitaram a instalação de eleições diretas no país, a se nutrir de maiores
esperanças quanto a nosso futuro político.
Menos pior do que estava, o mineiro Tancredo Neves se torna presidente, (per)seguido
pelo maranhense José Sarney na condição de vice-presidente do Brasil; para quem
não o conheça, explica-se: Sarney-chefe
é uma das figuras mais emblemáticas da dominação e do coronelismo eleitoral do
país. O caso era tão pior, entre 1964 e 1985, que isso foi comemorado Brasil afora.
Atente-se para isto: um maranhense chega a ser vice-presidente e depois se
torna presidente, o que acontecerá em parte depois de 1995, quando o
pernambucano Marco Maciel é eleito vice-presidente juntamente com Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), os quais governam até fins de 2002. Depois disso e
antes disso, somente políticos do Centro-Sul exercem essas funções. Espécie de
continuidade da política do “café com leite”,
largamente praticada antes da Ditadura Militar,
demonstração de uma exclusão que é bem silenciada pela mídia nacional:
políticos do Norte e do Nordeste são alijados da possibilidade de assumir essas
duas funções.
Mas Tancredo Neves veio a óbito e Sarney
fez o que sabemos; e sabemos o quanto esse mandato lhe dobrou os poderes na
castigada, politicamente, Pátria brasileira. E mais sabemos que o caso se
tornou ainda mais grave, em razão da força exercida pela mídia para que o
petista Luiz Inácio Lula da Silva não derrotasse o seu candidato preferido (da
mídia), Fernando Collor de Melo. A mídia, aliada a outras grandes corporações
empresariais (tão grandes ou até maior do que os conglomerados midiáticos), e
aliada de Collor, venceu e deu na desgraça que deu. O país viveu escândalos a
fio durante a gestão de Collor, mas o objetivo foi alcançado por essas
instâncias de poder: que era não permitir que o PT ocupasse a presidência da
República. Depois das peripécias de Collor, outro mineiro, o Itamar Franco
(vice-presidente da chapa com o alagoano) ficou no restante do mandato: o impeachment do presidente de Alagoas,
atual maior sonho dessa mesma mídia aliada de Collor-1989 para alcançar uma
saída do PT do governo federal, foi uma boa tangente usada pelos donos das
empresas midiáticas para que suas emissoras de TV, revistas e jornais parecem “defensores”
da Demoncracia.
As idas e vindas da política brasileira
permitiram com que o pernambucano não mais identificado como tal, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), se tornasse presidente do Brasil, como decorrência da aliança
feita com um dos partidos mais fortes da direita nacional (o antigo PL, atual
PR) e com um poderoso empresário de Minas Gerais: José Alencar. A mesma Minas de
Tancredo e Itamar... Lula, em 2003, há muito já era um paulista
ex-pernambucano. Se fosse nordestino e fosse a sampa para concorrer ao Planalto, certamente seria derrotado pelo
paulista José Serra (PSDB).
Esses mínimos indicativos factuais já
assinalam que há um trabalho anti-PT liderado pela grande mídia brasileira,
esforço que não era de todo odiento até fins de 2002. Mas o será após a chegada
de Lula à presidência, momento em que os mi(bi)lhões anuais gastos com
propaganda e outras formas de comunicação passam a ser melhor distribuídos
entre empresas de comunicação e não ficam mais excessivamente concentrados nas
mãos da família Marinho, dona das Organizações Globo, e em poucos outros
conglomerados empresariais da área da comunicação. Isso despertará um ódio ao
Partido dos Trabalhadores que, possivelmente, nunca foi imaginado pelo “cidadão
comum”, que está distante dos estudos científicos sobre mídia nos idos de 1970,
1980, 1990 e até 2000. E que, por isso, não estava muito municiado de
informações sobre as (diversificadas) relações da mesma com partidos políticos,
governos, empresas diversas, por exemplo.
Miguel (2002) trata dessa realidade:
Na primeira eleição direta para a
Presidência do Brasil após o final da ditadura, a Rede Globo alinhou-se de
forma clara com os adversários de Lula e, com o material apresentado em
telejornais e mesmo novelas, contribuiu para sua derrota (Luís Felipe Miguel, A Eleição Visível: A Rede Globo Descobre a
Política em 2002).
