Muito comentado, repercutido e lamentado este lamentável fato. A imprensa e o povo estão de olho.
(Diário do Pará - diarioonline)
“Estávamos com tudo preparado para festejar a
aprovação dele no vestibular, comida, bebida. Ele convidou os amigos e a
família que mora em Belém. A festa ia ser no domingo (anteontem). Quando foi
sexta-feira, já quase à noite, ligaram da Uepa, perguntaram quem era o José
Roberto, e só disseram para ele consultar o site que tinha ‘novidade’. Não
deram explicação nenhuma. Como uma instituição de nome dá uma notícia assim? É
um tremendo desrespeito com a comunidade”, afirma a servidora pública Raquel
Rodrigues Amaral, madrasta de José Roberto Ramos Costa, 17 anos, mais um
candidato que viu seu nome ser retirado do listão dos aprovados no Processo
Seletivo 2015 da Universidade do Estado do Pará.
Cotista, José Roberto Ramos Costa concluiu o ensino médio na
rede pública de ensino de Soure e estava fazendo o Programa de Ingresso Seriado
da Uepa (Prise).
O estudante foi anunciado como aprovado no curso de
Licenciatura em Ciências Naturais – Química, no campus de Salvaterra. A priori,
o candidato foi classificado na 14ª posição. Entretanto, a Uepa informou que
houve um erro e que, na verdade, o candidato era o 15º, sendo que o curso
oferece apenas 14 vagas.
“Ele tinha acabado de terminar o ensino médio e logo passou,
então ele ficou muito feliz. Fomos ao campus de Salvaterra e nos informaram que
o reitor e os demais estavam em Belém tentando resolver a situação, porque não
foi só ele. A mãe do meu esposo passou mal quando soube que ele não tinha sido
aprovado. Ele está muito triste e todo mundo ficou revoltado. Se ele não
tivesse passado, ele já estava se preparando para fazer cursinho. Mas quando
soube que passou, aqui é cidade pequena, veio todo mundo cumprimentar, ele
colocou no Facebook, WhatsApp”, disse Raquel.
A família de José Roberto, assim como aconteceu com o
candidato Willian Lima Mendes, acionou a advogada Sue Ellen Gurjão Lyra para
entrar com um processo contra Uepa.
“O nosso principal objetivo é que a Justiça garanta que ele
seja matriculado, pois a matrícula começa no dia 22. Assim, ele pode ser
matriculado para que depois a instituição venha e demonstre que espécie de erro
foi esse”.
De acordo com documento apresentado pela Uepa ao advogado do
candidato Willian Lima Mendes, 27, pelo menos seis, um em Moju, um em
Salvaterra e quatro na capital, estão na mesma situação.
“O documento diz que faltou a atualização de dados de seis
candidatos, o que gerou uma ordem incorreta na classificação. O Willian está
entrando com um documento pedindo o seu afastamento do trabalho por falta de
condições. Ele está se sentindo pressionado, pois os próprios colegas militares
começaram a cobrar e a família quer uma explicação”, disse o advogado Augusto
Barata.
Após requerer uma explicação à universidade, o advogado diz
que a Uepa apresentou uma explicação vaga para o que ocorreu. “Eles nos
responderam em um requerimento administrativo, só que eles simplesmente alegam,
sem provar nada, que a candidata aprovada no lugar dele ficou com 97,5 pontos.
Só que isso não é suficiente. A gente precisa olhar a redação, as provas, os
cartões-resposta e também a grade de correção, além do registro de falha no
sistema.
Isso tudo tem que ser provado. Estamos colhendo elementos
para entrar com a ação. Inicialmente, vamos pedir que seja preservado o direito
à matrícula e na mesma ação, a indenização por dano moral e material”, afirma o
advogado.
RELEMBRE
O primeiro caso de possível falha identificada no Processo
Seletivo 2015 da Uepa veio à tona quando foi denunciado que Bruna Karla Barata
Cancela foi aprovada por meio do sistema de cotas, em Medicina, por ser
bolsista integral da escola onde concluiu seu ensino médio, mesmo sendo filha
de sócios do Sistema de Ensino Equipe.
Sobre o caso, a Uepa informou que “a opção pela condição de
cotista foi feita pelo candidato no ato da solicitação de inscrição e deverá
ser confirmada no ato da matrícula com a apresentação de documentos
comprobatórios”.
Sobre os casos de Willian e José Roberto, a Uepa disse que
“durante o processo de inscrição, a homologação de seis inscrições ocorreu de
forma não automatizada no sistema, em razão do acatamento de pedidos
administrativos e judicial.
No ato do cadastramento desses candidatos, os dados numéricos
de identificação foram inseridos de forma incompleta, causando um ordenamento
incorreto de suas classificações no resultado final.
Tão logo constatado o erro técnico, a Uepa procedeu a
reclassificação desses candidatos, tornando público um comunicado do ocorrido
em seu sítio oficial”.
Por fim, a Uepa reitera que “todos os procedimentos adotados
foram tomados em respeito aos princípios da meritocracia e da legalidade,
zelando ao final pela transparência e justiça de suas decisões”.
(Diário do Pará)
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