Israel Fonseca
Araújo (Professor e Professor)
("Professor Raimundo", personagem de Chico Anysio, caricatura que denunciava a desvalorização salarial de docentes)
Calma, gente amiga. Quem disse isso não foi, e jamais poderia ter sido, eu. Não seria eu pois eu não estaria aqui “conversando” com vocês caso professoras e professores não tivessem me ajudado a aprender a ler (depois da minha mãe, claro); a escrever os pequenos e pouco aprofundados textos. Mas me ajudaram. Depois vieram as pessoas que deram continuidade a essa formação, como poderia destacar os/as queridos/as Joana Rita Aguiar (que me fez ler o primeiro livro, na escola), a Mônica Pinheiro, a Crisálida, o Adamor Barbosa, a Amélia Corrêa, a Izete Gonçalves, Ana Lygia Cunha, Marcos Dantas, Benilton Cruz, Renilda Bastos, Thomas Massao, Fátima Pessoa, Myrian Cunha, Socorro Araújo (a primeira) – e por aí vai. O certo é que elas, depois de mamãe, me deixaram aqui.
(Professor Israel Araújo, editor deste Blog, e Professora Silvany Santa Costa, durante ação na Escola Enedina Sampaio Melo, em Igarapé-Miri/PA)
Jamais eu poderia e/ou seria capaz de
dizer isso (que professores são “vagabundos”), porque sei o quão é importante
esse trabalho técnico, profissional e político que professores e professoras
fazem mundo afora. Pensem comigo: sem esse trabalho, como nos defenderíamos dos
opressores/as, já que não haveria advogados no mundo?
Sem esse trabalho, que nada tem de “missão”,
“dom” ou coisa parecida, como seriam curadas nossas doenças, agudas e/ou
crônicas?, como os partos seriam feitos, e as cirurgias?, como a sociedade
arrumaria os juízes, promotores, delegados e investigadores de polícia? E os
auditores fiscais, que realizam tão importante ação profissional? E a formação
de líderes religiosos, seria possível?
E os profissionais de nível técnico, que
auxiliam médicos e demais profissionais, sem eles, como a saúde do Brasil
estaria? O que mais indagar e “conversar” com vocês?
Vejam, eu jamais diria isso; e não diria
isso sobretudo porque acredito (mas acredito o que não quer dizer “faço de
conta que acredito”) que esses profissionais que realizam a educação nas
escolas e/ou fora delas são dos mais importantes para o bom funcionamento da
sociedade. Sem essas pessoas, como sobreviveria a sociedade? Como lutaríamos
por justiça?
Na minha opinião, professores e
professoras merecem uma maior valorização, em todas as partes do Brasil, mas em
especial em Igarapé-Miri. Aqui, entre 2006 e 2012 tivemos avanços nessa área,
sobretudo entre 2009 e 2012. Isso é comprovável, há fatos que provam isso,
inclusive dados sobre renda média dos professores/as e técnicos, até o ano de
2012. De 2013 até hoje, as perdas financeiras são pequenas, mas as conquistas
são quase invisíveis.
Foi em setembro de 2013 que um “agente”
público disse (em rádio da cidade) que os professores/as de Igarapé-Miri são
uns “vagabundos”, que não querem trabalhar, porque estava começando uma Greve
na educação de Igarapé-Miri, coordenada e apoiada pelo Sintepp.
As principais motivações dessa Greve
(durou menos de 20 dias) eram: desconto do valor devido ao INSS, nos
contracheques dos trabalhadores(as), sem repasse ao próprio INSS; ausência prolongada
de alimentação escolar (Merenda) nas escolas municipais; reajuste salarial; implantação
de Eleição Direta para direção das escolas municipais; criação de Plano de
Cargos, Carreira e Salários (PCCR) para trabalhadores de apoio (ainda não têm
carreira garantida em lei); cortes nas jornadas de trabalho, especificamente
sobre alguns docentes ligados ao Sintepp (para citar somente alguns).
Mesmo assim, com essa fundamentação
toda, professores e professoras de Igarapé-Miri foram chamados de “vagabundos”
(talvez uma forma de copiar da ação de FHC, que chamou aposentados de “vagabundos”,
quando ele era presidente do Brasil). Depois disso, ação do governo “De mãos dadas
com o povo”, na justiça, visando tornar ilegal a Greve, se referiu aos
trabalhadores/as de Educação atuantes em Igarapé-Miri de “ínfimo grupo político
ligado ao ex-prefeito” de Igarapé-Miri; pessoas que faziam (dizia o governo) “piquetes
violentos” na porta das escolas, para impedir que outros professores dessem
aula. A justiça concedeu ação desfavorável a esse governo municipal.
Ora, não seria melhor valorizar esses
trabalhadores/as da Educação municipal e colher como frutos o reconhecimento dos
mesmos?
Tem gestor que prefere isso a ficar
marcado na história como inimigo dos educadores(as).
Felicidades pra nós, professores e
professoras deste país.
Tenho dito e digo mais ainda.
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