Pior que isso:
Graças
a uma bem-sucedida ofensiva de mídia, incluindo capas de revistas de circulação
nacional, programas de televisão e o uso de horários partidários gratuitos, o
governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, viabilizou-se como a opção das
elites para impedir a vitória de um dos candidatos da esquerda (Brizola e Lula)
na disputa pela Presidência. O apoio da Globo à sua candidatura ficou
evidenciado desde o início, mas manifestou-se com clareza ímpar na famosa edição
do último debate do segundo turno, na véspera da eleição, levada ao ar no
Jornal Nacional. Os melhores momentos de Collor foram unidos aos piores de
Lula, em uma manipulação grosseira, cuja lembrança volta a cada eleição como um
fantasma a assombrar os jornalistas da emissora (Luís Felipe Miguel, A Eleição Visível: A Rede Globo Descobre a
Política em 2002)
Eis aí excertos de uma realidade que
milhares ou muitos milhões de jovens do Brasil não viveram e, quem sabe por
isso, têm dificuldades em crer no trabalho eleitoral que a TV Globo, a Revista VEJA
e outros parceiros fazem para destruir o PT e Lula.
O governo petista de 2003 até os dias
atuais e, possivelmente, até fins de 2018, teve(terá) de enfrentar, sobretudo
depois de outubro de 2014, a
fúria da mídia dominante (Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Revista Veja).
Isso se deve, centralmente, devido a sua forma de concentrar maiores esforços
em políticas sociais (saúde, educação, moradia...) e distribuir renda a camadas
mais carentes da sociedade. Além disso, o governo petista vem acenando, muito
timidamente, para uma regulamentação da mídia, o que poderia interferir na atual
conjuntura de concentração e de proliferação de grandes conglomerados
midiáticos no Brasil (gigantescas estruturas empresarias/privadas de mídias
mantidas nas mãos de um grupo).
A título de exemplo desse poderio
empresarial na área da comunicação e do quanto a concentração de empresas pode
estar nas mãos de uma só empresa/família, cite-se que as
Organizações Globo são “formadas pelas
seguintes empresas”: Rede Globo de
Televisão (a “maior rede de TV do
país e líder absoluta de audiência. Tem 5 emissoras próprias e 116 afiliadas”);
Globosat (programadora de canais
por assinatura, com 18 canais); Infoglobo
(empresa jornalística “que edita
os jornais O Globo, Extra e Expresso. Possui participação no Valor Econômico e Planeta Móvel”); Sistema Globo de Rádio (rede com 12
emissoras próprias e 116 afiliadas); Fundação
Roberto Marinho (sociedade civil sem fins lucrativos. Dedica-se “ao resgate do patrimônio histórico e
cultural do Brasil e a vários projetos educativos e voltados para a preservação
do meio ambiente.”). “Também fazem
parte do grupo as empresas Som
Livre e Globo.com”.
Isso, claro, dito pela própria empresa.
Uma gestão menos amiga dessa concentração e mais
combativa da corrupção só poderia ser atacada implacavelmente por alguns dos
mais poderosos veículos de comunicação do país. Isso porque as estruturas de
corrupção sempre têm ramificações que causam impactos na vida mais íntima de
empresas privadas, o que não necessariamente exclui a vida das empresas de
comunicação. No mínimo, porque tais empresas mantém necessárias e fortes
relações comerciais com diversas empresas privadas de um país. E pode ser que
parceiras de parceiras estejam envolvidas em escândalos de corrupção. A Operação “Zelotes” da Polícia Federal,
a mais abafada de todas as operações já deflagradas no Brasil, desde 2005, é
uma demonstração desse caso.
Estima-se que a corrupção dentro da Receita Federal
(para que sejam diminuídos os valores devidos ao país), envolvendo montadoras
de carros, o grupo RBS (uma empresa de comunicação afiliada da TV Globo),
bancos e outras empresas, seja muito, mas muito maior do que os da Operação
Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras.
