quarta-feira, 27 de agosto de 2014

SOBRE O DEBATE NA BAND: SOBRE ESTRATÉGIAS DE CANDIDATOS E "MERITOCRACIA" DE AÉCIO NEVES (PSDB)


 prof. Israel Fonseca Araújo

Alguns detalhes colhidos do primeiro debate televisionado entre Candidatos e Candidatas, realizado ontem (26/08), na TV Bandeirante. Ainda se pode dizer muito, mas isso já mostra um panorama...


1 - Aécio Neves (PSDB) bateu em Marina (ela deve deixá-lo de molho por mais 4 anos): o mineiro insinuou que Marina é “incoerente”, pois teria se recusado a apoiar Serra (2010), mas agora ela diz que irá governar com “os melhores quadros” do (PSDB (incluiria José Serra), do PMDB (quem, mesmo?) e do PT (seria Eduardo Suplicy, pelo que percebi); (está aí um problema dos maiores para a vida da "coerente" Marina Silva: depois de sair do PT, ficar um pouco no PV, não conseguir registrar a "sua Rede", agora ela está (por conveniência eleitoral) no PSB. Porém, se se tornar Presidente(a), NÃO PODERÁ DEIXAR O PSB (onde ele está até fins destas Eleições) e voltar para a "Rede". Durma com esses dramas, senhora Marina. Cruz Credo.)

2 - Marina Silva (PSB) diz que o Brasil vai “escalar uma nova seleção” e tirar pessoas do “banco de reserva” e levá-las aos primeiros escalões; es

3 - Marina foi “atacada” por ter em sua equipe pessoas que TERIAM SONEGADO muito milhões de reais (dono do Itaú, na compra do Unibanco, p. ex.) e ainda assim ela diz (dizem seus adversários) que vai implantar a “nova política”;

4 - Aécio insistiu em dizer que não consegue aceitar que Tancredo Neves, Miguel Arraes e Ulisses Guimarães sejam da “velha” política;

5 - Eduardo Jorge (PV) disse que o Brasil precisa mudar a legislação que trata de aborto, pois muitas mulheres (segundo ele, em torno de 700 mil e 800 mil), a cada ano, são colocadas na condição de criminosas por fazerem abortos clandestinos (depois engravidarem de estupradores etc.); esse candidato diz que essa lei deve ser alterada para proteger essas mulheres;

6 – Eduardo Jorge queria a adesão de Aécio para essa causa (eles devem ser aliados, num segundo turno, junto de Marina Silva), mas o mineiro disse que prefere manter uma “posição pessoal” nessa questão e defende que a legislação seja mantida (agora, deve reunir pastores e mais pastores e pedir apoio, pedir votos, pois dizer isso num debate não ganha eleição). Aécio quer votos de evangélicos e certas alas católicas anti-Dilma, onde ele não é bem recebido pela imagem de play boy que carrega e de “mulherengo”; (a Rede Globo fez uma minissérie para apresentá-lo ao povo como Presidente, o “Brado Retumbante”, lembram? Viram como o ator foi escolhido a dedo, um sósia de Aécio?)

7 – Dilma foi batida por Aécio, Marina, Pr. Everaldo, Luciana Genro (Psol) e Levy Fidélix, claro, isso é praxe nos debates televisivos, pois quem está no poder sempre apanha mais (sobretudo se estiver na frente, nas sondagens de votos); mas bateu em Marina e Aécio, outra questão óbvia, pois são esses dois que poderão ganhar o Planalto;

8 - Luciana Genro (Psol) quase não pôde falar, pois não lhe perguntaram quase nada; ela não teve como contribuir com o Debate (debates são costurados pelas emissoras proponentes, que têm seus interesses, e pelos articuladores das Campanhas; acabam se tornando uma linda arquitetura teatral, cinematográfica): uma pena, pois a ex-deputada petista é estudante e tem muita condição de contribuir com os debates;

9 – O mais relevante, pra mim, em termos de Políticas Públicas foram duas falas de Aécio Neves: a) uma sobre os Professores/as de Minas Gerais, quando esse ex-governador mineiro disse que a melhor educação no Ensino Fundamental do país era a de Minas, fruto de seu trabalho como uma “excelente equipe” (ele diz que governaria com “os melhores”), graças a uma política que se debruça sobre metas e desempenho dos profissionais do estado (todas as áreas, claro, mas ele enfatizou a Educação). Marina disse que ele, Aécio, esqueceu os Professores/as do Vale do Jequitinhonha; Aécio sorriu, meio amarelo (a mídia e as redes sociais têm mostrado a realidade dos trabalhadores/as da Educação em Minas, suas penúrias, assim como se dá em São Paulo e onde mais o PSDB governe); aí ele disse que essa é uma área “muito querida”, lá de Minas; b) a outra questão é correlata desta e se refere à MERITOCRACIA (tucanos não falam esse nome, dizer “valorização”, “desempenho”, “premiação” etc.).

