Maioria dos líderes
do partido defende confirmação da vice como candidata; representante da Rede
diz que grupo respeitará acertos
O grupo majoritário
do PSB defende a confirmação de Marina Silva como nome do partido ao Palácio do
Planalto após a trágica morte de Eduardo Campos em um desastre aéreo ocorrido
anteontem em Santos, no litoral paulista. Os dirigentes e líderes da legenda,
no entanto, querem em troca garantias da candidata a vice. Pedem, por exemplo,
que ela não ataque as alianças políticas estaduais costuradas pela cúpula.
Marina é contra
acertos do PSB com os tucanos, por exemplo, em São Paulo e no Paraná, por
considerá-los um obstáculo ao discurso da "nova política", usado por
ela e adotado por Campos. A pedido do companheiro de chapa, ela havia parado de
fazer críticas públicas às alianças. Mas não vinha participando de eventos ao
lado de Campos nesses Estados-problema.
O temor dos líderes
é de que, com a morte do ex-governador, a ex-ministra do Meio Ambiente volte à
carga contra os acordos. Só após obter as garantias da aliada - que se filiou
ao PSB em outubro do ano passado após não conseguir registro da Rede Sustentabilidade
na Justiça Eleitoral -, é que ela deverá ser confirmada candidata.
Na Rede, que,
apesar de não ter sido registrada oficialmente, tenta se organizar como uma
estrutura autônoma dentro do PSB, a promessa é de que tudo o que foi acordado
antes será respeitado. "Houve muita colaboração e harmonia entre o PSB e a
Rede desde outubro do ano passado. Aprovamos o que foi feito pelo PSB. Vamos
manter o programa e tudo o que já foi decidido", afirmou ontem Pedro Ivo,
um dos coordenadores da campanha de Marina e o responsável pelos acordos nos
Estados.
O tempo é outra
preocupação dos líderes do PSB. Para que qualquer acordo seja fechado, Marina
tem de mostrar, antes, que está disposta a levar adiante o projeto. A
ex-ministra está reclusa em seu apartamento em São Paulo. Não quer falar de
política num momento trágico como esse.
Pela lei eleitoral,
o partido tem dez dias para definir o substituto de Campos. Os programas de TV
dos candidatos, porém, começam na terça que vem. "O (prazo) legal são dez
dias, e o (prazo) político nós temos que ter a consciência que o guia eleitoral
(propaganda) começa no dia 19", disse ontem o governador de Pernambuco,
João Lyra Neto (PSB).
Nota. Oficialmente, o
PSB afirma que somente discutirá a escolha do substituto de Campos após o sepultamento
do ex-governador - há previsão de que isso ocorra até o fim de semana, mas tudo
depende dos trabalhos de identificação dos restos mortais das sete pessoas que
estavam no jatinho que caiu em Santos.
Em nota assinada
por Roberto Amaral, que assumiu a presidência do PSB com a morte de Campos, o
partido disse que "tomará, quando julgar oportuno e ao seu exclusivo
critério, as decisões pertinentes à condução do processo
político-eleitoral". Ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Amaral é o principal foco de resistência ao apoio a Marina.
A ala majoritária
da legenda, porém, vê na ex-ministra uma maneira de não "sumir" na
campanha presidencial, o que poderia prejudicar, por exemplo, a eleição de
parlamentares. "Tenho certeza de que pela relação que Eduardo e Marina
construíram nos últimos meses ele quer que ela seja candidata", disse
Júlio Delgado, do grupo majoritário.
Em 2010, quando
disputou o Planalto pelo PV, ela obteve 19,33% dos votos e acabou na terceira
colocação. Nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, Campos variava de
8% a 9%.
Aliados. Os outros quatro
partidos que integram a coalizão formada em torno do ex-governador de
Pernambuco (PHS, PRP, PPL e PSL) também defendem seu nome.
O presidente do
aliado PPS, deputado Roberto Freire (SP), disse considerar natural que Marina
assuma o lugar de Campos. Mas, para ele, fundamental é a manutenção do projeto
lançado pelo ex-governador. "Quero frisar que o mais importante não são os
candidatos, mas a continuidade do projeto de Eduardo Campos para o País",
disse Freire, para quem o PSB precisa ter candidato sob o risco de a eleição
ser decidida no 1.º turno a favor da presidente Dilma Rousseff.
COLABORARAM ERICH DECAT, ISADORA PERON, PEDRO
VENCESLAU, VALMAR HUPSEL FILHO e MATEUS COUTINHO
(grifos meus)
Fonte:
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/eleicoes/story.aspx?cp-documentid=264821806
(acesso em 15/08/2014)
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