Já que a Lava
Jato leva agentes de governo ao conhecimento público, as empresas de
comunicação desses grupos acima citados dão toda a ênfase possível em seus
espaços de notícias. O mesmo não se dá com a Zelotes; e isso é fácil de explicar:
1 – Há
total interesse por parte da Rede Globo e demais veículos, e deve haver
interesse parecido dentro da sociedade brasileira, em que isso seja divulgado.
Para a imprensa que foca seu trabalho no ataque aos feitos e à figura
institucional do governo federal, é preciso que haja muito espaço de divulgação
para a Lava Jato, pois assim o povo é
convidado a odiar o governo petista de Dilma Rousseff, por alguns motivos: (i)
em primeiro lugar, porque a empresa Globo, e muitas empresas de comunicação aliadas
(Veja, Folha de São Paulo...), perderam a disputa eleitoral, pois o seu
candidato (Aécio Neves/PSDB) perdeu a disputa para a petista Dilma, com total
apoio de Lula da Silva; (ii) em decorrência disso, um trabalho focado em
destruir Dilma/Lula/PT é empreendido, sem hora para acabar e com o maior espaço
possível em todos os espaços possíveis.
2
– Dar visibilidade à operação Zelotes
significaria mostrar ao país os bancos, as montadoras de carro e empresas de
comunicação afiliadas de TV em situação de desgaste nacional. Essas empresas
seriam conhecidas da população, que passaria a perceber que empresas que
patrocinam a TV Globo e a Revista Veja, por exemplo, são ou podem vir a ser
declaradas corruptas ou, ao menos, se começaria a estranhar certas posturas das
empresas de mídia, já que o cidadão vê no dia-a-dia quais empresas patrocinam
as novelas das 21h, o Fantástico ou o
Jornal Nacional; e a população seria
levada a pensar que a corrupção não se dá somente em espaços de governos. Como
noticiar que o banco Santander é o
campeão nesse caso de corrupção, se esse banco é um dos patrocinadores mais
fortes da emissora? Se o objetivo maior, na mediação de certas discussões, é
incentivar incendiar a população a combater Lula e Dilma, como dividir o tempo
de noticiário entre escândalo na Petrobras e escândalo na Receita Federal, se
no segundo caso o problema envolve muitos de seus aliados?
A mesma imprensa que trabalha para gerar
e alimentar cada vez mais ódios ao PT, Lula e Dilma é a parceira de estruturas
super milionárias, como os governos do Pará e de São Paulo (pois
são comandados pelo PSDB, o mesmo espaço de poder de Aécio Neves, FHC...). Em
mais de vinte anos de governo “tucano” em São Paulo, estado de maior
quantitativo eleitoral do país e dono de uma riqueza significativa, a Folha de
S. Paulo, Revista Veja e Rede Globo se mantém aliadas inseparáveis de uma
estrutura de governo que injeta, nessas empresas, muitos milhões ou até bilhões
de reais por ano; isso levaria qualquer cidadão leigo no assunto (como é o meu
caso) a entender que se uma megaestrutura é favorável, financeiramente, a uma
grande empresa de comunicação e se há mais relações políticas entre essas
empresas e estruturas de governo é possível que as emissoras e demais veículos
trabalhem para fortalecer tais governos e seus partidos. Se se considerar que o
PSDB esteve governando São Paulo, Minas e outros estados ao mesmo tempo em que
esteve governando o Brasil (com FHC, de 1995 até 2002), fica mais fácil
entender que a entrada do PT para governar o país levaria, naturalmente, a uma
postura parecida com essa que as estruturas de mídia realizam quando se trata
de mostrar o governo petista para o Brasil inteiro e/ou para o exterior.
O caso do Pará é idêntico, na medida em
que o trabalho que a Globo faz em sampa
é realizado pelas Organizações Rômulo Maiorana (ORM), no Pará, com investimentos
em “informação” 101% favoráveis ao PSDB; isto é, a Simão Jatene. Se o Pará é
menos coberto por Folha de S. Paulo e Veja, as ORM têm O Liberal e Amazônia Jornal,
além do portal ORM News, emissoras de
rádio ou, se precisar, panfletos não assinados, jogados nas ruas... Por fim, se
for para defender seu partido e seu governo, se for para atacar quem aborrece
seus interesses, as ORM não hesitam em chamar professores de “mafiosos” e
“trapaceiros” e insinuar que professores recebem “horas extras” no Pará, coisa
que simplesmente não existe na governança do Pará (horas-extras são pagas a
vigias...).
