quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

POEMEIRO ENTREVISTA PATRICH DEPAILLER MORAES, SOBRE A I MOSTRA DA CULTURA MIRIENSE



Durante a realização da citada I Mostra da Cultura Miriense, o Poemeiro do Miri ouviu o professor e músico Patrich Depailler e indiagou o Mestre Patrich sobre o evento, cultura,  política cultural e projeções para 2015. O retorno foi dado via e-mail. Segue:



 (Prof. M.Sc. Patrich Depailler; arquivo pessoal do Facebook)


Patrich Depailler Ferreira Moraes: Mestre em ARTES pelo ICA/UFPa. Professor do Instituto FEDERAL do Pará-Campus Abaetetuba (IFPa). Especialista em Ensino das Artes na Educação Básica e em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Licenciado Pleno em Educação Artística - Hab. em Música (UFPa). Músico profissional há 15 anos com alguns CDs e DVDs gravados.

Poemeiro do Miri. Neste final de ano de 2014, Igarapé-Miri foi contemplado com três importantes eventos culturais, que reúnem diversos projetos: Dia do Músico (novembro), V Encontro das Cobras Grandes do Jatuíra e Ponta Negra e I Mostra da Cultura Miriense, todas essas iniciativas vindas da sociedade organizada.
Sobre a I Mostra, como surge a ideia de realização da mesma e quais seus principais objetivos?
Patrich Depailler: Em primeiro lugar, nós artistas andamos muito descontentes com a política cultural de nosso Município. Não temos e não tivemos um artista, como Secretário de Cultura, e isso dificulta muito as ações Culturais em nossa terra. Entendo que alguém envolvido em manifestações culturais, estaria mais preocupado em desenvolver eventos que valorizasse seus pares. Nossos principais eventos viram uma enorme festa utilizada “pelos que estão lá” para se beneficiarem financeiramente.
Depois, nossos artistas e as pessoas que produzem algum tipo de manifestação, não tem lugar, palco, evento, ou coisa do tipo para mostrarem sua produção. Logo, o objetivo principal dessa mostra, era proporcionar um palco para essas pessoas e fazer com que o povo em geral pudesse apreciar essa produção e quem sabe, demonstrasse um interesse em ingressar em um movimento artístico qualquer, seja na dança, na música, na poesia, na literatura, ou mesmo até nos esportes, como foi o skate que foi parceiro na mostra.
Poemeiro do Miri. Como o sr. avalia a participação da sociedade miriense no Evento: atendeu as expectativas, superou...?
Patrich Depailler: Bem, acredito que conseguimos levar o povo de volta a praça, mesmo com o estado de violência que vivemos, conseguimos que muita gente comparecesse nos três dias. Nosso povo está carente de diversão, de entretenimento, de um espaço de confraternização, logo aproveitam, meio que de sua forma, os momentos oferecidos.
Poemeiro do Miri. Em sua avaliação, qual o maior legado deixado por essa I Mostra da Cultura Miriense, o que poderia, inclusive, dar novos rumos ao projeto?

Patrich Depailler: A vontade dos artistas continuarem produzindo na esperança que outros eventos como esse aconteçam. O reconhecimento que tiveram aqueles que por lá apareceram trás motivação, esperança que as coisas podem melhorar.
Poemeiro do Miri. Pudemos observar que um significativo número de grupos/artistas confirmou presença (foi divulgado em redes sociais), mas não se apresentou ao grande público. Isso de alguma maneira frustrou a organização? Essa constatação motiva uma revisão quanto a aspecto(s) a considerar, que precise(m) de aprimoramentos para as próximas edições?
Patrich Depailler: Na verdade a divulgação de alguns nomes eram desejos nossos. Trazer o Zeca Bomba e os músicos que participavam da Banda Os Magnatas do som, era possível, e era desejo apresentar para os que não tiveram a oportunidade de ver essa banda era de fundamental importância, porém como não tínhamos recursos financeiros, ficou complicado abraçarem o projeto de uma forma “profissional”.
Quanto a uma próxima edição o trabalho já começou, estamos recolhendo assinaturas para solidificar a associação Cultural Miriense e buscar recursos nos editais de Cultura. Ai sim, teremos a tranquilidade para oferecer uma gratificação a quem se apresentará no evento.
Poemeiro do Miri. Artistas religiosos de igrejas católicas e evangélicas prestigiaram a I Mostra e parecem ter abraçado a causa. Como o sr. avalia essa adesão?
Patrich Depailler: Esses artistas ainda tem muita dificuldade de se apresentar em seus círculos religiosos. Existem igrejas evangélicas que tem mais de uma banda. A igreja católica tem uma Banda em cada comunidade, então as apresentações são muito restritas, tocam um domingo (por exemplo) e esperam mais três para se apresentarem de novo, e geralmente nesses espaços o público é o mesmo. Sendo assim vislumbraram a possibilidade e a oportunidade  de mostrar seu trabalho para um grande público, além do mais tínhamos uma grande estrutura de sol e luz, e isso lhe dá prazer em querer mostrar seu talento.
Poemeiro do Miri. Professor Patrich, faça suas considerações finais sobre a I Mostra.
Patrich Depailler: Temos muitos bons artistas, e temos muito potencial. Nossos munícipes gostam de produzir arte. Pra que eu pudesse ser um artista, alguém me levou com 12 anos na casa da professora Eurídice para participar da Pastorinha, e desde lá não parei mais. Nossos jovens estão sem oportunidade de se envolverem com as Artes, e muito disso é culpa de nossos administradores, eles, principalmente os que se sentam na Secretaria de Cultura, não conseguem ofertar algo de valor essencialmente cultural para nosso povo, e isso faz com que esses meninos estejam no mundo das drogas, e depois ninguém sabe por que eles estão assaltando nossa família por ai. Alguém precisa apresentar as artes para nossos filhos, mas não só para eles, para nós também.
O grupo que se reuniu e pensou nessa mostra - Zé Luiz, Prof. Patrich, Luiz Otávio, Prof. Valdir Jr., Prof. Cristiano – são pessoas que cansaram de criticar governo e ficar com os braços cruzados esperando que algo acontecesse. A hora foi de todo mundo ir a luta e fazer acontecer.
Espero que essa tenha sido uma semente plantada no Município, e que outros também abracem essa causa, e que outros Pinducas, Rubens, Manoeis Machados, Ruis, Pantojas, outras Ionetes, Eurídices, Benocas, Consolas surjam e façam nossa cidade mudar de rumo, pois do jeito que vamos, chegaremos a lugares obscuros, tendo sempre que enterram um de nossos familiares.

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