sexta-feira, 24 de outubro de 2014

SOBRE O PATROCÍNIO DA IGNORÂNCIA


Israel Araújo (Professor e Professor)




A ignorância pra mim em nada se confunde com estupidez, grosseria. Ignorar é não conhecer. Portanto, eu sou ignorante (parcial e/ou totalmente) em vários assuntos, pois não conheço muita coisa, não sei falar sobre várias problemáticas que constituem nossa vida em comunidade.
Portanto, não comungo da definição em (3), a seguir:

Ignorância (s.f.): (1) estado daquele que ignora algo, que não está a par da existência de alguma coisa; (2) estado daquele que não tem conhecimento, cultura, em virtude da falta de estudo, experiência ou prática (Ex.: <i. musical> <i. histórica>); (3) atitude grosseira; grosseria, incivilidade (Houaiss virtual – grifos meus).

Digo isso por causa disto: nestes tempos de eleições (isto é, captura de votos) eu tenho visto muitas publicações que trazem informações, geralmente até então desconhecidas, sobre personalidades da política partidária (candidatos a governo e/ou a presidência da República, p. ex.). Além de muitas informações sobre o sr. Ailson do Amaral, em publicações do blog Gazeta Miriense (o maior e melhor deste município), em outros blogs, sites, portais de notícias do Pará e jornais impressos; informações que era, no geral, desconhecidas do grande público. Caso o prefeito(a) de Igarapé-Miri fosse outra pessoa, as informações também teriam de circular.

Claro que isso não se dá apenas em tempos eleitorais, nós sabemos.

De outro lado, assistimos a uma verdadeira operação “Esconde-Esconde”, para que pessoas não tomem conhecimento de tais fatos, ou supostos fatos, e não venham a mudar de opinião em relação a esses políticos. Ou seja, que pessoas continuem a IGNORAR fatos, dados; que continuem sem saber de coisas que elas, por serem pessoas humanas, deveriam saber. Assim diz a Constituição Federal do Brasil (1988):


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
(...)
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; (grifei)
(...)
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
(...)
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; (grifei)

O que temos contra as liberdades de expressão?

O que, contra a prerrogativa das pessoas de poderem se manter informadas?

Quem deve ser o “beneficiado” pela cegueira alheia?

Defensores/as de um prefeito ou vereador(a), governador(a)... deveriam ajudar Outrem a obter informações importantes e/ou indispensáveis para ter vida digna: não é por ela que trabalhamos, que lutamos diariamente?

O que significam os “ataques” aos quais certos políticos se referem? Ou, com mais calma: quando se pergunta sobre a conduta humana de gestores e demais personalidades públicas que querem nos governar, nos “representar” nos parlamentos, o que seria “ataque”? Ataque corresponderia ao fato de “A” revelar aos outros/as o que “B” pode ser (ou verdadeiramente o é), mas não seria possível sem essa atitude de “A”?

1 – Dizer que Aécio Neves agrediu ex-namoradas é “atacá-lo”? Dizer que Aécio perseguiu jornalistas, blogueiros e congêneres, em Minas, é “atacá-lo”? Dizer que ele pode estar envolvido com desvio de recursos e outros crimes contra a Administração Pública é “atacá-lo”? Dizer que Aécio persegue sindicato de professores/as, em Minas, “atacá-lo”?
2 – Dizer que Jader Barbalho é processado devido sua atuação na SUDAM, se ele responde a processos, é “atacá-lo”?
3 – Dizer que Simão Jatene está envolvido em gigantescos escândalos (pois essas ações ferem a Moralidade (art. 37 – CF 1988, caput): caso Cerpasa, caso Detran-PA com Santa Cruz de Cuiarana, programa Cheque-Moradia 2014, uso de postos de combustíveis de filho e parentes para abastecer viaturas oficiais etc.  é “atacá-lo”?.
4 – Dizer que Jatene mandou prender professores/as e técnicos, na Seduc-PA, em 2013, sem que os mesmos pudessem receber água e comida, e pode ter determinado a seus auxiliares que mandassem os PMs agredir trabalhadores(as) da Educação Pública é “atacá-lo”?
5 – Dizer que Paulo Rocha e Seffer enfrentaram processos na Câmara Federal e na Alepa (respectivamente) é “atacá-los”?

O que significa ter direito de acessar as informações, neste país?

Por que, em Igarapé-Miri, não se pode falar sobre os processos das personalidades públicas? (Se elas não quisessem ser criticadas, que ficassem vivendo sempre suas vidas privadas; mesmo assim, poderiam ser avaliadas socialmente).

Digo e digo mais ainda.







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