É essa conjuntura estadual e nacional o
que mais decisivamente pode impactar a castigada realidade miriense, em 2015,
momento em que o povo de Igarapé-Miri é obrigado a votar mais uma vez para
completar a eleição de 2012 para a prefeitura municipal. Em que medida esse ódio ao Partido dos Trabalhadores/Lula/Dilma
interfere nesta realidade municipal?; em que medida a força do PSDB paraense, há quase vinte anos dominando a política
do Pará, interfere nesse cenário? Resta claro que as mobilizações brasileiras de
rua e no Congresso Nacional, todas no sentido de impactar negativamente o
governo petista, certamente que têm impacto no cenário político de
Igarapé-Miri. É o que se tenta discutir a seguir.
Uma
olhadinha para Igarapé-Miri e sua Eleição 2015
(Palacete "Senador Garcia", 1902, sede do Poder Executivo em Ig.-Miri)
A Eleição Suplementar que será ou está sendo realizada em Igarapé-Miri,
em 2015, tem tudo para sofrer diferentes interferências dos cenários acima
apontados, pois o plano municipal está constituído por uma polarização nuclear,
embora dividida em quatro partes. Isso pode? Claro que, no jogo eleitoral, sim.
Explica-se.
Um lado desses polos é ocupado pela
candidatura do petista e ex-prefeito de Igarapé-Miri, Roberto Pina Oliveira
(Carmozinha – PV/Vice), gestor que governou de 2009 até 2012, e o segundo polo
se subdivide em três candidaturas. Ressalte-se que são dois polos porque um
polo representa a feição administrativa do PT, que governa o país há doze anos,
e o outro recebe as diversas forças políticas que se opõem ao PT, entre as
quais: PSDB, DEM, PPS, PSC, PMDB, PMN,
PDT, PTB, PR, entre outras.
Os três polos restantes são
representados pelas candidaturas do Ver. Toninho (PMDB), atual presidente da
Câmara e prefeito interino até a definição de outro titular (juntamente com o
ex-contador de Pé de Boto, Marcelo Corrêa/PR); da senhora Darlene Pantoja
(PSD), irmã e indicação da ex-prefeita Dilza Pantoja, juntamente com a Ver.
Dalva Amorim (PTB), na condição de candidata a vice-prefeita; e do
ex-vice-Prefeito Joca Pantoja (PPS), de 2001 a 2004, com o sr. Antoniel Miranda
(PDT), na condição de candidato a vice-prefeito (indicado pelo pastor da
Assembleia de Deus, Adoniel Sozinho).
O ódio ao PT e, logo a Lula/Dilma, pode
ser um dos principais elementos a interferir nesta conjuntura política municipal,
uma vez que a força do PSDB paraense, sob a mão do governador Simão Jatene (maior
apoiador da campanha de Darlene), só faz reforçar esse sentimento de que o PT
seria o mal do país, o elemento a ser banido da vida democrática nacional.
Banir o PT dos espaços de governo, sonho da mídia e de muitas estruturas
partidárias existentes no país, significaria reunir os três esforços ou polos
citados para combater a candidatura de Roberto Pina, pois uma possível
(re)eleição sua significaria manter, ou trazer de volta, o PT no comando
político. Nesse caso, os maiores esforços viriam da campanha de Darlene Pantoja,
pois é a que mais deve receber apoio da aliança paraense PSDB/PSD/DEM; é
amplamente conhecido na cidade que Darlene tem apoio do renomado advogado
tributarista Helenilson Pontes, ex-vice-governador do Pará e atual titular da
pasta da Educação, e de deputados, ex-deputados, um senador e outros
fortíssimos aliados.