Diz Aécio que os professores de Minas Gerais (ele não fala nos outros trabalhadores/as da Educação, pois acha que uma escola se faz com professores e mais nada!) apresentaram ótimos resultados, justamente trabalhando nas áreas mais carentes (periferias, creio eu); afirmou (isto é sério, mas é cômico também) que os Professores que atingiam a meta era premiados (gravem isso) com um DÉCIMO QUARTO SALÁRIO, ao final do ano (((((lembram das lutas em nosso estado do Pará, por melhores condições de trabalho e salariais; por incorporação de vantagens (que nos acompanham por toda a vida profissional) e nosso combate aos ABONOS DE FINS DE ANO?????)))). Pois é, essa é a estratégia de Aécio Neves para a nossa Valorização: dar abonos, aos finais dos anos, com grandes palanques eleitorais montados, os docentes aplaudindo o chefe de Estado, nos jornais e nas redes sociais e votando nele, de novo, pois “deu abono”. Depois, na Aposentadoria... Pois é, somente as pessoas que conseguissem, por seus méritos, atingir as “metas” estipuladas ganhariam esse Décimo Quarto Salário, no final do ano (conversem com bancários sobre essa política de “metas” e vejam o que eles têm a dizer, sem gravadores ligados, sobre a atitude dos respectivos patrões).

Aécio sonha, mais acho que vai continuar sonhando, com um estado mínimo (cada vez menos comprometido com as políticas públicas), no qual ele, presidente, seja o empregador, o cara que “assina a carteira” dos Servidores Públicos e, quando quiser, os manda embora. Ele estipularia “metas”, definidas por pessoas como Paulo Renato Souza (com os devidos respeitos a este), em bons gabinetes, e mandaria via Correios para as escolas; em seguida, assessores de deputados estaduais e federais aliados definiam os “dirigentes” das Escolas, e IES’s (Instituições de Ensino Superior), que seriam as pessoas que averiguariam se estávamos ou não cumprindo essas “metas”: quem não as atingisse, levaria cacetadas públicas.

Agora, façam uma continha comigo: um Professor(a) que ganhasse, nos municípios, Remuneração (renda bruta, sem contar os descontos diversos) de R$ 2.600,00 para uma jornada de 40h/s (duzentas horas/mês, sem pagamento de hora-atividade, para não tornar os docentes meros “vagabundos”, como dizem esses caras) seguiria pelos 12 meses do ano sem valorização, sem aumentos etc.; ao final do ano, se ela atingisse a “meta”, seria bonificada com mais um salário de R$ 2.600,00. Se ela não atingisse a “meta”....

Não seria melhor discutir com os sindicatos quais formas de valorização seria a mais adequada?; não seria melhor olhar para o PNE, Plano Nacional de Educação, e tentar cumprir suas metas, que inclui Valorização dos Trabalhadores/as da Educação e melhorias na infraestrutura?; não seria melhor cuidar da Remuneração percebida em todos os meses e oferecer boas condições de trabalho para todos TODOS/AS os educadores e não, apenas, para alguns????


Precisamos de “Meritocracia” para diminuir nossa condição de trabalhadores/as de uma área tão relevante para o País? Precisamos nos bater reciprocamente, para conseguir os "bônus" de finais de ano, disputados a unhas e dentes em nossas escolas e/ou Universidades?

Ora, seu Aécio, vá curtir suas noites quentes, nas madrugadas do Rio de Janeiro, aproveitando suas estruturas de mandato de Senador - pagas por mim e por outros brasileiros/as; deixe os educadores/as em paz. O sr. tem direito de fazer o que bem entender de sua vida afetiva, religiosa, conjugal, profissional etc., mas não pode querem destruir as nossas.

É só um ponto de vista sobre essa realidade.

Digo e digo mais.

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