sábado, 31 de janeiro de 2015

FIES: EXIGÊNCIAS GERAM POSICIONAMENTOS DIVERGENTES

Mínimo do Fies agora será de 450 pontos no Enem
(Diário online)


O Ministério da Educação (MEC) publicou em dezembro de 2014, no Diário Oficial da União (DOU), as portarias normativas de números 21, 22 e 23 que alteram os dispositivos de diversas portarias que dispõem sobre o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), destinado à concessão de financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos superiores presenciais não gratuitos e com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC.

A medida causou a insatisfação das instituições de ensino superior, em todo o país, que participam do programa do governo federal, uma vez que não concordam com a maior parte das mudanças. Por exemplo, antes o aluno só precisava ter se submetido ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Agora, é exigido que o aluno tire a nota mínima de 450 pontos e não zere a prova de redação do Enem.Além disso, o MEC proíbe ainda que o aluno utilize simultaneamente bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni) e o financiamento com recursos do Fies para fazer cursos diferentes. A complementação das bolsas parciais no mesmo curso e na mesma instituição continua sendo permitida.

De acordo com a portaria de nº 21, para fins de regularização o estudante tem a opção de encerrar o financiamento do Fies, caso opte pela bolsa do ProUni ou encerrar a bolsa do ProUni, caso opte por contratar ou renovar o Fies.A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) recorreu à Justiça contra as alterações e deve protocolar na próxima semana pelo menos três ações com intuito de barrar as modificações.

“O novo modelo de Fies reduz a oferta ao programa nas instituições de ensino superior. O MEC exige a nota mínima de 450 pontos no Enem, sendo que a média de nota dos alunos das escolas públicas é de 380, penalizando as pessoas que não têm garantido um bom ensino”, disse a presidente da Fenep, Amabile Pacios.

Outros pontos também estão sendo questionados pela Fenep como a falta de isonomia das empresas e a diminuição de repasse do Fies às instituições de ensino superior privadas com um número menor de parcelas. “Quando existem empresas que exercem a mesma função econômica o tratamento deve ser igual, porém o MEC está diferenciando o tratamento entre as empresas que têm mais de 20 mil contratações do Fies com as quem têm menos de 20 mil. Isso é considerado quebra de isonomia e calote às empresas que prestam serviço educacional no país”, afirma Amabile. 


REDUÇÃO

Entidades ligadas à educação defendem nota mínima para obter empréstimo pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A medida foi estipulada no final do ano passado, na gestão do ex-ministro da Educação, Henrique Paim, e causou polêmica principalmente no setor privado de ensino superior. Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, as medidas geram empréstimos mais qualificados.

“É um critério mais objetivo. Sabemos que boa parte da qualidade de uma universidade é dada pelo aluno. Alunos com mais qualidade tem um melhor desempenho”, diz. Ele acrescentou a decisão “gerou um impacto no mercado, mas o mercado não pode ter a expectativa de que o governo vá arcar com a expansão das instituições privadas. O governo deve arcar, prioritariamente, com a expansão das instituições públicas”. 


VERBA MAIOR

Apesar da redução de repasses às instituições e da contenção de gastos de todo o governo, para 2015 estão autorizados R$ 12,389 bilhões para o Fies, segundo a Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados. Valor superior aos R$ 12,049 bilhões pagos em 2014 e aos R$ 813 milhões pagos em 2010, quando o Fies foi reformulado.


Desde então, o Fies acumula 1,9 milhão de contratos registrados e abrange mais de 1,6 mil instituições.

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