Porém, a candidata não tem estrada e
precisa das mãos de Dilza Pantoja para chegar a uma possível eleição. Dilza já
apresentou aos eleitores, assim que ela mesma foi impedida de concorrer (depois
de 2012), a filha Nayara Pantoja, eleita vereadora e cassada um ano depois, e o
sr. Edir Corrêa, eleito vice-prefeito junto com Pé de Boto (DEM) e cassado
juntamente com ele, no final de 2014. Ambos foram eleitos pelo partido liderado
pela ex-prefeita, o PSD. Assim como Dilza atuou decisivamente na eleição de Pé
de Botou, decidiu os votos de Nayara e levou Edir à condição de vice-prefeito,
tudo isso em 2012, assim também poderia ser a grande responsável por uma
chegada de sua irmã ao Palacete Senador
Garcia.
Mas a campanha de Darlene divide a
estrutura eleitoral de Pé de Boto, já
que o chamado “grupo da Dilza” foi o principal aliado e ajudante de Boto na eleição de 2012; pessoas
experientes em contas eleitorais sabem que, sem a ajuda da estrutura e da força
eleitoral dilziana, o “homem do posto” jamais ganharia em 2012. Neste pleito de
2015, que é o mesmo de 2012 em certo sentido, uma parte dos votos que Boto tem serão remanejados para Darlene,
o que deve redimensionar a conta eleitoral do principal candidato de Pé de
Boto, que o Toninho “Peso Pesado” (PMDB).
Menos impactada por um ódio explícito ao
PT nacional, mas também em nada aliado a seus projetos, está a candidatura do
PPS, capitaneada pelo empresário Joca Pantoja; o partido é liderado por Arnaldo
Jordy, um dos políticos mais próximos de Jatene no Pará e deputado federal
muito combativo ao PT no Pará. Ex-vice-prefeito na segunda gestão de Mário Leão,
Joca Pantoja é homem de grande carisma popular e conta com muitos apoios de
seus pares: uma parte dos empresários mirienses (que ajudaram a derrotar Pina,
em 2012, e farão esforços para tentar derrotá-lo mais uma vez), além de
servidores públicos e da liderança da Assembleia de Deus (AD), pr. Adoniel
Sozinho.
Esse dado é um dos maiores agravantes da
atual conjuntura, por vários motivos. (i) De um lado, a entrada da AD na
disputa eleitoral, o que vem causar alguns desgastes dentro da maior igreja
evangélica miriense – o que já se fez acontecer com a liderança de Renildo
Farias, homem de forte aliança com a então prefeita Dilza Pantoja, o que fez a
igreja rachar e um grupo de religiosos se separar da mesma: tais lideranças
voltaram à igreja-mãe assim que o pr. Sozinho se instalou em Igarapé-Miri.
Analistas não têm dúvidas quanto ao desgaste que essa entrada de Sozinho na
disputa profana, não raro identificada com os jogos de corrupção e desvios de
recursos (a eleição), pode representar para essa igreja; mas esse dado está
dado. (ii) Depois, porque há informações que circulam no meio político que dão
conta de que o nome de Sozinho na disputa (o sr. Antoniel Miranda dos Santos)
não teria filiação ao PDT, nem a outro partido, e não poderia ser candidato,
pois a legislação eleitoral exige: filiação partidária, filiação a pelo menos
um ano até a data da eleição entre outras condições. Se isso vier a
inviabilizar a empreitada da coligação, a mesma deverá indicar outro nome: e a
carta na manga deverá seria o sr. Valdir Araújo Júnior, do PT do B, mas isso
levanta umas perguntas:
a)
Valdir está licenciado de cargos públicos para poder concorrer na eleição
suplementar de 2015? (Se não estiver, deletar as demais perguntas)
b)
O pr. Adoniel Sozinho abriria mão dessa vaga de vice, que é sua, dada a força
populacional que a AD tem em Igarapé-Miri, e deixaria que uma pessoa ligada a
outro grupo político viesse a assumir a condição de candidato, em lugar de
Miranda?
c)
Considerando que Sozinho indicou o nome do PDT, dirigido por outra pessoa (Dinho Aguiar), isto é, mandando em outra
“casa”, sendo que o pastor da AD seria o nome do PMN, de Raimundo Santos, ou do
PSC, de Zequinha Marinho, é possível acreditar que toda a sua força política
seria descartada em uma re-arrumação da campanha de Joca?
d)
O PT do B ficaria, em um caso ou em outro, somente esperando e torcendo por uma
vitória, para depois discutir o possível governo?
e)
Se o PT do B resolver bater na mesa, o que farão o PSC (do vice-governador
Zequinha Marinho) e o PMN, liderado pelo candidato de Sozinho, o sr. Raimundo
Santos?
