Concurso público pede comprovante de virgindade em
São Paulo
Fonte: Pragmatismo Político
Em São Paulo,
concurso exige exame de virgindade. Ativistas dizem que a medida é aviltante e
que no Estado mais rico e desenvolvido da Federação “vivemos em plena Idade
Média”
Para preencher um dos requisitos
do concurso público da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE-SP),
as candidatas selecionadas neste ano tiveram que comprovar, por meio de um
atestado médico, que não tiveram seu hímen rompido, ou seja, eram virgens.
A denúncia parte de uma das candidatas selecionadas
pelo concurso, aberto em 2012, para o cargo de Agente de Organização Escolar.
“Na hora em que fui a um consultório para me submeter à análise ginecológica,
entrei em pânico. Foi constrangedor explicar para a médica que precisava de um
atestado de virgindade para poder assumir uma vaga em um concurso", disse
a candidata - que por privacidade não teve o nome revelado -, em entrevista concedida ao portal
Último Segundo.
Em nota, o movimento Católicas pelo Direito de Decidir considerou
a medida aviltante, afirmando que vivemos em plena Idade Média “no estado mais
rico e ‘desenvolvido’ da Federação – entre muitas aspas, especialmente para a
população feminina”.
“A submissão de
legislador@s e executiv@s a normas e doutrinas religiosas por cálculo eleitoral
é por demais conhecida nossa. O problema é que, além de violar direitos
constitucionais de cidadãos e cidadãs que não tem qualquer referência religiosa
e não desejam ter suas vidas reguladas por tais normas, essa submissão afeta de
forma direta a vida das mulheres e da população LGBT, na medida em que
políticas públicas destinadas a tod@s @s cidadãs e cidadãos do país são
implementadas ou não, conforme se tenha a aprovação desses setores”, critica a
nota.
O concurso
Depois de passar pelas provas
regulares, a candidata foi chamada para a realização dos exames médicos de
admissão, quando foi surpreendida com um comunicado emitido pela Coordenadoria
de Gestão de Recursos Humanos da SEE e pelo Departamento de Perícias Médicas do
Estado (DPME), que dava detalhes sobre testes ginecológicos requeridos às
candidatas mulheres.
O comunicado informa que mulheres
que"não possuem vida sexual ativa, deverão apresentar declaração de seu
médico ginecologista assistente". Dessa forma, com a comprovação de
virgindade, estariam isentas da realização dos exames ginecológicos intrusivos,
de acordo com confirmação do próprio DPME.
A justificativa para a realização
dos exames é que servem para atestar a saúde dos futuros funcionários públicos.
No entanto, segundo Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), trata-se de uma
violação.
"Atestado de
virgindade? Por favor! Estamos em pleno século XXI. Querem evitar candidatas
doentes? A verdade é que elas entram com saúde e é a falta de condições da rede
que as deixam doentes", disse.
(Fim da matéria)
E vcs, o que pensam disso?
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