terça-feira, 14 de outubro de 2014

PROFESSORES(AS) DE IGARAPÉ-MIRI SÃO CHAMADOS DE “VAGABUNDOS”: PENSEM SOBRE NISSO


Israel Fonseca Araújo (Professor e Professor)



("Professor Raimundo", personagem de Chico Anysio, caricatura que denunciava a desvalorização salarial de docentes)


Calma, gente amiga. Quem disse isso não foi, e jamais poderia ter sido, eu. Não seria eu pois eu não estaria aqui “conversando” com vocês caso professoras e professores não tivessem me ajudado a aprender a ler (depois da minha mãe, claro); a escrever os pequenos e pouco aprofundados textos. Mas me ajudaram. Depois vieram as pessoas que deram continuidade a essa formação, como poderia destacar os/as queridos/as Joana Rita Aguiar (que me fez ler o primeiro livro, na escola), a Mônica Pinheiro, a Crisálida, o Adamor Barbosa, a Amélia Corrêa, a Izete Gonçalves, Ana Lygia Cunha, Marcos Dantas, Benilton Cruz, Renilda Bastos, Thomas Massao, Fátima Pessoa, Myrian Cunha, Socorro Araújo (a primeira) – e por aí vai. O certo é que elas, depois de mamãe, me deixaram aqui.


(Professor Israel Araújo, editor deste Blog, e Professora Silvany Santa Costa, durante ação na Escola Enedina Sampaio Melo, em Igarapé-Miri/PA)


Jamais eu poderia e/ou seria capaz de dizer isso (que professores são “vagabundos”), porque sei o quão é importante esse trabalho técnico, profissional e político que professores e professoras fazem mundo afora. Pensem comigo: sem esse trabalho, como nos defenderíamos dos opressores/as, já que não haveria advogados no mundo?

Sem esse trabalho, que nada tem de “missão”, “dom” ou coisa parecida, como seriam curadas nossas doenças, agudas e/ou crônicas?, como os partos seriam feitos, e as cirurgias?, como a sociedade arrumaria os juízes, promotores, delegados e investigadores de polícia? E os auditores fiscais, que realizam tão importante ação profissional? E a formação de líderes religiosos, seria possível?

E os profissionais de nível técnico, que auxiliam médicos e demais profissionais, sem eles, como a saúde do Brasil estaria? O que mais indagar e “conversar” com vocês?

Vejam, eu jamais diria isso; e não diria isso sobretudo porque acredito (mas acredito o que não quer dizer “faço de conta que acredito”) que esses profissionais que realizam a educação nas escolas e/ou fora delas são dos mais importantes para o bom funcionamento da sociedade. Sem essas pessoas, como sobreviveria a sociedade? Como lutaríamos por justiça?

Na minha opinião, professores e professoras merecem uma maior valorização, em todas as partes do Brasil, mas em especial em Igarapé-Miri. Aqui, entre 2006 e 2012 tivemos avanços nessa área, sobretudo entre 2009 e 2012. Isso é comprovável, há fatos que provam isso, inclusive dados sobre renda média dos professores/as e técnicos, até o ano de 2012. De 2013 até hoje, as perdas financeiras são pequenas, mas as conquistas são quase invisíveis.

Foi em setembro de 2013 que um “agente” público disse (em rádio da cidade) que os professores/as de Igarapé-Miri são uns “vagabundos”, que não querem trabalhar, porque estava começando uma Greve na educação de Igarapé-Miri, coordenada e apoiada pelo Sintepp.

As principais motivações dessa Greve (durou menos de 20 dias) eram: desconto do valor devido ao INSS, nos contracheques dos trabalhadores(as), sem repasse ao próprio INSS; ausência prolongada de alimentação escolar (Merenda) nas escolas municipais; reajuste salarial; implantação de Eleição Direta para direção das escolas municipais; criação de Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCR) para trabalhadores de apoio (ainda não têm carreira garantida em lei); cortes nas jornadas de trabalho, especificamente sobre alguns docentes ligados ao Sintepp (para citar somente alguns).

Mesmo assim, com essa fundamentação toda, professores e professoras de Igarapé-Miri foram chamados de “vagabundos” (talvez uma forma de copiar da ação de FHC, que chamou aposentados de “vagabundos”, quando ele era presidente do Brasil). Depois disso, ação do governo “De mãos dadas com o povo”, na justiça, visando tornar ilegal a Greve, se referiu aos trabalhadores/as de Educação atuantes em Igarapé-Miri de “ínfimo grupo político ligado ao ex-prefeito” de Igarapé-Miri; pessoas que faziam (dizia o governo) “piquetes violentos” na porta das escolas, para impedir que outros professores dessem aula. A justiça concedeu ação desfavorável a esse governo municipal.

Ora, não seria melhor valorizar esses trabalhadores/as da Educação municipal e colher como frutos o reconhecimento dos mesmos?

Tem gestor que prefere isso a ficar marcado na história como inimigo dos educadores(as).

Felicidades pra nós, professores e professoras deste país.

Tenho dito e digo mais ainda.



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