São muitas as indagações e uma coisa
restou certa: esse polo está na oposição ao PT em Igarapé-Miri, pois o vice de
Jatene não tem muitos interesses em uma possível vitória de Pina, se é que me
fiz entender. A candidatura de Joca representa, grosso modo, uma posição
política que faz força contra o ex-prefeito petista e, ao mesmo tempo, divide
uma vez mais a estrutura eleitoral de Pé
de Boto, pois Antoniel Miranda é fiel aliado de Pé de Boto, ajudou o “homem do posto” a ganhar em 2012 e terá apoio
do mesmo, agora, para que Pina não possa (ou não pudesse) conseguir a eleição.
Seja Miranda nome da chapa ou ajudante de bastidores, Amaral não deixará de
interferir nesse processo.
O caso de Toninho Quaresma (chamado
desde 2012 de “Peso Pesado”/PMDB) não é menos complexo do que os dois acima
indicados. “Pesado” fechou aliança, na reta final do prazo permitido, com o PR,
que é liderado no Miri pelo ex-contador de Pé de Boto, Marcelo Corrêa, pessoa
bastante desconhecida dos eleitores de Igarapé-Miri, coisa muito diferente da
própria figura política de “Pesado”, que tem fortes influências na área de Vila
Maiauatá e adjacências, além de aliados de peso na cidade miriense. O atual
prefeito interino tem a visibilidade (e os desgastes, se houver) do prefeito de
Igarapé-Miri e vem fazendo um forte trabalho de mídia (jornais impressos e
internet, sobretudo) desde que assumiu, dia primeiro de janeiro de 2015. Ele
tem a força de quase todos os vereadores/as instalados, quase sempre, às
quartas na Câmara de Igarapé-Miri.
O principal aliado de “Pesado” é seu maior
adversário nesta campanha: Pé de Boto
(Ailson Santa Maria do Amaral). O homem mais poderoso de Igarapé-Miri e o mais
temido de todos já deu sinais de como pretende eleger Toninho (PMDB) prefeito:
no último dia 12/04/15 saíram informações de agressões de que Amaral teria cometido
agressões contra o candidato Roberto Pina e seus aliados, quando estes tentavam
andar pelas ruas de Vila Maiauatá para realizar compromissos de campanha. Sobre
isso, a campanha de Pina informou:
“A coligação Igarapé-Miri no rumo certo, que
tem como candidato a Prefeito Pina 13 e Carmozinha Vice, informa a todos os
seus eleitores e a sociedade de modo geral que neste domingo dia 12/04/2015 o
nosso candidato Pina13 ao cumprir juntamente com sua equipe compromisso de
campanha no distrito de Vila Maiauatá, por volta das 9:30h, na Rua Gil Braz,
foi abordado pelo ex-prefeito #PÉDEBOTO acompanhado do seu ex-secretário
#RUZO, que fizeram diversas ameaças: “ Pina tu já apanhou uma vez de mim e
agora vai apanhar do meu candidato TONINHO PESO PESADO”. E ainda mesmo com
várias pessoas ali presentes, #PEDEBOTO tentou intimidar e impedir a nossa
entrada na Vila de Maiauatá como se fossem os proprietários do local, ocasião
em que o Sr. Álvaro Amaral, conhecido por Videla, juntamente com outros
populares, interferiu e conteve a fúria do mesmo.
A coligação através de seus advogados já está
tomando as devidas providências para que se garanta a integridade de nossa
equipe e assegure a lisura do processo democrático.” (Fonte:
Facebook “Pina Prefeito 13”)
E o Gazeta Miriense noticiou, mais
tarde:
O GM noticiou o que já circulava desde ontem nas
redes sociais de Mirienses sobre uma suposta agressão sofrida por Pina e sua
equipe de campanha por parte do ex-prefeito Pé de Boto. E pelo jeito a coisa
vai mais adiante! Foi protocolado hoje uma denúncia do candidato Roberto Pina
(PT) ao Superintendente da Polícia Federal contra Pé de Boto (sem partido, já
que se anunciou que teria sido expulso do DEM).
