A BALADA DE EDUARDO
CAMPOS
(Fonte: https://www.facebook.com/pt.brasil/photos/a.106208242798893.13150.105821366170914/556552651097781/?type=1;
acesso em 18/08/2014)
Por um momento, desses que enchem os incautos de certezas, o governador Eduardo
Campos, de Pernambuco, achou que era, enfim, o escolhido.
Beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou,
desde o governo Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua
perspectiva de poder em desespero eleitoral, no fim do ano passado.
Estimulado pelos cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se
apresentar como candidato a presidente da República – sem projeto, sem conteúdo
e, agora se sabe, sem compostura política.
O velho Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, faz bem em já não estar
entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto.
E não se trata sequer da questão ideológica, já que a travessia da
esquerda para a direita é uma espécie de doença infantil entre certa categoria
de políticos brasileiros, um sarampo do oportunismo nacional. Não é isso.
Ao descartar a aliança com o PT e vender a alma à oposição em troca de
uma probabilidade distante – a de ser presidente da República –, Campos rifou
não apenas sua credibilidade política, mas se mostrou, antes de tudo, um tolo.
Acreditou na mesma mídia que, até então, o tratava como um playboy
mimado pelo “lulo-petismo”, essa expressão também infantilóide criada sob
encomenda nas redações da imprensa brasileira.
Em meio ao entusiasmo, Campos foi levado a colocar dentro de seu ninho
pernambucano o ovo da serpente chamado Marina Silva, este fenômeno da política
nacional que, curiosamente, despreza a política fazendo o que de pior se faz em
política: praticando o adesismo puro e simples.
Vaidosa e certa, como Campos, de que é a escolhida, Marina virou uma
pedra no sapato do governador de Pernambuco, do PSB e da triste mídia
reacionária que em torno da dupla pensou em montar uma cidadela.
Como até os tubarões de Boa Viagem sabem que o objetivo de Marina é se
viabilizar como cabeça da chapa presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz
que o governador esteja pensando com frequência na enrascada em que se meteu.
Eduardo Campos é o resultado de uma série de medidas que incluem a
disposição de Lula em levar para Pernambuco a Refinaria Abreu e Lima, em
parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais de 50 anos. Sem falar nas
obras da transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina. Ou do Estaleiro
Atlântico Sul, fonte de empregos e prestígio que Campos usou tão bem em suas
estratégias eleitorais
Pernambuco recebeu 30 bilhões de reais do Programa de Aceleração do
Crescimento, o PAC, do qual a presidenta Dilma Rousseff foi a principal
idealizadora e gestora.
O estado também ganhou sete escolas técnicas federais, além de cinco
campi da Universidade Federal Rural construídos para melhorar a vida do
estudante do interior.
Eduardo Campos cresceu, politicamente, graças à expansão de programas
como Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni e Sisu. Sem
falar no Pronasci, que contribuiu para a diminuição da criminalidade no estado,
por muito tempo um dos mais violentos do País.
Campos poderia ser grato a tudo isso e, mais à frente, com maturidade e
honestidade política, tornar-se o sucessor de um projeto político voltado para
o coletivo, e não para o próprio umbigo.
Arrisca-se, agora, a ser lembrado por ter mantido entre seus quadros um
secretário de Segurança Pública, Wilson Damázio, que defendeu estupradores com
o argumento de que as meninas pobres do Recife, obrigadas a fazer sexo oral com
marginais da Polícia Militar, assim agiam por não resistirem ao charme da
farda.
“Quem conhece Damázio, sabe que ele não tem esses valores”, lamentou
Eduardo Campos.
Quem achava que conhecia o governador do PSB, ao que tudo indica, ainda
vai ter muito o que lamentar.
(Grifos meus)
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