Ou seja, há muita força eleitoral em
benefício de “Pesado”, mas a aliança do o ex-contador (Corrêa) e com o
prefeito-casso (Amaral) podem pesar contra o atual prefeito interino. O fato de
a maioria da Câmara estar apoiando o atual gestor também o ajuda e o prejudica:
primeiro, porque haveria muitos braços para ajudá-lo a capturar votos, e é
sabido que vereadores/as sempre têm umas dezenas de votos; segundo, porque a
atual composição de “nosso” legislativo é a mais desacreditada da história de
Igarapé-Miri: durante toda a destruição feita em Igarapé-Miri pelo “governo???” de Amaral não se ouviu um “ai”
que seja do Parlamento, exceção com os nomes de Melry/PT, Carmozinha/PV e
Josias Belo/PSC. Nesse caso, e com a circulação de informações nas redes
sociais, em alguns blogs (Folha de Igarapé-Miri, Gazeta Miriense e Poemeiro do Miri) e do jornal Tribuna Popular, em 2013 e 2014,
grande parte do povo miriense passou a dar mais atenção para a inoperância do
Parlamento Miriense. Enquanto as muitas violações de direitos humanos seguiam
em Igarapé-Miri, as pessoas que assistiam às Sessões da Câmara Municipal
percebiam um comodismo incompreensível na conduta de quase todos/as. Nesse
sentido, ter apoio da maioria dos vereadores pode ser um tiro no pé.
Já o caso de Roberto Pina parece ser tão
complexo quanto o de Pesado. Pina seria o “inimigo” (entenda-se adversário) comum a ser batido; por tudo
o que se falou acima acerca do anti-petismo, pelos desgastes sofridos pela
governante do Brasil (Dilma), em razão da grande impopularidade que ele mesmo
carrega, poios fez uma gestão muito técnica e focada em resultados, pela pequena
aceitação popular do nome de Vice na chapa (Carmozinha), pelas entradas na
campanha de Francisco Pantoja e do ex-vereador Fuxico (Vladmir Afonso-DEM). Se Fuxico
traz significativa força eleitoral (entenda-se que o ex-vice-prefeito também
traz os ex-vereadores Jhay (PSDB, depois PT) e Elivelto (PT), que estavam a muitos
quilômetros de distância da atual campanha petista!) e ajuda a diminuir a
rejeição aos nomes de Pina e Carmozinha (cada um a seu modo), é certo que causa
maior desgaste dentro do próprio PT, em razão do modo como conduziu a Câmara
Municipal (2013-14) e da relação com Pé
de Boto, outra vez agente político a impactar negativamente uma candidatura
em 2015: desta vez, a de Roberto Pina. Fuxico chega com a garra de um forte “caboco”
maiauataense, mas tem desgastes em virtude, acima de tudo, de sua forte aliança
com Boto (2012, 2013, 2014), haja
vista que foi um dos principais ajudantes na eleição do ex-prefeito, fato que
deu origem a esta Eleição de 2015: claro, Vladmir foi coadjuvante de Mário
Leão, Dilza Pantoja, Ítalo Mácola, entre outras grandes forças da política
eleitoral miriense. Se toda essa rede anti-Pina, jamais o “homem do posto”
teria chagado às peripécias às quais chegou.
Pina é o candidato de maior força no
cenário de Brasília, pois tem trânsito muito forte na Eletronorte e em muitos
ministérios; por exemplo, Ministério das Cidades, MEC, Ministério da Cultura e
Ministério da Saúde; e em todos os demais nos quais o Senador petista Paulo
Rocha tenha boas entradas. E foi Roberto Pina o gestor que revolucionou para
melhor a gestão em Igarapé-Miri: suas obras muitas físicas levaram seus
opositores, a partir de 2013, a dizerem ao povo miriense que “a grande obra é
cuidar do Povo”; sua rapidez técnica
deixou legados que até muito depois de 2012 serão lembrados: prédios de
secretarias municipais, orla da Marambaia, duas Creches do governo federal,
quadra poliesportiva em escolas, melhoras na remuneração de Profissionais do
Magistério, retirada de Igarapé-Miri do cadastro negativo do governo federal
(CAUC), para citar alguns.
Mas, contra Pina, acima de tudo pesa uma
coisa: o povo brasileiro não apoia a reeleição, salvo em raras exceções;
isso, em parte, levou o povo miriense a rejeitar Pina em benefício (sentido
literal) de Pé de Boto, em 2012; isso
pode ser seu maior empecilho agora em 2015. O povo miriense, cujas provas são
empiricamente colhidas nas beiras das ruas e das casas, em sua grande maioria
costuma se posicionar mais ou menos assim:
“Já demos uma chance pra Fulano, agora, vamos
apoiar a Fulana ou o Fulano”
Ainda bem que temos sua excelência, Teodoro: “Curuuuuuzeeesssss”.
Decididamente, deveríamos analisar as
condições de cada um(a), caso eleito(a) fosse, para governar Igarapé-Miri: as
suas condições técnicas, equipes que poderiam montar, com quais pessoas
influentes estão na campanha, seus
partidos políticos, (talvez até) o que já fizeram pelo município, entre outros
modos de se chegar a uma decisão.
Porque dessa decisão dependem nossas
vidas ou as nossas mortes, nos meses seguintes. É sabido que o “Maguila”, o “Prati”,
o “Ventinho”, o Jefferson, o “Maluco da Calça”, o Rodolfo, o “Dimarães” e
tantos outros não votarão em 2015; mesmo que tivessem mais de 14 anos.
O que queremos pra nós, depois do dia 17 de maio
de 2015? Isso é que é mais importante. Queremos escolas, creches,
salários mais ou menos pagos em dia, praças, sistemas de água, coleta de lixo,
atendimentos nas Casas de Saúde?
Queremos a Sesque recuperada ou destruída?
E agora, o que direi mais?
____________________
* Este texto não é um artigo acadêmico,
embora possa se parecer de alguma maneira, principalmente pela forma de
introduzir a questão, levantando-se indagações que pode(riam) vir a ser
respondidas. Trata-se, grosso modo, de uma forma particular de entender essa
questão, que perpassa pela maneira majoritariamente parcial adotada pela grande
mídia para se dirigir ao governo federal e ao PT e reflete uma maneira de
entender nossa conjuntura miriense, depois de 1992, sobretudo o que implica em
pensar nos modos de governar instalados em Igarapé-Miri nesses mais de vinte
anos. Israel Fonseca Araújo é professor, Licenciado Pleno em Letras
(UFPA) e Especialista na mesma área (UEPA); está na conclusão do curso de
Mestrado Acadêmico em Letras (PPGL/UFPA), no qual investiga o funcionamento de
uma prática discursiva midiática que tematiza a ação política feminina em
Igarapé-Miri (2004-2008), com apoio teórico na análise do discurso de linha
francesa. E-mail: poemeiro@hotmail.com
Disponível
em http://editoraglobo.globo.com/empresas_grupo.htm
(acesso em 10 de nov 2014).
“O escândalo do mensalão foi a
crise de maior repercussão do primeiro mandato do governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. O estopim da crise ocorreu em maio de 2005,
quando um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, foi flagrado recebendo
propina de empresários. Apadrinhado do então deputado federal Roberto Jefferson
(PTB), Marinho passou a ser alvo de investigações. E Jefferson foi acusado
de fazer parte do esquema de corrupção dos Correios. (...) Jefferson concedeu
uma entrevista em junho de 2005 denunciando a compra de votos dos
parlamentares no Congresso Nacional. O esquema consistia em pagar
regularmente aos deputados aliados com uma quantia em dinheiro – de acordo com
Jefferson, R$ 30 mil por mês – para que eles aprovassem as matérias em
tramitação no Congresso que fossem a favor do governo Lula.” (ANA PAULA GALLI. Entenda o escândalo do mensalão.
Relembre o início do escândalo, seus desdobramentos e os envolvidos. Disponível in: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG78680-6009,00-ENTENDA+O+ESCANDALOBR+DO+MENSALAO.html
(acesso: 12/04/2015).